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UM LUGAR DE MEMÓRIA DE LAGARTO-SE, O POVOADO PURURUCA MERECE MAIS
1 de fevereiro de 2024 - 16:39, por Claudefranklin Monteiro
Foi a terceira vez que estive na comunidade, para participar como palestrante de uma das noites do Novenário dedicado ao Senhor do Bonfim, seu padroeiro. Nas duas primeiras ocasiões, tinha ido à noite. Desta feita, resolvi sair de casa mais cedo, por duas razões: apreciar a belíssima paisagem bucólica e averiguar, de perto, as péssimas condições de acesso, com estradas horríveis e permeadas de inúmeras pedras. Após sofríveis e angustiantes 34 minutos de viagem, fazendo uso apenas das três primeiras marchas de meu carro, cheguei à casa da professora Lourdinha, por quem, juntamente com sua família (a fisioterapeuta Gleide Pádua, filha, e a técnica em Enfermagem, Sabrina Santos, sobrinha), fui recebido muito dignamente e de forma acolhedora e fraterna.
O termo Pururuca tem uma relação direta com a cultura indígena e tudo leva a crer que as origens do nome do local tenham também esta conotação. Trata-se de um dos povoados mais antigos de Lagarto e mais abençoados por Deus no que se refere à terra fértil (que garante a produção de uma das bananas mais deliciosas do Estado), ao clima ameno, à umidade e também à religiosidade e à cultura. O Novenário e Festa do Senhor do Bonfim estão entre os mais tradicionais do munícipio, onde a fé e a cultura popular se misturam com graça e muita alegria, esta última, uma das principais características de seu povo (permitam-se destacar o grupo Batalhão de São João, da ASFLAG). Como disse publicamente, me sinto muito bem quando vou lá, minhas energias mentais e espirituais se renovam.
Conversando com o estudante de Filosofia da Universidade Federal de Sergipe, o jovem Ruan Matos, natural do povoado, aprendi um pouco da história e das tradições do lugar, como uma das explicações que lhe dão a alcunha identitária de Pururuca, como também a chegada da devoção ao Senhor do Bonfim, paga de promessa de um morador. Importante lembrar que esta devoção em Lagarto é atribuída ao Monsenhor Daltro, que em 1888 inaugurou o primeiro cemitério paroquial com o nome do Cristo Morto na Cruz.
Ruan Matos mantém um perfil no Instagram, “memoriallagarto. Em breve, faremos um registro editorial das fontes orais e históricas que ele colheu nos últimos anos para que possamos conhecer um pouco mais sobre a história e memória do Povoado Pururuca. Aliás, seria interessante que outras comunidades fizessem o mesmo como uma estratégia para despertar o sentimento de pertença e de identidade cultural de seus moradores.
Por falar nisso, não tem sentimento e paciência que durem se não houver a melhoria das condições materiais de um povo. Seria injusto se não destacasse o zelo que percebi no que tange à assistência escolar (Escola Municipal Antonio Francisco de Souza) e sanitária (UBS Pedro Félix) e a reforma e modernização recente da Praça do Senhor do Bonfim (janeiro de 2020). Quero aqui ressaltar a dedicação e competência dos profissionais da saúde do lugar, a exemplo de Mônica Ribeiro, Fernanda Santos, Marlúcio Matos, Sabrina Santos e Anísio Santos.
Entretanto, penso que o Povoado Pururuca merece mais. Daí, meu apelo à Gestão Pública Municipal no que se refere à melhoria urgente do seu acesso, com uma via descente ligando-o ao centro da cidade. A iniciativa, se vinda em boa hora, facilitará em grande medida a vida daquela comunidade. São muitos os jovens que trabalham na sede no município e que se deslocam diariamente. Afora, isso, dois aspetos que por si só seriam suficientes para convencer qualquer gestor de visão e que ame, verdadeiramente, a sua gente: o escoamento das riquezas produzidas no lugar e a exploração, no melhor sentido da palavra, de seu enorme potencial paisagístico, cultural, religioso, hídrico e turístico.
Encerro a presente crônica, agradecendo aos amigos Rosenildo e Romário por me oportunizarem a satisfação de conhecer o Povoado Pururuca e viver experiências marcantes como as que, em síntese, tratei aqui com muito gosto e entusiasmo. Que esse sentimento também possa contagiar toda a classe política, sem distinção, mas sobretudo os que têm mandato e condições de ajudar e não o faz. Está em tempo.