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Fórum estadual de secretários municipais de agricultura debate sobre desafios e políticas públicas para o campo sergipano
30 de janeiro de 2017 - 08:55, por Alexandre Fontes
Nos últimos dois anos a Seagri vem apoiando e participando da realização de fóruns regionais da Agricultura, por territórios sergipanos, mas essa é a primeira vez, em Sergipe, que se realiza um encontro estadual com secretários municipais da Agricultura. Com o início da gestão em vários municípios, a secretaria sentiu a necessidade de passar para os novos gestores informações sobre os programas e projetos realizados pelo Estado por meio da Seagri e de suas empresas de assistência técnica e recursos hídricos.
Das 74 cidades do interior sergipano, 37 enviaram titulares da pasta, outras estiveram representadas por assessores ou técnicos. “Essa é uma representação significativa, visto que muitos municípios, com os prefeitos recém-empossados, ainda não nomearam seus secretários e outros sequer têm uma secretaria específica para agricultura e pesca”, disse o secretário de Estado, Esmeraldo Leal dos Santos.
“Estamos dando o peso ou o valor que a agricultura merece, pois grande parte da riqueza gerada em nosso estado vem da agropecuária. Um setor que sustenta a economia de muitos municípios sergipanos e regiões, a exemplo das cidades que vivem da produção do arroz no Baixo São Francisco, do milho e do leite no Alto-Sertão, da laranja e outros citros no Sul sergipano, este inclusive é o principal produto de exportação na balança comercial do estado. Ou seja, temos uma agropecuária forte e que merece respeito”, assegurou Esmeraldo. Ele garantiu ainda que o encontro serve também para demonstrar este potencial, melhorar a autoestima dos gestores municipais e compartilhar responsabilidades.
O grande potencial da agropecuária foi enfatizado também pelo presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de Sergipe (AEASE), Fernando Andrade. Segundo ele “a agricultura é responsável por 33% do PIB nacional e 40% de todos os empregos gerados no país e em Sergipe não é diferente. A agricultura é uma atividade estratégica porque não só gera divisas e renda, emprego, mas acima de tudo fixa o produtor no campo produzindo para a população das cidades. Afinal, o que seria das cidades sem o produtor do campo?” Andrade acrescenta que o fórum serve para tirar lições, uma delas é fazer planejamento das ações para minimizar os problemas.
Desafios
Os desafios mais comuns apresentados pelos secretários municipais estão voltados para a falta de orçamento para agricultura e o longo período de seca que passa o estado e seus desdobramentos. “Todos os esforços do Estado e dos municípios parecem ser insuficientes diante da crise hídrica, 90% das ligações que recebo é pedindo água, disse o secretário Dejalci, de Nossa Senhora da Glória. Muitos demonstraram preocupação e até impotência diante dos problemas. “Visitei um assentamento no último domingo e vi sete vaquinhas morrendo de fome e o produtor desesperado sem saber o que fazer”, relatou o secretário José Brito da cidade de Gararu demonstrando o cenário de dificuldade. Outros temas que desafiam as gestões municipais estão voltados para a praga da mosca negra, o fortalecimento da cadeia produtiva da pesca e contratação de concurso público para as empresas estatais de assistência ao campo.
Ações do Estado
O secretário Esmeraldo Leal relacionou mais de vinte ações que atualmente estão sendo levadas ao campo pelo Governo do Estado, por meio da Seagri, Emdagro e Cohidro. Ações que minimizam os efeitos da seca como perfuração de poços, limpeza de barragens, modernização dos perímetros, Garantia Safra; ações de desenvolvimento como regularização fundiária, acesso à terra, assistência técnica, defesa animal e vegetal, investimentos em atividades produtivas ou negócios rurais pelo Projeto Dom Távora, distribuição de sementes e mecanização agrícola, entre outros. “Temos todas estas ações e estamos empenhados em buscar mais. O próprio governador Jackson Barreto tem ido ao Governo Federal pleitear mais recursos para abastecimento e alimentação animal porque sabe da realidade, disse.
“Devemos aprofunda as relações e manter um diálogo permanente entre o Estado e os municípios para encontrarmos saídas conjuntas” acrescentou Esmeraldo. Para isso ele colocou à disposição dos gestores municipais uma relação com nomes e contatos dos principais setores, programas e projetos da secretaria e das empresas estatais.
