13º salário: como usar em tempos de crise

28 de outubro de 2015 - 12:02, por Alexandre Fontes

Por Tanuza Oliveira

Desde 1962, quando foi criado, talvez o 13º salário nunca tenha sido tão esperado. Isso porque, com o cenário econômico desfavorável, o salário extra tem sido visto com uma oportunidade para quitar dívidas, manter as contas em dia ou mesmo adiantar as compras de material escolar e outras despesas de início de ano.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos em Sergipe – Dieese\SE – lançará nos próximos dias o estudo de impacto do 13º sobre a economia para este ano. Enquanto isso, a jornalista e blogueira Iana Queiroz já sonha com o dia de receber o dinheiro. “Tenho tudo programado. Ele terá destino certo, que é custear uma parcela do parto do meu filho”, garante Iana.

Iana Queiroz: destino inadiável e nobre para o 13º

Iana Queiroz: destino inadiável e nobre para o 13º

E para saber qual a melhor forma de utilizar seu 13º em momentos de crise como o deste ano, o Portal Lagarto Notícias ouviu o economista Rosalvo Ferreira Santos, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe – UFS – desde 1997.

Segundo ele, em razão da queda do nível da atividade econômica, cujos efeitos podem ser observados sob várias formas – menor nível de vendas no comercio, queda da arrecadação de impostos, menor nível de contratação com carteira assinada –, é fundamental utilizar o 13º salário para saldar dívidas ou despesas financeiras que comprometam parte da renda que é recebida mensalmente.

“Por exemplo, pode-se o usar o 13º para pagar contas do cartão de crédito ou de outras despesas que aumentam muito se houver algum atraso no pagamento”, orienta.

“Guardar o décimo é pouco interessante no contexto de inflação. De todo modo, pode ser uma alternativa antecipar a compra de itens que tradicionalmente são adquiridos no final do ano, reduzindo assim o impacto nas contas nos meses iniciais do ano seguinte”, reitera. Quanto à opção de investir, Rosalvo também considera apropriada, mas apenas para aqueles que dispõem de mais recursos e não têm despesas que comprometam parte da renda.

“As compras de final de ano podem ser feitas à vista com o 13º salário, desde que não comprometam o orçamento familiar e que resultem em redução dos preços de aquisição. Do contrário, é melhor parcelar ou usar outra forma de pagamento”, esclarece.

Para ele, a injeção do 13º pode melhorar a economia de Sergipe. “O montante de recursos proveniente do 13º exerce papel importante na circulação de mercadorias e serviços. A concentração de recursos em um ou dois meses promove o aquecimento da economia e, consequentemente, há a ampliação do volume de vendas, da arrecadação de impostos e a melhora do nível de emprego, ainda que de forma temporária”, justifica.

Mas, atenção, segundo ele, há uma coisa que não se deve fazer com o 13º salário: comprar ou assumir despesas de longo prazo com incidência de juros, as quais poderão afetar negativamente a capacidade de consumo futura. “Em caso de perda de emprego ou diminuição da renda, tais despesas dificilmente poderão ser pagas sem gerar maior endividamento”, argumenta. E você, já sabe o que fazer com o seu?

 

 

 

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