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EDUARDO HOORNAERT EM SERGIPE*
12 de janeiro de 2017 - 11:39, por Claudefranklin Monteiro
Em busca de uma fé que seja consistente. A fórmula não é nova, mas pode vir a ser a saída para muitas instituições cristãs do nosso tempo. De modo particular, para a Igreja Católica que perde fiéis, a cada novo senso; e padres, a cada nova fornada, curiosamente, jovens.
A terceira passagem de Eduardo Hoornaert por Sergipe, ocorrida no último dia 10 de dezembro de 2016, provocou estas e outras reflexões entre os que estiveram na Livraria Paulus, Aracaju. Destaque para as presenças dos alunos do Curso de Teologia do Instituto São João XXIII, da Diocese de Estância, do jornalista João Oliva e das historiadoras Terezinha Oliva e Tatiane Oliveira.
O evento foi organizado pelo Prof. Paulino, da Universidade Federal de Sergipe, e teve como finalidade o lançamento do mais novo livro de Hoornaert, Em Busca de Jesus de Nazaré – uma Análise Literária, pela Editora Paulus. Como também, do livro Origens do Cristianismo.
Eduardo Hoornaert nasceu na Bélgica, em 1930. Naturalizado e residente no Brasil desde 1958, é considerado um dos maiores historiadores da História do Cristianismo. Foi sacerdote em Recife, entre os anos 1964 e 1980. Em 1973, ajudou a fundar o Centro de Estudos da História da Igreja Latino-americana (CEHILA). Enveredou-se pela docência, atuando, principalmente em instituições teológicas de ensino católicas. Teve uma passagem pela UFBA, entre 1993 e 1995. É autor de pelo menos 30 livros. Atualmente é casado com Maria Tereza Dias e mora em Salvador.
No livro Em Busca de Jesus de Nazaré – uma Análise Literária, Hoornaert, faz, de alguma forma, uma espécie de arqueologia literária, cavando camadas no tempo histórico para encontrar Jesus, ciente de que sua imagem foi inúmeras vezes refratada a cada nova leitura e interpretação das primeiras informações a seu respeito.
O autor nos revelou que a principal motivação dele para voltar a escrever sobre o Cristianismo foi o aumento do fundamentalismo religioso, inclusive na seara cristã. Para ele, este tipo de coisa insiste, por exemplo, em retirar textos [bíblicos] de seu contexto e provocar inúmeras distorções.
É importante lembrar que os primeiros escritos sobre Jesus só começaram a circular entre os anos 50 e 70 depois de Cristo, portanto mais de 30 anos após sua morte e ressureição. Hoornaert se dedica a examinar, ao nível da história e da análise literária, estes documentos, por entender que eles são o mais próximo de sua imagem original.
Em linhas gerais, este nos parece ser o propósito geral desta obra: por entender que qualquer conhecimento sobre Jesus se dá de forma indireta, pois não deixou nada escrito e atuou pedagogicamente com a oralidade do povo judeu, só há uma maneira de buscá-lo e encontra-lo, qual seja a análise literária.
Essa necessidade de ter uma ideia aproximativa do perfil de Jesus move o mundo atual e pode, quiçá será, a saída para a superação dos fundamentalismos e a reparação de longos anos de equívocos históricos e teológicos, que mais têm gerado inúmeras dissensões do que amor e concórdia entre os homens, inclusive entre os de boa vontade.
* Texto publicado originalmente no Jornal CINFORM Municípios, p. 2 (09.01.2017).