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Eduardo Maia: “Nosso compromisso é com os avanços, enquanto eles não acontecerem, nós não descansaremos. Posso te garantir!”
21 de fevereiro de 2016 - 14:58, por Marcos Peris
Portal Lagarto Notícias
A entrevista da semana é com o recém-empossado presidente da OAB Sergipe Regional Lagarto, Eduardo Maia, de 31 anos de idade. Ele nasceu na Bahia, mas viveu a maior parte de sua vida no estado de Sergipe, uma vez que seus pais eram bancários e foram transferidos para as terras do papagaio.
Além disso, Eduardo iniciou a sua carreira na advocacia no município de Lagarto trabalhando no escritório Evaldo Campos. Com um humor refinado e muita simplicidade, ele recebeu a equipe deste portal e concedeu a Entrevista da Semana, na qual falou dos objetivos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), das dificuldades enfrentadas pelos advogados atualmente, dos projetos a serem implantados nas terras de Sílvio Romero, da atuação da entidade nas eleições, bem como, das suas expectativas e anseios referente à sua gestão na Regional da OAB/SE que durará três anos.
Acompanhe na íntegra:
Lagarto Notícias: Quem é Eduardo Maia?
Eduardo Maia: Hoje eu sou um cara totalmente voltado para os meus pares advogados, sou um jovem advogado que recebeu uma missão, talvez a maior missão da minha vida, que me foi confiada pelo presidente da OAB Sergipe, Doutor Henri Clay Andrade, de comandar a regional Lagarto, que é sua terra natal.e que eu não me permito falhar, por isso estou completamente voltado para ela. Como disse, por ser a cidade do presidente, cuja sede foi construída em seu ultimo mandato, a missão ganha proporções inimagináveis, posso dizer que compartilhamos um carinho imenso por essa cidade. Mas para muito além de estar hoje representante da OAB, sou um advogado por vocação, apaixonado pela minha profissão. No campo pessoal, se interessar ao público, quem me conhece sabe que sou um cara irreverente e tranquilo, uma das minhas marcas é o bom humor, de gostar de ser espontâneo e brincalhão, o que vejo como uma mistura muito interessante que é a vontade de vencer uma missão hercúlea, mas tendo bom humor e disposição para enfrentar os percalços e desafios que não serão poucos.
LN: Por que escolheu seguir a carreira jurídica?
Eduardo Maia: Historicamente, a minha família tem uma origem muito humilde, mas que sempre venceu buscando justiça social, buscando a erradicação das desigualdades sociais…Por isso a carreira jurídica tem sua representação na minha descendência, então tenho alguns parentes que são juízes, promotores, políticos, apesar de poucos advogados. Tive poucos advogados a quem me espelhar dentro da família, em que pese a defesa dos menos favorecidos estivesse sempre presente em todos. A advocacia sempre me apeteceu porque era uma profissão livre que permitia alçar os voos do tamanho dos nossos sonhos, e é muito nobre porque ela caminha, ela respira essa incessante perseguição dos ideais de justiça, de direito, das ideais democráticos e de cidadania. Foi essa a beleza que sempre me encantou.
LN: Você sempre quis ingressar na carreira jurídica ou, como a maioria das crianças, tinha o sonho de ser jogador de futebol?
Eduardo Maia: Não. A princípio, eu queria ser jogador de futebol, joguei muita bola, nadei durante muito tempo, fui vice-campeão sergipano de natação, mas no momento de definir a profissão, todos me diziam que eu precisava usar a minha facilidade de oratória, ou seja, eu era um “falador profissional” kkkk. Eu tinha dentro de mim que a comunicação era realmente o que eu gostaria de fazer, pois era o meu traço marcante, de modo que, unindo a vontade de comunicar com a vontade de fazer justiça, eu escolhi a advocacia, e, hoje, posso garantir que não seria feliz fazendo outra coisa.
LN: Qual ou quais as maiores dificuldades enfrentadas pelos advogados, principalmente, do interior?
