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Prof. Moacir Poconé: mais novo cidadão da cidade ternura
15 de novembro de 2015 - 17:54, por Alexandre Fontes
A entrevista da semana é com professor, jurista, micro empresário, pai de duas meninas, esposo da Elisângela Poconé e cidadão lagartense Moacir Lopes Poconé Neto, ou simplesmente Moacir Poconé.
Durante a entrevista, o professor contou um pouco da sua história pessoal, como também da história do famoso quadro “Não tenha medo do português”, além das suas alegrias e aproveitou o ensejo para deixar uma mensagem especial para toda a sociedade lagartense.
Lagarto Notícias: Quem é Moacir Poconé?
Moacir Poconé: Pai de duas filhas; esposo; professor, principalmente; escrivão no campo jurídico; flamenguista doente; amante das letras, dos livros e do cinema também e que gosta muito da conversa com os amigos, de estar com os amigos debatendo assuntos da atualidade e que gosta muito de morar em Lagarto.
LN: Como foi a mudança do Município de Canavieiras para Lagarto? Demorou para se adaptar? Fez muitos amigos?
Moacir Poconé: Na verdade essa mudança de Canavieiras pra Lagarto, eu era muito jovem, muito jovem mesmo, coisa de três anos de idade. Meu pai era funcionário do Banco de Brasil, [ele] havia passado no concurso e acabou indo morar em Canavieiras por isso, então eu tenho poucas lembranças de Canavieiras que logo com três/quatro anos já vim residir aqui em Lagarto, nesse período de três/quatro anos de idade até os 16 anos de idade. Foi o primeiro período que eu residi aqui com os meus pais, até quando ele resolve morar, por conta de aposentadoria e também dos meus estudos, eu estava no segundo ano do ensino médio e minha irmã iria iniciar o ensino médio, então para os nossos estudos ele achou melhor que residíssemos em Aracaju. Na verdade, a minha dificuldade foi a mudança de Lagarto para Aracaju.
LN: O jovem Poconé traz consigo diversas e grandes aprovações em vestibulares e concursos, qual o segredo para tamanhas vitórias?
Moacir Poconé: Muito obrigado pelo jovem [risadas]. Eu acredito que seja um trabalho bem realizado, um trabalho com responsabilidade, um trabalho de acompanhamento juntos aos jovens. Eu não quero ser apenas um professor de sala de aula que transmite apenas informações, só transmite. É preciso ter esse relacionamento com o aluno, entender o que ele está precisando, muitas vezes a ter uma conversa fora da sala de aula, uma necessidade que o aluno tenha em aprofundar algum conhecimento, algum tópico. Então nesse assunto, algumas pessoas me perguntam por que eu não me dedico a faculdades, na verdade meu gosto mesmo é ver a realização dos jovens passando em concursos e, principalmente, passando em vestibulares porque eu já trabalho com isso tem uns 20 anos, com curso pré-vestibular, e a grande alegria é quando encontramos jovens já formados, graduados, mestres e que tudo começou lá nas nossas aulas de português, é claro que português é uma disciplina apenas e faz parte de outras tantas, mas sem dúvida é uma das que mais pesão junto com a redação, que muitos pesam ser o bicho Papão.
LN: O senhor é um amante das letras, como surgiu essa paixão?
Moacir Poconé: Na verdade, minha mãe gostava muito de ler, ela sempre gostou muito de ler, eu via minha mãe lendo em casa romances e livros de Ágata Christie, que é uma escritora de livros policiais e de suspense, e desde cedo ela me ensinou, eu via minha mãe lendo e isso me chamava atenção, como também, no próprio colégio aqui de Lagarto, o Centro Educacional Nossa Senhora da Salete havia professores que também incentivam muito a leitura. Então sempre gostei de ler, não só romance, não só livros de ficção, mas também para buscar informação porque eu sempre fui uma pessoa bastante curiosa, de procurar entender como funcionam as coisas.
