Delfino, uma vida inteira voltada à agricultura

9 de novembro de 2016 - 08:46, por Marcos Peris

Delfino Batista do Nascimento é natural de Lagarto, filho de agricultores e com seis irmãos: dois homens e quatros mulheres que, como ele, ‘nasceram na agricultura’. Atualmente, aos 57 anos, é agricultor orgânico e irrigante assistido pelo Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) no município. Com a ajuda da esposa e principal incentivadora, Josileide Martins de Carvalho Nascimento (Dona Dicuri), ele comercializa os alimentos livres de agrotóxicos em feiras da agricultura familiar na cidade natal e na capital, Aracaju.

 

Com a esposa, Delfino comercializava ôrganicos na Feira de Agricultura Familiar em Aracaju

Com a esposa, Delfino comercializava orgânicos na Feira de Agricultura Familiar da Seidh em Aracaju

Fruto desse amor ‘que veio da terra’, o casal tem dois filhos: Jonathan (18) e Laisa Carvalho (28). Esta quer seguir os passos do pai, pretende seguir o caminho do produtor na plantação de orgânicos. Casada, ela tem planos de largar o emprego e se dedicar somente a agricultura, juntamente com Delfino. Ele se enche de orgulho ao falar da filha, futura agricultora.

Após o falecimento do seu pai, Delfino decidiu dar continuidade ao que aprendeu com o patriarca da família, passando a tocar a própria roça. Aumentou o lote que recebeu de herança, comprando o que era de direito de um dos irmãos. Em seguida, herdou outro lote da mãe e depois disso, o agricultor ainda resolveu comprar outro pedaço de terra. Hoje, seu sítio localizado dentro do Perímetro Piauí, totaliza 14 tarefas, isto é, 4,2 hectares.

Com a vida difícil, o agricultor começou a trabalhar com pouca idade na roça do pai e garante não se arrepender, ele afirma: “Sempre fui agricultor, eu nasci na agricultura”. Já em sua terra, isso há mais de 30 anos, Delfino começou a trabalhar com produtos convencionais como o fumo e a mandioca. Foi quando decidiu mudar o rumo da sua atividade, orientado pelos técnicos agrícolas que lhe assistiam, passou a plantar alimentos orgânicos. Entre idas e vindas, já se passaram 15 anos desde a primeira tentativa de ele apostar no cultivo sem agrotóxicos, atividade que agora toma toda a dedicação do agricultor.

Além do amor pela agricultura, a perseverança e a persistência foram fundamentais paraque o projeto desse certo. Hoje, ele se arrepende de ter desistido do orgânico no começo, por achar que não daria certo. Há 07 anos seguidos na produção agroecológica, se diz realizado ao ver tudo que conquistou. O agricultor também confirma o apoio da Cohidro, que há quase 30 anos passou a ofertar água para irrigar seu lote, com a construção do Perímetro Piauí e depois, foi quem mais lhe deu incentivo ao plantio sem agrotóxicos, através dos seus profissionais em assistência técnica.

Com o apoio da Cohidro, Seu Delfino hoje faz parte de vários projetos entre eles, a Feira da Agricultura Familiar. O evento é realizado semanalmente em Aracaju pela Secretaria de Estado da Mulher, da Inclusão e Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (SEIDH), seja em sua sede ou em outros órgãos públicos, como as secretarias de estado da Educação de Sergipe (SEED), do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) e mais recentemente no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Nessas feiras, agricultores assistidos pela Companhia, dentro dos perímetros, ou pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), se dedicam tanto com o plantio de alimentos, sem a adição de agrotóxicos, quanto à comercialização diretamente ao consumidor. Auxiliados na logística, de trazer os alimentos do interior, e orientados quanto às normas de higiene e conservação dos alimentos, eles são incentivados a praticar os mesmos preços das feiras convencionais. Isso atrai freguesia suficiente para que, em poucas horas, acabem todos os estoques.

Para o agricultor, o Governo do Estado é seu grande parceiro e colabora de forma assídua no seu trabalho. “Eu mudei para orgânico porque a Cohidro disse que era bom e deu certo. Hoje sei que é muito melhor do que antes, porque antes eu dependia do atravessador, hoje eu dependo do consumidor e isso não falta. A Cohidro, graças a Deus, me dá apoio, hoje digo que é mais fácil faltar mercadoria, do que cliente”, destaca Delfino, que ainda estabeleceu um ponto de venda na própria Empresa, em Aracaju. Simultaneamente à Dona Dicuri, que toda quinta fica na Feira da Agricultura Familiar, o esposo comercializa parte desses alimentos aos servidores na sede da Companhia.

Quando perguntado o que a Cohidro significa, o agricultor responde: “Tudo” e completa, afirmando que sem a Companhia, as oportunidades não bateriam na sua porta. Segundo ele, a parceria com o Governo do Estado, permite uma vida mais digna para os produtores, principalmente, para quem trabalha com orgânicos, pois com a Empresa e a SEIDH, colaborando com a produção e a comercialização, se evitam os prejuízos.

Para o produtor, a palavra que define o trabalho da Empresa na sua vida é mudança. “A agricultura é tudo na minha vida, é o meu sustento e a Cohidro fez com que eu mudasse o rumo da minha vida e seguisse a linha do orgânico. Hoje eu não me arrependo, porque sei que estou muito melhor do que antes. Feliz e agradecido por toda a mudança,” enfatizou.

Delfino também, recebe acadêmicos de todas as faculdades agrícolas em seu lote

Delfino também, recebe acadêmicos de todas as faculdades agrícolas em seu lote

E para quem pensa que Delfino, aos 57, já está satisfeito com tudo que entende no trato da terra, se engana. Ele e outros 10 produtores de Lagarto integram uma Organização de Controle Social (OCS), grupo que após ser registrado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), passou e ter a autorização para comercialização de produtos orgânicos. Eles se reúnem periodicamente, cada vez em um lote de um agricultor diferente para ajudar, ensinando aquilo que sabem aos outros e também aprendendo, das técnicas que ainda não conhecem.

Recentemente os membros da OCS receberam a notícia que vão participar, por dois anos, da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), programa do Serviço Nacional de Aprendizagem (Senar) onde esses agricultores têm acompanhamento técnico periódico e individual, em seus lotes e capacitações em gerenciamento rural.  “É bom, é mais um conhecimento, mais umas dicas que eles vão dar para produção e a renda”, considerou o animado Delfino.

 

Créditos: Ascom Cohidro

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