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Entre 1,3 mil e 1,6 mil nordestinos que nunca fumaram podem receber o diagnóstico de câncer de pulmão em 2024
10 de agosto de 2024 - 07:44, por Marcos Peris
Embora o tabagismo seja a principal causa de câncer de pulmão, duas entre dez pessoas que desenvolvem a doença nunca consumiram cigarro. Entre as causas para tumores pulmonares em não fumantes estão a exposição ao gás radônio, fumo passivo, poluição do ar, exposição ocupacional (amianto, fumaça de diesel e outros produtos químicos), fatores genéticos, doenças pulmonares prévias e cigarro eletrônico. Na somatória dos nove estados do Nordeste a projeção é que entre 1.314 e 1642 pessoas, que nunca fumaram, recebam o diagnóstico de câncer de pulmão este ano
O câncer de pulmão é a principal causa de morte por tumores malignos, tendo o fumo do tabaco como o agente cancerígeno mais determinante. Por sua vez, alerta o Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), estudos epidemiológicos sugerem que 20% a 25% dos casos de câncer de pulmão podem não ser atribuíveis ao tabagismo. Na somatória da incidência dos nove estados da região Nordeste, deverão ser registrados 6.570 novos casos de câncer de pulmão em 2024 e, a partir deste dado oficial do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a projeção é que entre 1.314 e 1.642 nordestinos que nunca fumaram recebam este ano o diagnóstico de um tumor maligno no pulmão.
A maior prevalência de câncer pulmonar na região é registrada no Ceará, com 13,65 casos para cada mil cearenses. A mais baixa é observada na Bahia, com 7,87 casos para cada 100 mil. Em relação à incidência, o maior número também é registrado no Ceará, com 1.400 casos e o estado da Bahia, por ser populoso, aparece em segundo, com 1.360, apesar da menor prevalência. Os menores números de casos estão em Alagoas (290) e Sergipe (240), cujas prevalências, respectivamente, são de 8,66 e 10,51, respectivamente.
“Os dados epidemiológicos são importantes para se observar a ocorrência de doenças nas diferentes áreas do país e, desta forma, nortear as políticas de saúde. Vemos, por exemplo, o quanto a alta prevalência no Ceará requer atenção das autoridades, assim como o elevado número absoluto de casos no estado da Bahia também é preocupante”, ressalta a oncologista clínica Samira Mascarenhas, diretora executiva do GBOT e titular na Oncologia D’Or na regional Bahia.
Em todo o mundo, segundo o Observatório Global de Câncer da Agência Internacional par Pesquisa do Câncer (IARC) são registrados mais de 2,4 milhões de casos de câncer de pulmão e a doença responde por 1,8 milhão de mortes anuais. (1). Ao menos 360 mil destas mortes por câncer de pulmão são de pessoas que nunca fumaram.
No Brasil, os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que 32 mil pessoas devem receber o diagnóstico de câncer de pulmão em 2024. Considerando a estimativa de ao menos dois entre dez casos serem em não tabagistas, a expectativa é que ao menos 6 mil brasileiros, que nunca fumaram, sejam diagnosticados com a doença este ano. (2).
O câncer de pulmão em quem nunca fumou (lung cancer in never smokers/LCINS) é o sétimo contribuinte para morte por câncer. São diversas as etiologias (causas) para o câncer de pulmão em não tabagistas. Pensando nisso, em alusão ao Agosto Branco de 2024, o GBOT busca aumenta a conscientização sobre os fatores de risco do câncer de pulmão em não fumantes. “Esta iniciativa tem como objetivo educar o público geral sobre as causas menos conhecidas do câncer de pulmão, que muitas vezes é uma doença erroneamente associada apenas aos fumantes. Ampliar essa informação é crucial, com potencial de promover diagnóstico precoce e salvar vidas”, afirma Clarissa Baldotto, presidente do GBOT.
O GBOT listou os principais fatores de risco para câncer em não fumantes.
1 – Exposição ao Gás Radônio: O radônio é um gás radioativo natural que pode infiltrar-se em casas através de rachaduras na fundação. A exposição prolongada a altos níveis de radônio pode aumentar significativamente o risco de câncer de pulmão. Testar e mitigar os níveis de radônio nas casas pode reduzir esse risco.
