Estudo aponta que 40% dos pacientes oncológicos de Lagarto utilizam plantas medicinais

1 de março de 2016 - 12:10, por Marcos Peris

A fitoterapia e as plantas medicinais estão sendo utilizadas cada vez mais pelos pacientes oncológicos como forma de controle da doença. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) aponta que 60% dos pacientes oncológicos do Sistema Único de Saúde (SUS) e 50% dos pacientes da rede privada utilizam plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos junto com medicamentos da quimioterapia. Para a doutora em Farmacologia Adriana Andrade Carvalho, essa associação pode causar sérios riscos para a saúde do paciente.

O estudo vem sendo realizado pelo Grupo de Pesquisa do Laboratório de Pesquisa em Oncologia Clínica e Experimental (LAPOCE) com o financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE). A coordenadora do projeto e coordenadora do LAPOCE, Profª. Adriana Carvalho, explica que um trabalho inicial já estava sendo realizado no município de Lagarto, abordando o uso das plantas medicinais pela população. A partir dessa pesquisa, foi constatado que o câncer foi a segunda doença crônica mais prevalente na região e que muitos pacientes oncológicos utilizam plantas medicinais durante o tratamento do câncer.

“Cerca de 40% dos pacientes que residem em Lagarto utilizam plantas medicinais junto com os medicamentos da quimioterapia. A partir desse dado alarmante, visto que as plantas medicinais podem interagir com os medicamentos, decidimos expandir a nossa pesquisa focando só em pacientes oncológicos, que é o que estamos realizando aqui em Aracaju”, completou a pesquisadora Adriana.

Doutora em Farmacologia Adriana Andrade Carvalho

Doutora em Farmacologia Adriana Andrade Carvalho

Riscos

A interação das plantas medicinais e dos fitoterápicos com os medicamentos da quimioterapia pode trazer sérios riscos para o paciente. A pesquisadora Adriana Carvalho explica que o paciente oncológico faz uso de vários medicamentos, tanto aqueles utilizados para tratar o tumor, tanto os medicamentos de suporte que utilizamos para mediar as reações adversas do paciente. Algumas interações já estão previstas na literatura como explica a pesquisadora.

“Com os dados já coletados até o momento, já conseguimos observar algumas interações medicamentosas, como a interação causada entre Capim-Limão e a Ciclofosfamida. Essa planta pode tanto aumentar a concentração plasmática do fármaco quanto diminuir, resultando ou na ineficácia do tratamento ou no aumento dos efeitos adversos. Alterações na biodisponibilidade do quimioterápico é preocupante principalmente por se tratar de drogas com baixo índice terapêutico, isto é, a dose terapêutica está próxima a dose letal”, pontuou.

A pesquisadora ainda aponta outras interações perigosas para o paciente. A babosa, por exemplo, interage com diurético, que é um medicamento utilizado por pacientes hipertensos e pode ser utilizado como medicamento de suporte. A reação é grave, pois a babosa potencializa a excreção de potássio, que o diurético já libera, podendo levar ao quadro de hipocalemia, podendo causar arritmias e insuficiência respiratória. A interação de duas plantas medicinais também podem causar riscos. Segundo a pesquisadora Adriana Carvalho, uso da erva cidreira e da camomila juntas pode aumentar o nível sedativo acima do nível normal. O uso da camomila e do maracujá também pode alterar a coagulação sanguínea. Todas essas interações foram observadas nesse estudo.

Pesquisa

O estudo está sendo realizado na rede pública no Hospital Cirurgia e no Hospital Urgência de Sergipe (Huse). Na rede particular, quatro clínicas em Aracaju participaram do estudo. Ao todo, 650 pacientes oncológicos participaram da pesquisa. Durante o mapeamento, foi possível constatar que as plantas medicinais mais utilizadas pelos pacientes atendidos na rede privada foram a erva cidreira (43,29%), camomila (39,02%) e boldo (29,89%). Já na rede pública (SUS) foram: erva cidreira (56,70%), capim santo (39,17%) e camomila (33%). Já os medicamentos fitoterápicos mais utilizados foram a própolis (3,05%) e avelós (1,83%).

A pesquisadora Adriana Carvalho destaca a importância do mapeamento do uso de plantas medicinais desses pacientes oncológicos para o uso racional das plantas medicinais e dos fitoterápicos.

“Para a saúde pública é muito importante porque a OMS já reconhece as práticas integrativas e complementares como terapêuticas. Além disso, com a publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), as plantas medicinais e fitoterápicas foram institucionalizados no SUS. Porém devemos ter cautela na orientação do uso, e principalmente, no não-uso de plantas medicinais e fitoterápicos por paciente oncológico. O câncer traz um estigma de dor e morte muito forte e percebemos que o paciente vê na planta medicinal como uma forma de controle da doença, de esperança… São pacientes que psicologicamente estão muito sensibilizados. É complicado tirar isso do paciente de forma brusca, por isso é importante o uso racional e orientação humanizada”, finaliza.

 

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