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Dandara: “São muitas bandeiras que desejamos defender caso o povo sergipano nos permita a oportunidade de estar na Câmara Federal”
4 de setembro de 2022 - 17:06, por Marcos Peris
Portal Lagarto Notícias
A entrevista da semana no Lagarto Notícias é com a professora Dandara Vieira Santos, candidata a deputada federal pelo PT.
PLN – Qual a trajetória de vida da professora Dandara Vieira Santos?
Dandara – Nasci em 1988, sou filha de Maria do Céu – fundadora do Partido dos Trabalhadores de Sergipe, professora de português, concursada da Prefeitura de Aracaju. Com dois anos fui acompanhar minha mãe na fundação de todos os diretórios municipais sergipanos, cresci vendo ela atuar nos movimentos sociais de educação e saúde, porque minha mãe sempre militou nessas áreas. Já fui conselheira municipal e estadual de saúde, sempre militei no movimento negro e de educação
Com 16 anos me filiei ao Partido dos Trabalhadores onde tive a ficha de filiação abonada por minha mãe que era dirigente na época. Com 17 anos fui eleita coordenadora Nacional de Juventude do Movimento Negro Unificado, no sétimo Congresso Nacional, que aconteceu em Lauro de Freitas, na Bahia.
Me formei em Ciências Sociais, na Universidade Federal de Sergipe, onde também participei do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas, com o professor Wellington fiz pesquisa antropológica sobre o reconhecimento dos territórios quilombolas em Sergipe, na cidade de Santa Luzia do Itanhi, no quilombo Luziense.
Depois fui reeleita conselheira municipal de saúde de Aracaju, no Posto de Saúde Augusto César Leite, no bairro Santa Tereza, em Aracaju. Passei quatro anos trabalhando no Sebrae Sergipe, nas diretorias Técnica e Financeira. Fui secretária Executiva no Conselho de Saúde de São Cristóvão, onde também tenho raízes, meu avô Zé Bom Negão residiu na cidade, minha mãe morou e estudou no Orfanato Imaculada Coração de Jesus, minha madrinha Silvania também. Nos meus últimos 11 meses de trabalho em São Cristóvão estava na Ouvidoria da Prefeitura. Além disso, fui eleita secretária de Formação Política do Diretório do PT de São Cristóvão.
Sou filiada a Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Tenho um olhar atento aos movimentos de saúde. Com 15 anos elaborei sozinha um projeto chamado ‘Laços de Ternura’ direcionado ao resgate de adolescentes gestantes periféricas e prostituídas de Aracaju.
PLN – Porque decidiu seguir pelo caminho da educação?
Dandara – Aprendi com meus pais que educação é uma ferramenta essencial para mudar o que a gente acredita que precisa ser melhorado. Dessa forma, a educação capacita as pessoas para que a gente possa enxergar com outro olhar a nossa própria realidade, questionando de forma crítica e objetiva tudo o que está a nossa volta. Nesse sentido, tenho como primeira escola de formação, a educação proposta por Paulo Freire, com a qual trabalhei no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, no projeto Fome Zero – Rede Talher Educação Cidadã, onde fui contratada para trabalhar com os movimentos sociais de educação através. A partir daí eu consegui entender que educação não é apenas um depósito de informação, mas a contribuição que podemos oferecer, repasse de conhecimento e informações e assim fazer valer o nosso olhar crítico da própria realidade social.
PLN – Como professora, qual tem sido o seu papel na sala de aula?
Dandara – Desenvolver uma visão crítica da realidade dos alunos, fazer com que eles percebam que não são apenas agentes reprodutores de informações, mas que precisam fazer uma reflexão sobre tudo que é passado como informação, e a partir disso ter consciência e desenvolver um próprio olhar e posicionamento diante daquilo que é constituído e transmitido, e a partir disso fazer dos alunos profissionais não só qualificados, mas cidadãos críticos da própria realidade.
PLN – O que motivou a professora Dandara a querer disputar um mandato de deputada federal em Sergipe?
Dandara – A garantia do Sistema de Cotas, que esse ano faz 10 anos, nas universidades federais, ampliação do horário das creches, para que as mulheres tenham a oportunidade de estudar. O combate à violência contra a mulher, dentre outras pautas.
PLN – Sergipe nunca elegeu uma mulher para à Câmara Federal, Dandara acredita que chegou a hora do Estado ter uma feminina no Congresso Nacional?