Emdagro
O presidente da Emdagro, Jefferson Feitosa, destacou o quanto é importante e estratégica a ação do órgão para o setor agropecuário sergipano. A empresa pública atua há 55 anos nas áreas de assistência técnica, extensão rural, pesquisa, defesa agropecuária e ações fundiárias. São 130 mil agricultores familiares assistidos em uma estrutura espalhada polo interior com 34 escritórios municipais, 4 regionais, 3 unidades móveis de fiscalização, 2 Parques de Exposição, 2 Centros de Formação e Tecnologia, 2 Estações Experimentais, 1 Laboratório de Zoosanidade Animal, 1 Laboratório de classificação de produtos de origem vegetal e 1 Campo de produção de mudas.
“A Emdagro carrega com orgulho conquistas como a certificação estadual com área livre de febre aftosa, certificação Internacional de livre de Peste Suína Clássica sem vacinação”, disse Jeferson, acrescentando que, além disso, a empresa dá um importante suporte no desenvolvimento do programa de governo Mão Amiga, sob a coordenação da Secretaria de Estado da Inclusão e do Desenvolvimento Social, e do Projeto Dom Távora, sob a coordenação da Seagri.
Na oportunidade, Jefferson se comprometeu em visitar todas as secretarias municipais de agricultura, juntamente com a equipe dos escritórios locais dos respectivos municípios, a fim de traçarem com os gestores das pastas as estratégias necessárias para o desenvolvimento da agricultura local.
Cohidro
“Muitos conhecem a Cohidro apenas como empresa de perfuração de poços artesianos, mas essa é apenas uma das atividades importantes que vem desenvolvendo ao longo dos 35 anos de existência e serviços prestados ao estado. O órgão administra seis perímetros irrigados. Mesmo nesse momento de seca é responsável por manter Sergipe com uma das cestas básicas mais baratas do Nordeste por conta do trabalho subsidiado aos pequenos e médios produtores rurais fornecendo água dos perímetros para os agricultores de forma sustentável”, expressou o presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Soares Filho.
Felizola exemplificou que a maior parte da produção do Perímetro Irrigado Califórnia, de Canindé de São Francisco, vai para a Ceasa da Salvador-BA. Outros polos irrigados da Cohidro, como os situados em Itabaiana e Lagarto, abastecem diversas feiras nos municípios e mercados nas capitais baiana e sergipana.
“Trabalhamos com tudo que diz respeito aos recursos hídricos em Sergipe. A maioria das obras em barragens, nos últimos 10 anos, foram feitas com a supervisão da Cohidro, parcerias com os municípios para limpeza e recuperação de açudes e barragens que servem, principalmente, para a dessedentação animal. Ontem mesmo estávamos na Barra da Onça (Poço Redondo), onde serão construídas três barragens de terra, por solicitação do governador Jackson Barreto, a partir de recursos do próprio Estado. Estamos conseguindo também, via Ministérios da Integração Nacional e do Desenvolvimento Agrário, R$ 20 milhões para ampliar ainda mais as ações de limpeza de tanques, construção de cisternas. Enfim, são muitos os desafios que temos pela frente no sentido de execução de benefícios para a população do campo”, expôs o presidente da Cohidro.
Avaliação
O secretário da Agricultura de Glória, Dijalci Aragão disse que o fórum foi positivo. “Está de parabéns o secretário Esmeraldo Leal, por essa iniciativa de reunir secretários novos e os que vêm da gestão anterior em um momento tão difícil para os municípios. Esse é um momento de fortalecimento uma união dos secretários. Sabemos das limitações, mas ninguém se furtou frente aos desafios, pelo contrário, estamos somando forças para vencer as dificuldades para fazer com que o homem do campo possa vencer a crise e a economia volte a fluir”.
Josefa Menezes de Carvalho, secretária de Agricultura de Malhador disse que “foi enriquecedor para todos. Importante para perceber que estamos passando pelo mesmo dilema. Trouxemos muito nossos dilemas e pudemos discutir com oportunidade de ouvir e falar”.
“Gostei da qualidade dos gestores que os prefeitos escolheram, conheço muitos secretários e fiquei entusiasmado com a qualidade técnica e política, digo assim porque as vezem são bons técnicos, mas desarticulados com as ações estaduais e federais. Vi uma vontade muito grande de construir esse momento de articulação que chamamos de fórum estadual, saio otimista, tendo a certeza de que teremos um bom grupo de gestores públicos para melhorar o potencial do estado”, avaliou Esmeraldo Leal.
Participaram ainda os prefeitos Aroaldo Chagas (Negão) de Carira, Manoel Oliveira de Itabi, Major Queiroz da Defesa Civil e Manoel Mendonça da Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário.
Fonte: Ascom/Seagri
Fotos: Ascom/Emdagro