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HISTÓRIA, CULTURA E MEMÓRIA ESCOLAR – O GRUPO ESCOLAR SÍLVIO ROMERO É DEVOLVIDO AO POVO LAGARTENSE
6 de agosto de 2024 - 21:11, por Claudefranklin Monteiro
O tempo se encarrega de tudo. E nesse sentido, a resistência faz seu papel, aliada à esperança e à fé. E essa têm sido a toada de alguns de nós que ainda acreditam na capacidade transformadora da cultura e da educação, para além de gabinetes, vaidades pessoais e grupos. Há causas pelas quais, como estas, vale muito à pena lutar, perseguir e persistir.
O dia 6 de agosto de agosto de 2024 tornou-se um dia histórico para os que verdadeiramente amam a cidade de Lagarto, em todos os seus sentidos e semânticas. Depois de alguns bons anos de indiferença e espera, o Grupo Escolar Sílvio Romero, inaugurado em 1923, foi devolvido ao seu povo. Sim, isto mesmo: devolvido. Pois, estava abandonado, maltratado e ferido em sua representatividade arquitetônica e histórica. E por conseguinte, todos aqueles que trazem do lugar, memórias as mais diversas, parte significativa de sua trajetória. Não somente daqueles que ali estudaram, mas de todo cidadão lagartense que se identifica com o espaço, que entende que ele colabora para a ideia de pertencimento, para o amadurecimento do sentimento de lagartinidade.
Em grande medida, aos lagartenses o que é dos lagartenses! E só sabe o que é isso quem mora na cidade e vive a cidade, sem necessariamente ter nascido aqui, compartilha dessa pertença local e não poupa esforços para que ela seja sempre melhor. Por isso, também, rendo minhas homenagens à arquiteta Ana Libório, responsável direta pelo projeto arquitetônico da reforma e restauração do prédio. E na mesma esteira, o deputado federal Fábio Reis, único lagartense com mandato a se sensibilizar pela causa e abraçá-la com coragem, determinação, comprometimento, verdade e compromisso.
Não se trata de um “prédio velho” que precisa ser descartado como faz uma parcela da sociedade com seus avós. Trata-se, sim, de um lugar de memória, sede da primeira escola pública de Lagarto. E também, de educação patrimonial e até mesmo de geração de emprego e renda, por meio do turismo e do estímulo à prática cultural, em suas inúmeras manifestações: das artes cênicas à música, do artesanato à cultura popular e as manifestações folclóricas.
Era e é o mesmo sentimento que envolve a luta em prol da não permuta do Parque Nicolau Almeida com o Poder Público Municipal. Não está em discussão o ser contra o progresso ou às novas formas que a arquitetura e construção civil do nosso tempo podem promover. Nem tão pouco à pauta econômica. Estamos falando e lutando por cultura e educação, sobretudo pela proteção do bem público e de valor histórico.
Para além de vir a ser a sede da Academia Lagartense de Letras, timoneira nesse processo todo sob a batuta sábia, ponderada e arguta do nosso presidente, Dr. Paulo Andrade Prata, o Grupo Escolar Sílvio Romero doravante será a casa da cultura lagartense e também seu memorial digital, nos moldes do Museu da Gente Sergipana e do Memorial de Simão Dias, projetos que tem a assinatura e o talento do arquiteto Ézio Deda, que se soma a nós nesta segunda etapa.
Por fim, não poderia deixar de reiterar nossa gratidão ao governador de Sergipe, Fábio Mittidieri, que foi um parceiro desde o primeiro momento em que levamos a ele o conhecimento da situação de abandono do prédio. Em quatorze meses de duração da obra, ele fez mais pelo Grupo Escolar Sílvio Romero o que não se fez em seus 101 anos de existência, marcando, em definitivo, seu nome na memória do povo lagartense.
Em sua fala oficial, Fábio Mittidieri, valendo-se da sabedoria dos povos originários do Brasil, ressaltou que aquilo que fazemos no presente é para as gerações futuras. E isso traduz, em grande medida, o zelo que temos, seja como acadêmicos, seja como munícipes, por aquilo que perdura e não por aquilo que se curte e logo se esquece no mundo digital. Pois os nomes e as siglas passam, mas as ideias permanecem vivas a mover as pessoas e seus sonhos.