Dandara – Já está mais do que na hora, até porque nós mulheres precisamos fazer valer a nossa militância e a política direcionada para nós precisa ser feita por mulheres, e não apenas para as mulheres. Conhecemos nossas necessidades, quando temos um compromisso biológico mensal e quando muitas de nós não temos como garantir um absorvente, é humilhante. Necessitamos que a política seja feita de mulheres para mulheres, por isso é importante a representação feminina no parlamento, onde vamos levar a política pensada de mulher para mulher para que a gente consiga construir e efetivar o direcionamento social que tanto desejamos.
PLN – Outras candidatas têm usado essa prerrogativa em suas respectivas campanhas, a senhora pretende usar essa bandeira para obter êxito em sua caminhada?
Dandara – Não é o fato de ser apenas mulher, mas uma mulher politizada, que sabe o que quer, que sabe o que vai fazer, tem militância, tem luta, tem o entendimento e quer fazer espaço público eleitoral em coletivo de pensamento e prática. Ocupar esses espaços, porque só assim vamos fazer nossa política. É chegar na Câmara e sentar na cadeira com a consciência que estamos ali para dar voz as nossas pautas, que são os anseios de milhares de pessoas, seremos a voz dessa população.
PLN – Como vem sendo o andamento de sua campanha para deputada federal?
Dandara – Está sendo estruturado de forma pautada com os profissionais que nos acompanham, nas suas respectivas áreas de atuação, que pensam a campanha não só de forma técnica, mas também política. A técnica eles trazem de suas experiências profissionais, a visão política vem a partir da ideologia que eles têm, não só partidária, mas também ideologia de esquerda, social, porque esse é o olhar que precisamos dos nossos profissionais, é a partir disso que embasamos todos os nossos passos, que a gente constrói a nossa campanha militante, uma campanha que entende o colaborador eleitoral, não só como uma pessoa que vai segurar bandeira ou entregar panfleto mas como um companheiro que entrega o material que representa a nossa ideologia, nossas práticas e nossas pautas.
PLN – Quais são suas principais bandeiras que estão sendo apresentadas ao eleitorado em sua campanha?
Dandara – Educação como explico em outra pergunta, a saúde, direcionado ao corpo feminino, direitos humanos direcionado ao combate da violência contra as mulheres em todos os âmbitos, a defesa da titulação das terras quilombolas, são muitas bandeiras que desejamos defender caso o povo sergipano nos permita a oportunidade de estar na Câmara Federal.
PLN – Qual a sua principal proposta na área da educação?
Dandara – São algumas. Apesar de não ter utilizado esse sistema, eu entendo que esse é o mecanismo balizador, equânime sobre a nossa conjuntura política racial no nosso país. Entendemos que alunos da rede pública nem sempre tem o mesmo nível estrutural dos alunos da rede de ensino particular, para que eles possam disputar uma vaga nas universidades públicas. Então, fazer com que o Sistema de Cotas continue existindo é garantir a passagem desses alunos dentro do sistema público de educação.
Garantir que nossas creches tenham horários diferenciados, para que as mães possam deixar seus filhos assistidos em ambiente adequado, com segurança para que elas possam continuar seus estudos. Muitas mulheres deixam de estudar por não ter onde deixar suas crianças, na medida que passam o dia trabalhando e a noite quando poderiam estar estudando, não tem onde deixá-los, pois as creches estão fechadas. Muitas não contam com uma rede de apoio onde possam deixar suas crianças. É importante que a gente ofereça subsídio para que essas mães possam sim, se manter em ambiente escolar e aí sim conseguir galgar um espaço no mercado de trabalho de forma qualificada e eficiente.
PLN – Com relação à disputa presidencial, a senhora acredita no retorno de Lula à presidência?
Dandara – Acredito de forma pautada não só em dados por meio das pesquisas que estão sendo apresentadas, mas também de forma qualificada, quando eu sei que o ex-presidente Lula e nosso candidato a presidência da república, tem um projeto que foi construído por muitas mãos, construído através da ideologia freiriana, petista e de esquerda e que faz valer o projeto coletivo que tanto pregamos. Ter nosso candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não só é uma certeza de voltar ao governo enquanto candidato a presidente, mas também ter a certeza absoluta que o Brasil vai voltar para o eixo e ser feliz de novo.
PLN – Qual mensagem a candidata Dandara deixa para a população sergipana?
Dandara – É necessário refletir o contexto que temos hoje, sobre o que queremos, e garantir a representação das nossas pautas, social, de gênero, de raça, de identidade regional, porque viemos de uma campanha militante, efetivamente sergipana, negra que se percebe no ambiente social não só pelo discurso, mas pela prática de vivência e experiência que temos ao longo da minha jornada.