LN: Mesmo apaixonado pela língua portuguesa, o senhor cursou Direito, por quê?
Moacir Poconé: Na verdade eu fiz Direito primeiro, eu fiz o vestibular pra Direito primeiro, muita gente acha estranho porque eu fiz Direito e depois Letras. Na verdade o curso de Direito eu fiz primeiro por uma questão de segurança profissional e também financeira, infelizmente a gente sabe que no Brasil o professor ele não é valorizado, hoje em dia, de certa forma, já houve uma melhoria, mas cerca de 25 anos atrás o reconhecimento era muito menor. Então por uma questão de segurança profissional e financeira, a verdade é essa, fiz direito com 17 anos de idade e fui aprovado no vestibular da [Universidade] Federal, mas já fiz Direito com a intenção de depois retornar aos bancos acadêmicos com a intenção de fazer o curso de Letras porque se fosse por gosto, realmente, eu já teria feito Letras que é a minha grande paixão.
LN: Logo após ser aprovado no concurso do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, o senhor decidiu cursar Letras, como foram as primeiras experiências como docente? Ficou tenso?
Moacir Poconé: Eu quando passei no concurso do Tribunal de Justiça em 1996, eu fui trabalhar, inicialmente, na cidade de Salgado, então eu trabalhei oito anos lá como escrivão de Salgado na Comarca de Itaporanga. Logo em 1997/98 eu coloquei um curso pré-vestibular chamado CPV, Curso Preparatório para Vestibular e hoje encontro pessoas em Salgado que me falam da mudança que causou na cidade de pessoas que não conseguiram a aprovação na federal e conseguiram depois do nosso curso, e esse curso funcionou em Salgado e Itaporanga por alguns anos. Então as minhas primeiras experiências como professor, já foram como professor de curso pré-vestibular na cidade de Salgado, nesse curso que era nosso e ele funcionou por um tempo, depois acabou não funcionando mais porque as pessoas começaram a passar em outras faculdades particulares, já não tinham aquele interesse na Universidade Federal de Sergipe e depois quando voltei trabalhar em Lagarto como escrivão, comecei a trabalhar no curso Autêntico, em seguida no CJAV que por sinal trabalho lá até hoje, quase 10 anos que trabalho lá, como professor de Literatura, Português e Redação, no Exclusivo Ensino e esse ano tive a grande felicidade de colocar o nosso próprio curso, o Mega Curso que é o curso preparatório, principalmente, para o ENEM e também para alguns concursos públicos.
LN: O senhor esperava ficar tão famoso com a repercussão do quadro “Não tenha medo do português”?
Moacir Poconé: Sinceramente, eu não esperava essa fama, como as pessoas dizem, com o quadro. O Aloísio Andrade, que é o Prefeitinho, ele entrou em contato comigo através do Facebook dizendo que, eu não o conhecia pessoalmente, ele tinha vontade de colocar na rádio dele um quadro semelhante ao que se ver em algumas rádios com professores comentando sobre dicas de português, com dicas do dia a dia. E alguém, que até hoje eu não sei quem foi, disse a ele que eu era a pessoa ideal pra fazer isso, porque nas nossas aulas, os alunos até comentam a respeito, as nossas aulas de português eu tento fazer de uma forma que não fique algo cansativo, a gente sabe que o português é cheio de regras, mas eu sempre procurei nas nossas aulas conversar com os alunos de uma maneira que ele não ache aquilo cansativo, trazendo curiosidades. Então alguém comentou com Aloísio Andrade que eu seria a pessoa ideal para o quadro “Não tenha medo do português”, com dicas do dia a dia, com assuntos as vezes simples, tanto na parte da escrita como na pronuncia, e ai foi um sucesso, felizmente, o que mostra que as pessoas não somente que as pessoas gostaram do quadro; como também o alcance que o rádio tem hoje. A Rádio Juventude Fm com a audiência que possui, as nossas vinhetas passam de hora em hora e mostra que o português ele pode ser uma curiosidade, a pessoa pode ouvir aquilo, muitas vezes perceber o que fala e ouvi no dia a dia, e ela procura modificar isso. Então a grande alegria é quando a gente está andando pela rua e, já fui reconhecido várias vezes, o pessoal fala: “você é aquele professor do rádio”, “o professor do programa Não tenha medo do Português”, então a grande alegria é de ser reconhecido por isso, por outro lado há uma outra visão que as pessoas têm ao chegarem pra conversar comigo achando que tem que falar corretamente, que tem que tomar cuidado com isso e na verdade não precisa se preocupar porque na linguagem falada esses cuidados todos não são necessários. Então, infelizmente, o professor de português ainda é visto como um Mago, aquela pessoa que detém um conhecimento misterioso, mágico, espero que um dia isso seja visto como uma coisa natural.
