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Capacitação Gerencial do Senar-SE atenderá perímetro da Cohidro em Lagarto
13 de outubro de 2016 - 11:10, por Marcos Peris
Gerenciamento rural passa pelo saber quanto se gasta para produzir e o quanto está rendendo a venda da produção. Embora seja uma simples conta de somar e subtrair, muitas vezes o agricultor não vê a necessidade de anotar tudo que acontece com a lavoura e acaba perdendo o controle da atividade que mantém a renda familiar. Em reunião realizada nesta terça-feira, dia 11, irrigantes orgânicos do Perímetro Irrigado Piauí de Lagarto, no centro-sul sergipano, conheceram e puderam se cadastrar no programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Sergipe (Senar-SE), uma capacitação para o homem do campo melhor administrar seu empreendimento.
Administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), ligada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), o Perímetro Piauí é dos projetos de irrigação pública, do Governo do Estado, onde melhor tem se difundido a prática da Agricultura Orgânica, contando com produtores com mais de 15 anos de experiência no cultivo de verduras e legumes, sem o uso de agrotóxicos. Com a ATeG vai contemplar, durante 2 anos, um grupo de 20 agricultores pertencentes a um polo agrícola voltado à Horticultura, esse diferencial fez ser Lagarto, o município escolhido pelo Senar-SE.
Gildo Almeida Lima, Gerente do Piauí, explica que reuniu 20 agricultores para conhecer as vantagens que podem trazer a ATeG. “Muitos produtores se queixam da dificuldade que é gerir os seus lotes produtivos. Afinal, com a irrigação sempre disponível e que só desligamos quando chove, eles podem produzir o ano todo sem parar. É grande a quantidade de plantios, de compras de insumos, de vezes que tem que aplicar tratos culturais, de colheitas, durante esse período. É muito fácil se atrapalhar e não é raro ver gente perder dinheiro na hora de pôr na ponta do lápis, para saber quanto gastou”, adverte, observando que a falta de mão de obra qualificada sobrecarrega o produtor, impondo mais dificuldade para o controle.
Coordenadora do programa de Assistência Técnica e Gerencial do Senar-SE, Luana Aragão, depois da visita feita em 11 de maio para avaliar o Perímetro, retornou a Lagarto para agora iniciar a seleção dos agricultores. Ela veio para “fazer a mobilização, apresentar como vai ser feito o projeto, falar sobre a importância do programa. Porque hoje, a maior dificuldade de todos os produtores é a questão de gerenciamento. Muitos produzem e não sabem quanto vale, quanto é o custo de produção do que ele produz. Então nossa assistência é isso: ajudar a gerenciar o produto dele para não sair perdendo”, completou.
Para o diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, a oferta de capacitações do Serviço de Aprendizagem é sempre bem-vinda na visão da Empresa. “Não é a primeira vez que isso ocorre e o resultado sempre compensa. Antes eram cursos livres que ajudavam o agricultor a aprender a cuidar da terra e do seu negócio. Agora, com um programa inteiro para tanto ensinar a trabalhar com o dinheiro, como também avaliar e apontar o que pode ser mudado, o pessoal do Senar está ampliando muito as chances de suas atividades alcançarem êxito. Torço para que em Lagarto, e demais locais selecionados, o ATeG dê certo”, afirma.
Luana Aragão explica que além de capacitações periódicas, onde instrutores vão ensinar o grupo, haverá um acompanhamento individual. “Em cada município (contemplado) fica um técnico responsável, onde faz visitas mensalmente. Ou seja, no primeiro momento o técnico vai lá, passa um diagnóstico de todo propriedade, coleta todos os dados e já deixa agendada a próxima visita. Então, todo mês, o técnico vai passar por lá”, garante. Ela ainda acrescenta que haverão outros níveis de apoio. “Sem falar ainda que tem o papel do supervisor, que vai passar de três em três meses. Ele vai estar em cada propriedade, visitando, vendo se está tudo certo, se tem alguma dificuldade. Além disso eu, como coordenadora, vou estar dando um ‘pulinho’ eu todas as propriedades”.
Presidente da Associação de Produtores Orgânicos de Lagarto e agricultor do Colônia Treze, Josevan Lisboa Batista acredita que a ATeG vem para ajudar. “É louvável tudo que venha beneficiar o pequeno produtor. Nós somos trabalhadores que aprenderam a fazer fazendo, não tem qualificação, não sabe fazer uma contabilidade. Não adianta a gente dizer que faz. Não sabemos quanto gastamos e nem quanto ganhamos, vamos produzindo, vendendo e gastando o dinheiro sem ter noção”. Ele conta que existe assistência técnica para plantar e estão surgindo novos espaços próprios à comercialização desses alimentos, como a feira agroecológica em seu povoado, funcionando há 1,5 ano, toda terça. “A gente até agradece, que estamos muito bem assistidos com os técnicos, tanto pela Cohidro, quanto pela Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe)”.
Delfino Batista, irrigante no Perímetro Piauí, também é agricultor orgânico e faz parte da Organização de Controle Social (OCS) registrada no Ministério da Agricultura, dando ao grupo de 11 produtores a autorização para comercialização, dessa modalidade de alimento, de forma direta ao consumidor. “É bom, é mais um conhecimento, mais umas dicas que eles vão dar para produção e a renda”, considerou o produtor que quinzenalmente comercializa seus produtos na Feira da Agricultura Familiar na Secretaria de Estado da Mulher, da Inclusão e Assistência Social, do Trabalho, dos Direitos Humanos e Juventude (SEIDH), toda semana na sede da Cohidro, ambos em Aracaju e participa ainda das feiras orgânicas de Lagarto.
Noutras praças aonde a Cohidro auxilia a produção de orgânicos, com a irrigação pública e assistência técnica, encontrar mercados e saber ‘emplacar’ os produtos sem ter prejuízo, também é das maiores dificuldades, como conta o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto. “Em Canindé de São Francisco, onde nós temos o Perímetro Califórnia, de uns 3 anos para cá tem crescido a participação desses produtores que aboliram o uso de agrotóxicos e até alguns já tem registro no Ministério. Por isso, outra etapa da ATeG do Senar-SE pretende ser inserida lá, preparando outros 20 produtores de frutícolas e hortaliças”, adiantou.