Eduardo Maia: São muitas! No geral, a advocacia tem enfrentado um período turbulento. A advocacia é um sacerdócio diário, um profissão histórica de grandes nomes, grandes nomes mesmo, homens que lutaram e conquistaram muitos dos direitos que temos hoje, como: Rui Barbosa, Fausto Cardoso, Gumercindo Bessa, Laudelino Freire, o saudoso Doutor Joaquim Prata, Henri Clay Andrade e Maria Berenice Dias. Além dos advogados brasileiros, temos, ainda, Gandhi, Martin Luther King, ou seja, é o ofício dos grandes homens. Mas as dificuldades hoje enfrentadas pelo advogado por uma queda, uma desvalorização havida com a sociedade, a gloriosa profissão que participou ativamente da construção da democracia, acabou sofrendo um revés moral, culminando com a desvalorização paulatina de ótica da sociedade para com o causídico. Hoje o advogado não goza de importância e respeito proporcionais ao seu valor constitucional, do respeito aos seus afazeres de defesa e de vanguarda de direitos. Sua relevância não é entendida pela sociedade da forma que foi outrora. De outra banda, algumas das autoridades constituídas (magistrados, promotores, delegados) esqueceram-se da importância da advocacia para a consecução da justiça e passaram a destratar o advogado, a desmerecer o causídico, a desrespeitar o estatuto da advocacia, desrespeitando suas prerrogativas rotineiramente.
LN: Essa desvalorização é no sentido econômico, moral?
Eduardo Maia: A desvalorização da sociedade é também no sentido econômico, mas onde se sente mais é no que tange à dignidade, no sentido moral. Já o desrespeito sofrido por partes das autoridades é no sentido do exercício da profissão quando uma autoridade impede o advogado de exercer o seu oficio de forma digna, ele impede o cidadão de ser legitimamente defendido por aquele a quem entregou o seu direito.
LN: Foi essa desvalorização que te fez querer ser um advogado militante de classes dentro da OAB, uma vez que você fez parte da chapa de Henri Clay cujo objetivo era fazer uma “OAB forte de novo”?
Eduardo Maia: Essa desvalorização é a raiz de todos os problemas, e por ter enfrentado isso desde o início, eu passei a nutrir o sonho de resgate. A título ilustrativo, doutor Henri foi presidente quando eu era acadêmico, naquela época a OAB e a advocacia eram muito fortes, tinham valor, tinham nome e peso. Ele Sempre fez questão de colocar a OAB no centro das causas, das lutas sociais, e essa OAB foi perdendo paulatinamente esse valor e isso refletiu no advogado, principalmente, no advogado do interior que estava distante da OAB, que se concentrava na capital, e mais especificamente no recém-formado. Então era uma cadeia de problemas que desembocava no jovem advogado do interior que era justamente eu.
Então por sentir todos esses problemas, eu senti que precisava me mover, me mobilizar pra fazer um pouco a mais porque o advogado por si só, na busca individual por justiça, já busca a melhoria que a sociedade necessita, mas enquanto classe, eu não tinha despertado, embora eu já participasse, antes do convite de doutor Henri Clay, da Comissão de Jovens Advogados, onde ajudei na construção de diversas pautas ainda na gestão anterior, mas como, na minha ótica, e da advocacia, aquela gestão não apresentava bons projetos pro futuro, foi quando doutor Henri Clay reapareceu como uma grande luz nessa estrada escura que a advocacia passava e apresentou um projeto coletivo que já começou a fazer história. A marca da nossa gestão é o coletivo, é o plural, é a grande quantidade de mulheres e jovens advogados engajados verdadeiramente no projeto, por isso é um projeto coletivo de resgate de valor.
LN: Algum dia, nos bancos da faculdade, você chegou a pensar que seria um presidente de uma regional da OAB?