2 – Fumo Passivo: Não fumantes que são regularmente expostos ao fumo passivo têm um risco maior de desenvolver câncer de pulmão. Isso inclui viver com fumantes ou frequentar ambientes onde o fumo é comum. Defender ambientes livres de fumaça pode ajudar a proteger contra esse risco.
3 – Poluição do Ar: A exposição prolongada à poluição do ar, incluindo emissões de veículos, processos industriais e usinas de energia, é um fator de risco conhecido para o câncer de pulmão. Apoiar políticas que visam reduzir a poluição do ar e promover energia limpa pode mitigar esse risco.
4 – Exposição Ocupacional: Certas ocupações expõem os trabalhadores a carcinógenos como amianto, fumaça de diesel e alguns produtos químicos usados na fabricação. Garantir medidas de segurança adequadas e equipamentos de proteção nos locais de trabalho pode reduzir a incidência de câncer de pulmão entre não fumantes.
5 – Fatores Genéticos: Um histórico familiar de câncer de pulmão pode aumentar o risco de uma pessoa, mesmo que ela não fume. Incentivar as pessoas a discutirem seu histórico médico familiar com seus médicos pode levar a estratégias de rastreamento e detecção precoce mais personalizadas.
6 – Doenças Pulmonares Prévias: Condições como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou fibrose pulmonar podem aumentar o risco de câncer de pulmão. O diagnóstico e manejo precoces dessas condições são essenciais para reduzir esse risco.
7 – Uso de Cigarros Eletrônicos (Vape): Embora os cigarros eletrônicos (vapes) frequentemente sejam vistos como uma alternativa mais segura ao fumo tradicional, o uso desses dispositivos ainda apresenta riscos, mesmo sem a presença de nicotina. Os líquidos de vape contêm várias substâncias químicas que podem ser inaladas profundamente nos pulmões. Estudos preliminares sugerem que alguns destes produtos químicos podem ser prejudiciais e potencialmente aumentar o risco de câncer de pulmão e outras doenças pulmonares. Promover a conscientização sobre os riscos associados ao uso de vapes, mesmo sem nicotina, é crucial.
SINTOMAS – Os sintomas do câncer de pulmão variam de pessoa para pessoa. Muitas vezes, os sintomas são facilmente confundidos com doenças respiratórias comuns, como bronquite ou pneumonia, atrasando um diagnóstico preciso. Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão incluem:
– Tosse que não desaparece e piora com o tempo
– Dor no peito constante e muitas vezes agravada pela respiração profunda, tosse ou riso
– Dor no braço ou ombro
– Tosse com sangue ou catarro cor de ferrugem
– Falta de ar
– Chiado
– Rouquidão
– Infecções como pneumonia ou bronquite que não desaparecem ou voltam com frequência
– Inchaço do pescoço e rosto
– Perda de apetite e/ou perda de peso
– Sentir-se fraco ou cansado
– Alargamento das pontas dos dedos e leito ungueal também conhecido como “baqueteamento digital”
Se o câncer de pulmão se espalhar para outras partes do corpo, pode causar:
– Dor no osso
– Fraqueza no Braço ou dormência na perna
– Dor de cabeça, tontura ou convulsão
– Problemas de equilíbrio ou uma marcha instável
– Icterícia (coloração amarela) da pele e dos olhos
– Gânglios linfáticos inchados no pescoço ou ombro
Referências bibliográficas
1 – Bray F, Laversanne M, Sung H, Ferlay J, Siegel RL, Soerjomataram I, Jemal A. Global cancer statistics 2022: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J Clin. 2024 May-Jun;74(3):229-263. Disponível em https://acsjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.3322/caac.21834
2 – Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de Janeiro: INCA, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros/estimativa
SOBRE O GBOT – O Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica foi idealizado por médicos oncologistas, clínicos e cirurgiões, com reconhecida expertise nessa área de atuação. Sua missão é produzir conhecimento científico na área da pesquisa clínica oncológica. Ao mesmo tempo, estimular os processos de educação na área do câncer e a geração de informações epidemiológicas que auxiliem na compreensão da realidade brasileira nesta área, possibilitando o desenvolvimento de estratégias que resultem numa melhoria dos resultados para a sociedade como um todo. Informações: https://www.gbot.med.br/.
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SENSU Consultoria de Comunicação