LN: Nesta semana o senhor recebeu o título de Cidadão Lagartense, qual o sentimento, ou como o senhor descreve esse momento em que se tornou um cidadão reconhecidamente Papa Jaca?
Moacir Poconé: Foi um momento de grande alegria porque vivo aqui, moro aqui, tenho amigos há mais de 40 anos, moro aqui, somando os dois períodos, há mais de 25 anos e o curioso é que muita gente achava que eu era lagartense, o que me deixa a crer que as minhas raízes, as minhas origens e também a minha personalidade mesmo, vem da cidade de Lagarto. Então pra mim foi um grande reconhecimento da sociedade, através da indicação do vereador Cláudio, um grande reconhecimento que eu não posso negar, fiquei muito alegre e muito honrado por isso, de fazer parte de uma cidade que tem tantos filhos ilustres, pessoas reconhecidas em nível nacional e poder ter recebido esse título, acredito, como foi na solenidade de entrega, com muitas referências ao fato de eu ser professor e do nosso alcance em relação a comunidade lagartense. Então fiquei mais feliz ainda de ter recebido o título e quero pensar que principalmente pelo fato dos ensinamentos, da transmissão do conhecimento serem o principal motivo desse prêmio.
LN: Qual a maior alegria da sua vida?
Moacir Poconé: Sem dúvida, o nascimento das minhas filhas Sofia que semana que vem fará 13 anos, e Cecília que em janeiro faz três anos. Sem dúvida alguma as maiores alegrias da minha vida são as minhas filhas.
LN: Qual a mensagem que você gostaria de deixar para o povo de Lagarto?
Moacir Poconé: A mensagem que deixo ao povo lagartense é: Que ele se dedique aos estudos. Gostaria na verdade de direcionar não só ao povo, mas ao jovem lagartense que precisa valorizar mais o estudo, a informação, o conhecimento, a gente fala o jovem é claro que alguém de mais idade pode estudar, mas é na juventude que está o futuro da cidade e da nossa sociedade. Então a mentalidade do povo lagartense, ela tem mudado e a gente quer que mude mais ainda, precisamos de uma sociedade mais crítica, mais intelectualizada, de uma sociedade mais preparada para o novo milênio. Então é preciso que Lagarto, que já se mostra como uma cidade prospera, em pleno desenvolvimento, uma cidade universitária hoje em dia, mas é preciso que a juventude perceba isso e busque através da cultura e da educação, se atualizar, se posicionar junto a própria cidade. Não podemos ter uma cidade próspera e uma sociedade atrasada, uma sociedade arcaica, infelizmente ainda vemos alguns acontecimentos na nossa cidade que parecem coisas provincianas e não é mais tempo pra isso, isso é sinal de atraso e o atraso não é o que já existe, é o atraso que se continuarmos pensando dessa forma ele vai se perpetuar, então é preciso quebrar isso através da cultura, da educação e da informação o jovem e a sociedade se modernizem.