Minha Mangueira

11 de fevereiro de 2016 - 23:37, por Claudefranklin Monteiro

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Cláudio Monteiro

Minha mãe, Maria Claudemira dos Santos Monteiro, tinha uma assertiva, entre tantas, que me punha em constante estado de reflexão. Refiro-me a uma que tem tudo a vê com a terça-feira de Carnaval, notadamente, quando o dia vai dando espaço à noite: “o melhor da festa é esperar”. E como foi boa esta espera, de pelo menos, quatorze anos.

Dispensando qualquer comentário para a famigerada música da Vingadora, a “Metralhadora”, três notícias me deixaram muito animado no Carnaval de 2016: 1) a longevidade do encanto dos filhos da alegria, do Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar; 2) a volta do carnaval de rua, que ultrapassou as fronteiras de Pernambuco e se espalhou por todo o país (menos em Lagarto: lástima!); 3) a vitória, dupla vitória (contando com o Estandarte de Ouro) da Estação Primeira de Mangueira, no tradicionalíssimo Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira foi criado no dia 28 de abril de 1928, no berço do samba carioca: o Morro da Mangueira. Foi campeão, pela primeira vez, com apenas quatro anos de fundado, em 1932. Até 2016, coleciona 18 títulos, sendo: um tricampeonato (1932,33 e 34); e três bicampeonatos (1960-1961 / 1967-1968 / 1986-1987).

Entre seus grandes e marcantes sambas-enredos, destaque para: O mundo encantado de Monteiro Lobato (1967); Yes, Nós Temos Braguinha (1984); Cem Anos de Liberdade, Realidade ou Ilusão? (1988); Atrás da Verde-e-Rosa só não vai quem já Morreu (1994); Chico Buarque da Mangueira (1998); e Brazil com ‘Z’ é para Cabra da Peste, Brasil com ‘S’ é a Nação do Nordeste (2002).

Em 2016, a Mangueira homenageou a cantora Maria Bethânia. O desfile foi formidável e fez renascer os velhos e bons tempos da Verde e Rosa, que eu aprendi a amar com o saudoso Professor José Cláudio Monteiro Santos. Dez anos depois de seu falecimento, uma de suas maiores paixões, em vida, sagrou-se, novamente, campeã do Carnaval do Rio.

Com o perdão da consanguinidade, do amor e do afeto devotado a ele, eu desconheço um lagartense que tenha sido, ou seja, mais mangueirense que Cláudio Monteiro. Ainda o vejo com o dedo em riste, braço levantado, a imitar um Mestre-Sala. E ele, com seu vozeirão, inconfundível, bradando aos quatro cantos: “Minha Mangueira!”. No melhor estilo Jamelão.

Por estas e outras, no dia de seu sepultamento, minha mãe, me pediu para que abrisse o volume de seu aparelho de som e tocasse o samba-enredo que dizia assim: “Quem plantar a paz, vai colher amor”!

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