Eduardo Maia: Eu nunca pensei em cargos, nem de presidente, e nem em cargos diretivos, isso nunca me passou pela cabeça, nunca foi um sonho. Mas eu sempre tive um perfil de luta e aglutinador, sempre fui uma pessoa com facilidade de reunir os amigos em torno de alguns projetos fossem eles de qualquer natureza: pessoais ou profissionais. E isso acabou colaborando para que, dentro da profissão, também surgisse à oportunidade de dentro de um projeto coletivo ter o meu nome cogitado. Por isso foi mais uma oportunidade do que um sonho, mas acredito que o caminho de cada é traçado por Deus. Porém, quando a oportunidade se tornou algo palpável, posso dizer que se tornou um sonho.
LN: Nesta semana, você foi empossado presidente da OAB Regional Lagarto, como você descreve aquele momento em sua vida?
Eduardo Maia: Foi um momento indescritível porque o desafio é gigantesco, e aceitar esse desafio me gerou diversos sentimentos. Partindo do orgulho e da honra de ser escolhido até o receio de decepcionar a classe, embora eu nunca tenha tido compromisso com derrota, e quem me conhece sabe disso. Por isso tenho certeza que com a ajuda de nossos colegas aguerridos, de nossos parceiros, nós vamos vencer essa batalha, essa nobre missão de buscar a valorização do advogado do interior.
LN: Durante a sua posse, qual o momento mais especial?
Eduardo Maia: A maiorias das pessoas que me contataram depois da posse, mencionaram um suposto pedido de casamento feito por mim, e isso um dia irá acontecer. Mas o momento que mais me emocionou mesmo foi quando eu percebi que as pessoas e os colegas também estava emocionados, ali me dei conta do tamanho da responsabilidade, e naquele momento eu tive a sensação de estar começando a grande história da minha vida. Quando eu mencionei aquilo tudo que tava acontecendo, na hora do meu discurso, a emoção veio à tona de forma que tive um pouco de dificuldade para manter a eloquência, mas graças a Deus, eu consegui manter porque a gente que é orador sabe que se emoção tomar conta o discurso não anda mais.
LN: Empossado, quais serão os projetos que o presidente, Eduardo Maia, quer implantar em Lagarto ainda em 2016?
Eduardo Maia: Enquanto presidente da regional, o grande desafio perpassa pelo estrutural e alcança o conceitual, ou seja, é trazer a estrutura da OAB pro interior, trazer para os advogados do interior as condições de trabalho que o advogado da capital possui é um grande objetivo, e nós estamos caminhado para isso com a reativação dos cursos das escolas de advocacia, já estamos caminhando para a aquisição de uma nova televisão. Essa questão estrutural vai andar aos poucos, elas são vitórias de gestão, enquanto gestão administrativa.
LN: Vai trazer os benefícios dos advogados da capital para o interior.
Eduardo Maia: Isso, os benefícios. Nós conseguimos com doutor Diogo, presidente da CAASE, firmar 34 convênios com empresas de Lagarto e Região Centro-Sul que dão descontos para os advogados, mas, muito mais do que o estrutural, a gente precisa alterar o conceitual, a gente precisa tentar alterar a realidade que se encontra hoje. Então o grande desafio é tentar pactuar, no sentido de realizar um pacto, com a sociedade em primeiro lugar, com o judiciário, com o Ministério Público, com os demais poderes constituídos no sentido de construir um novo tempo de diálogo aberto, portas abertas e principalmente de respeito mútuo.
LN: Então esse seria o projeto mais ambicioso da sua gestão ou seria a implantação do Fórum de Segurança Pública?
Eduardo Maia: Não, a proposta mais ambiciosa é recuperar o valor do advogado, a dignidade do advogado. O Fórum de Segurança Pública é uma quadra, é uma seara que apetece a sociedade, e tenho certeza que nós iremos trabalhar igualmente para a sociedade, mas para que o cidadão se sinta forte, ele precisa que o advogado esteja forte, é uma premissa fundamental, é algo que nós não podemos ceder nem um milímetro da nossa importância enquanto profissionais e defensores da cidadania, da democracia.
