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Adélia Prado
18 de junho de 2016 - 10:04, por Moacir Poconé
Adélia Luiza Prado de Freitas nasceu em 1936 em Divinópolis-MG, onde cresceu e se educou. Formou-se em Filosofia e trabalhou como professora. Em 1971 publicou o livro de poemas “A Lapinha de Jesus”, junto com Lázaro Barreto. Cinco anos depois foi que publicou sozinha seu primeiro livro, Bagagem (1976), revelando uma artista de extrema originalidade e lirismo. Publicou depois “Coração Disparado” (1978), coletânea que trouxe a consagração merecida, trazendo-lhe o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro de São Paulo.
Seus poemas, contos e romances registram o cotidiano das pequenas cidades interioranas, com fortes manifestações de religiosidade. “Lá estão as comadres, as santas missões, as formigas pretas, o angu, as tanajuras, as pessoas na sombra com faca e laranja”, afirma Afonso Romano no prefácio da coletânea “Coração Disparado”. Adélia faz poesia como quem está com o caderno ao lado do fogão, dizendo verdades que não foram ditas pelos “poetas” até então. Isso ela faz num tom mágico e fantástico, recriando a vida do interior mineiro por meio de uma linguagem inovadoramente feminina, isto é, ela não repete a mesma linguagem usada pelos poetas modernistas, nem seus poemas versam sobre imagens desgastadas como “noite-canto-solidão”.
Objeto de Amar
Adélia Prado
De tal ordem é e tão precioso
o que devo dizer-lhes
que não posso guardá-lo
sem que me oprima a sensação de um roubo:
cu é lindo!
Fazei o que puderdes com esta dádiva.
Quanto a mim dou graças
pelo que agora sei
e, mais que perdôo, eu amo.
Sedução
Adélia Prado
A poesia me pega com sua roda dentada,
me força a escutar imóvel
o seu discurso esdrúxulo.
Me abraça detrás do muro, levanta
a saia pra eu ver, amorosa e doida.
Acontece a má coisa, eu lhe digo,
também sou filho de Deus,
me deixa desesperar.
Ela responde passando
a língua quente em meu pescoço,
fala pau pra me acalmar,
fala pedra, geometria,
se descuida e fica meiga,
aproveito pra me safar.
Eu corro ela corre mais,
eu grito ela grita mais,
sete demônios mais forte.
Me pega a ponta do pé
e vem até na cabeça,
fazendo sulcos profundos.
É de ferro a roda dentada dela.
Fonte: http://www.mensagenscomamor.com/poemas-e-poesias-de-adelia-prado
Por Moacir Poconé