Incendiários da Câmara de Cristinápolis fazem pacto para não delatar mandante

26 de fevereiro de 2016 - 08:30, por Alexandre Fontes

A Polícia Civil de Sergipe indiciou quatro funcionários contratados da Prefeitura de Cristinápolis suspeitos de incendiar o prédio da Câmara de Vereadores da cidade no último dia 12 de fevereiro deste ano, data em que os vereadores do município votaram a cassação do prefeito Raimundo Leal. Os indiciados são Desiraldo Santos Silva, 31 anos, o ‘Sinho’, Josivan de Jesus Santos, 34, conhecido como ‘Bolinho’, que trabalham no gabinete do secretário de Transportes da Prefeitura, e os vigilantes Israel Marciano do Nascimento, 28, e José Erivaldo Arruda de Sobral, o ‘Ero’, 31.

Segundo o delegado Paulo Cristiano Ricarte, as investigações iniciaram no mesmo dia do crime, recolhendo imagens das câmaras de segurança do Banco do Estado de Sergipe (Banese), que fica ao lado da Câmara, ouvindo testemunhas, bombeiros e os laudos da perícia. “Percebemos que foi queimado o arquivo, que fica no gabinete da presidência da Câmara, a cozinha e o corredor, mas o plenário e o restante do prédio permaneceu intacto, dando a entender que houve uma desistência, provavelmente por causa de um acidente”, explicou o delegado.

A equipe de policiais foi a hospitais de cidades da Bahia e Sergipe, mas não encontrou ninguém com ferimentos provocados por queimaduras. No entanto, a rede de saúde estadual foi avisada e três dias após o crime, o delegado foi comunicado sobre um paciente de Cristinápolis que tinha dado entrada na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) do Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), em Aracaju, com ferimentos graves em quase 100% do corpo. Foi levantado a ficha do paciente José Erivaldo Arruda de Sobral e descoberto que ele é vigilante de uma escola de Cristinápolis.

Alguns dias depois, com a melhora do estado de saúde do suspeito, o delegado foi ao Huse e tomou seu depoimento, onde acabou confessando a participação dele no crime e delatando os seus comparsas. “Na noite dos fatos, Sinho foi a casa de Erinaldo em uma motocicleta da Secretaria de Transportes da Prefeitura e o chamou para fazer um serviço. Quando saiu de casa, Ero viu Israel e Bolinho em outra motocicleta. Os quatro partiram em direção à zona rural do município para aguardar o melhor momento de retornar à cidade”.

O crime

Por volta de 2h da madrugada, Bolinho quebrou com uma pedra a porta de vidro para facilitar a entrada deles no prédio. Lá dentro, Ero e Sinho começaram a jogar cinco litros de combustível na cozinha, corredor e no arquivo. No entanto, o José Erivaldo não percebeu que seu corpo estava molhado de gasolina e quando ateou fogo no prédio acabou se queimando gravemente. Com o acidente, eles desistiram de continuar a destruição e fugiram.

Sobre a intenção política dos suspeitos, o delegado não fez esse juízo de valor e disse que é técnico de segurança pública e que sua análise restringe-se aos fatos narrados e registrados no inquérito policial. Os suspeitos foram indiciados pelos crimes de incêndio criminoso e associação criminosa. “Nesse mesmo inquérito, também pedimos a prisão preventiva de Desiraldo, Josivan e Israel, exceto de José Erivaldo porque ele colaborou o tempo todo com as investigações”, destacou.

 

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