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Comunidade do Ilê Axé Oya Abassá em Simão Dias é inserida no projeto Dom Távora
18 de maio de 2017 - 08:55, por Marcos Peris
A comunidade do terreiro da Associação Religiosa Ilê Axé Oya Abassá será a primeira a ser inserida no projeto Dom Távora, através do Sistema Agroecológico Integrado, que visa prestigiar os costumes e tradições dos povos de Matriz Africana.
A inserção foi discutida em reunião realizada na terça-feira (16), no povoado Caraíba de Cima, em Simão Dias, pelo coordenador de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Coppir) da Secretaria de Estado da Inclusão Social, Eudes Carvalho.
Na reunião, o secretário de Estado da Agricultura, Esmeraldo Leal, explicou o Dom Távora e disse que vê com otimismo a inclusão das Comunidades Tradicionais de Matriz Africana no projeto.
“Temos a obrigação de deixar bem clara a ideia de grupo para a realização de projetos dessa natureza. Não pode existir individualização. O senso de cooperação tem que prevalecer”, afirmou.
Para o presidente do Fórum de Religiões de Matriz Africana, Irivan de Assis, a experiência no Recôncavo Baiano foi a sua fonte de inspiração na idealização do projeto.
“Lá o Projeto chamava-se ‘Terra Preta’. Aqui, adequamos à nossa realidade e transformamos em ‘Onilê’ – que na língua Yorubá significa ‘dona da terra’. Já há algum tempo a gente busca parcerias para ajudar os povos de Religião de Matriz Africana. Agora, a gente encontra o governo com o firme propósito de ajudar essas comunidades que estavam esquecidas pelo poder público. Nosso objetivo é visitar todo o estado e incluir vários terreiros nesse projeto”, afirma.
O coordenador de Igualdade Racial da Seidh, Eudes Carvalho, disse às mais de 150 pessoas presentes que essa é uma grande oportunidade para a população do povoado Caraíba. “Estamos cumprindo a nossa missão institucional enquanto governo. Nosso propósito é articular políticas públicas para as comunidades carentes, mantendo as suas tradições. Estamos trazendo um projeto de desenvolvimento sustentável inédito em Sergipe, através dos investimentos que o Estado possibilita. E estamos iniciando aqui, neste povoado, neste terreiro. O objetivo é que vocês, em cooperativa, possam criar seus animais, desenvolver sua agricultura, passando a ter uma qualidade de vida digna nas áreas de alimentação, moradia e educação”.
Eudes explicou que os terreiros foram escolhidos para receber o projeto pela forte presença da religião africana nas comunidades, exercendo grande influência na cultura e costumes.
“Através da Seagri e Emdagro, os beneficiários irão receber assessoria técnica para instalação, desenvolvimento e manutenção de uma tecnologia social baseada em práticas agrícolas sustentáveis. Dessa forma, será possível contribuir para a geração de emprego e renda, inclusão social e acesso aos direitos da cidadania”, garantiu.
Para o Babalorixá Aristeu, líder da comunidade, é motivo de orgulho firmar uma parceria em benefício da sua população. “Quero agradecer a Eudes e Irivan, que nos procuraram, viram a nossa necessidade e organizaram tudo para que esse evento acontecesse. A presença do Estado nessa comunidade vai nos ajudar bastante na melhoria da nossa autoestima. Ainda existe muito preconceito com as religiões de Matriz Africana”, finalizou.
Dom Távora
Através de uma parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), o Governo do Estado possibilita a pequenos produtores rurais de 15 municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), apoio financeiro e suporte técnico para desenvolver negócios em áreas como criação de animais, produção de artesanato e turismo rural. O projeto Dom Távora tem como meta beneficiar cerca de 10 mil famílias de agricultores sergipanos, atingindo aproximadamente 40 mil pessoas. O investimento total é de US$ 28,6 milhões, sendo US$ 16 financiados pelo Fida e US$ 12,6 pelo Estado.