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SIMÃO DIAS (SE) – UMA AULA MAGNA DE HISTÓRIA, CULTURA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
22 de maio de 2023 - 09:14, por Claudefranklin Monteiro
Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
A sensação de que nós, os lagartenses, estamos vivendo uma letargia cultural é a mesma toda vez que vou à vizinha cidade de Simão Dias. E ainda mais intensa e assertiva desta última, quando estive conhecendo os dois mais novos espaços de memória cultural do Estado de Sergipe, com a chancela do Governo, por meio do Instituto Banese, em parceria com a Prefeitura Municipal local, inaugurados no dia 28 de dezembro de 2022, no apagar das luzes da gestão de Belivaldo Chagas.
O Centro de Memória Digital de Simão Dias Professora Enedina Chagas e o Clube Cultural Caiçara se somam a toda uma série de ações de celebração e preservação da cultura simãodiense, dignas não somente de aplausos, de louvores e de atenção dos seus munícipes, mas também de toda e qualquer autoridade pública que, efetivamente, tenha uma mente aberta, arejada e desenvolvimentista para a cultura sergipana, notadamente a gestada e vivenciada no interior, demonstrando que não é apenas a capital que deve dispor de investimentos nessa área e somente ela possuir equipamentos culturais de qualidade, a exemplo do Museu da Gente Sergipana e do Museu Palácio Olímpio Campos.
E por falar em qualidade e esmero, tendo a marca registrada do Instituto Banese, e mais de perto do arquiteto Ézio Déda, foi exatamente as primeiras coisas que chamaram a minha atenção na última sexta-feira, dia 19 de maio. Recepcionado carinhosa e competentemente pela jovem historiadora Amanda de Oliveira Santos, percorri cada metro quadro do Centro de Memória Digital de Simão Dias Professora Enedina Chagas, atento a cada detalhe e aprendendo ainda mais sobre a história do povo simãodiense. Amanda de Oliveira Santos é mestre em História pela Universidade Federal de Sergipe, tendo defendido a dissertação “Entre Traços e Contextos: As charges de Carvalho Déda no jornal A Semana (1959-1968)”, sob a orientação do Prof. Dr. Antônio Fernando de Araújo Sá. Atualmente, é doutoranda em História Social pela Universidade Federal da Bahia, aos cuidados da Profª Drª Lucileide Costa Cardoso.
O Centro de Memória Digital de Simão Dias Professora Enedina Chagas está instalado num espaço privilegiado do centro comercial. Inteiramente reformado, dispõe de vários espaços expográficos, mesclando o clássico e a tecnologia. Particularmente, fiquei fascinado com uma réplica representativa do antigo Cine Ypiranga, ornado com algumas das cadeiras que pertenceu ao Cine Glória de Lagarto. No auditório, com capacidade para 70 lugares, assisti um documentário sobre a história da cidade, tão bem produzido, que até mesmo eu, papa-jaca convicto, me senti pertencente à identidade capa-bode.
No outro espaço, sob a responsabilidade do Poder Público Municipal, quase fui às lágrimas quando, ao lado de uma estátua da cantora Paulinha Abelha, fiz um descontraído registro fotográfico. Antigo Mercado Municipal, foi adaptado para funcionar o Clube Cultural Caiçara, que além de constar de um Memorial dedicado à simãodiense nacionalmente famosa, vocalista da banda Calcinha Preta, falecida no dia 23 de fevereiro de 2022, dispõe ainda de uma sortida Casa do Artesão Simãodiense, Praça de Alimentação e um espaço de exposições, onde encontrei um projeto de minha amiga Sayonara Viana sobre o Retratista Guimarães Barbosa.
Além de Amanda, esteve comigo o tempo todo, o professor Jorge Luiz Souza Bastos, de quem já tive a oportunidade de escrever a respeito (Simão Dias, por Jorge Luiz Souza Bastos. Jornal Correio de Sergipe, Aracaju, p. A2 – A2, 05 ago. 2022), e de quem recebi os dois mais novos livros de sua autoria: “Simão Dias, Tempos e Narrativas” (EDISE, 2023) e “Uma História de Tradição e Fé” (EDISE, 2023). A safra de Jorge só cresce, firmando-se entre um dos mais importantes historiadores da cidade, mantendo características que eu, particularmente, aprecio muito: dedicação à pesquisa histórica, zelo pelas fontes e pela oralidade, respeito aos que o antecederam e capacidade de escrita, precisa e didática.
Pois bem, minha querida Lagarto, tão mais rica e maior do que a nossa vizinha Simão Dias, o que lhes falta para, enfim, dar valor ao seu talento cultural, a sua intelectualidade, ao seu passado histórico, a sua memória e a sua gente produtora de cultura? Primeiro, respeito. Segundo, educação patrimonial. E terceiro, políticas públicas que, efetivamente, deem condições que cidades como Simão Dias e Riachão do Dantas, nossas filhas diletas, têm feito nos últimos anos. Afinal, nem só de festa vive o povo. A diversão passa e a identidade e o futuro da juventude ficam comprometidos.
Salve, Simão Dias! Salve, Senhora Santana! Vida longa e história próspera, estimados, inteligentes, capazes e criativos capa-bodes.