LN: Em relação a esse fórum de segurança, uma vez você falou que estava “construindo pontes”. Então como está o andamento desse projeto? Já tem prazo para a sua implantação?
Eduardo Maia: Nós estamos construindo pontes, nós já conseguimos o apoio do CDL, do Rotary Clube, da Maçonaria, do 7° BPM e de grande parte dos advogados. Nós estamos reunindo forças e somando os esforços para que o Fórum Permanente de Segurança Pública se torne uma realidade ainda nesse primeiro semestre. O nosso grande problema hoje é estrutural porque não encontramos um espaço razoável que comporte o tamanho dessa vontade, a OAB possui um auditório que todos conheceram na posse, mas perceberam que não temos a estrutura devida para receber grandes eventos, inclusive contamos com o apoio da sociedade com patrocínios porque a Ordem não está abastecida de recursos para esse fim ao menos então imediatamente quanto o tema precisa, mas o evento sendo uma iniciativa da ordem seria interessante que ele nascesse em suas dependências. Todas as parcerias já foram firmadas e só precisamos definir o local e a data para que ele seja implantado permanentemente.
LN: O que o povo de Lagarto, bem como, a advocacia da região pode esperar do seu mandato?
Eduardo Maia: Do meu mandato especificamente, ela pode aguardar uma vigilância incansável, ela pode aguardar um trabalho diuturno diário, um empenho inesgotável e de mim, individualmente enquanto advogado militante, o respeito aos colegas, a abertura de diálogo, as portas da OAB regional abertas, a visitação as comarcas e aos distritos que competem a nossa regional centro-sul, enfim podem aguardar um trabalho incansável. Eu ouvi de um amigo advogado que: “Nós não temos um compromisso com a derrota”, o advogado não lida bem com a derrota, por isso o nosso compromisso é com a vitória e com os avanços, enquanto eles não acontecerem nós não descansaremos de forma alguma, posso te garantir, enquanto a advocacia do interior não for valorizada.
LN: 2016 é um ano de eleição. Como vai atuar a OAB Sergipe, já incluindo a regional lagartense, neste momento de acaloramento da democracia brasileira?
Eduardo Maia: A OAB nacional, ela já tem no seu presidente um discurso de atuação firme e vigilante no que tange o combate do caixa dois. A OAB conquistou algumas vitorias no ramo político, entre elas: a proibição do financiamento de campanha por pessoas jurídicas, a obrigação da ficha limpa, e para além dessas vitórias, nós lutaremos pelo combate ao caixa dois, a corrupção e a compra de voto. A OAB estará vigilante e não titubeará nesse momento político de crise moral e ética.
LN: Qual a mensagem que gostaria de deixar para o povo de Lagarto e os seus pares?
Eduardo Maia: O nosso recado inicia com a classe e alcança a sociedade. O recado que eu posso deixar para a sociedade é que um novo tempo se inicia para a advocacia, um tempo de luta, de reação, de vanguarda. A advocacia está unida e abriu os olhos para tudo que acontece, ela acordou para todos os problemas, a OAB voltará a ser forte, e a OAB voltando a ser forte, o advogado voltando a ser valorizado, o cidadão voltará também a ser respeitado. Então o povo de Lagarto e a Ordem podem aguardar de mim uma melhoria na classe que resultará numa evolução da cidadania, da democracia e olhe que estamos num ano propício para isso, inclusive. É um ano eleitoral, de mudanças.
LN: Há algum conselho que você queira deixar para o povo neste ano eleitoral?
Eduardo Maia: O recado que eu posso deixar é que: Todo esse momento de crise sirva de aprendizado, sirva de conscientização para que nós possamos votar com mais responsabilidade. É preciso repensar a importância do voto e suas consequências. Acho que essa é a maior lição que nós temos que tirar desse momento. Outro conselho válido é o de conscientizar o cidadão da sua importância na política, no engajamento social e político. O povo tem força e precisa acordar para as lutas sociais, essas são as grandes reflexões que eu peço ao leitor.