Mário Leony: “A outorga da cidadania sergipana representa o reconhecimento do nosso trabalho e serviços prestados ao povo sergipano”

5 de junho de 2022 - 17:05, por Marcos Peris

Portal Lagarto Notícias

A entrevista da semana no Lagarto Notícias é com o delegado da Polícia Civil de Sergipe, Mário Leony.

Portal Lagarto Notícias – Quem é o delegado de Polícia Civil, Mário de Carvalho Leony?

Mário Leony – O delegado Mario Leony é um profissional que busca dar o seu melhor para a sociedade sergipana através do seu trabalho investigativo, com compromisso social, muito orgulhoso de seu ofício, agora ressignificado por sua militância em Direitos Humanos.

PLN- Como surgiu o interesse pela carreira na área da Segurança Pública?

ML – O interesse pela carreira na segurança pública surgiu a partir do meu lado curioso, do meu espírito investigativo, da possibilidade de condução das investigações contando com os recursos possíveis e acessíveis para a elucidação da autoria e materialidade dos crimes, bem como o desafio do trabalho em equipe, onde cada investigador oferece seus talentos e habilidades em prol do êxito das investigações policiais.

PLN- O senhor resolveu trocar a capital baiana por Sergipe após ser aprovado em concurso público, como ocorreu esse processo de mudança de Estado?

ML – Eu era um jovem em busca de um trabalho estável, de um lugar ao sol. Recordo que também fui aprovado no concurso para delegado na Bahia na mesma época e optei por ficar em Sergipe em busca de maior qualidade de vida, por ser um estado menor, também pela possibilidade de ascensão na carreira mais rapidamente. Além disso havia havia um componente pessoal que impulsionou essa decisão. Estava apaixonado por um sergipano e pretendia estreitar o relacionamento. Daí juntei literalmente a fome com a vontade de comer (risos).

PLN –  Atualmente, o senhor responde por delegacia em Sergipe e quais as cidades sergipanas já trabalhou como Delegado?

ML – Ao longo desses 21 anos de carreira eu trabalhei no interior do Estado em Japaratuba, Indiaroba, Santa Luzia do Itanhy, Estância, Salgado e Itaporanga D’Ajuda. Na região metropolitana laborei em Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão. Na capital estive lotado em delegacias metropolitanas que atendiam às comunidades dos bairros Santa Maria (9ª DM), Bugio (10ª DM) e centro comercial (2ª DM). Já estive lotado, em quatro ocasiões, na Corregedoria de Polícia Civil, onde atuei no cartório criminal, assessorei corregedores e presidi comissões de disciplina. Atualmente titularizo a 3ª Divisão do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

PLN- Como tem sido o trabalho desenvolvido por  Mário Leony à frente do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)?

ML – O trabalho no DHPP é muito desafiador e instigante, pressupõe uma parceria com outras forças de segurança pública e a perícia técnica. Em 2016 Sergipe esteve no Mapa da Violência como o estado proporcionalmente mais violento do país levando em conta o número de assassinatos por 100.000 habitantes, quando fui convidado a assumir a 3ª Divisão no bairro Santa Maria. De lá para cá conseguimos reduzir consideravelmente os índices de homicídios em um trabalho integrado com o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) e também acredito que o trabalho pioneiro do projeto Acorde de mediação de conflitos tenha contribuído no âmbito da prevenção.

PLN –  Na sua opinião, no contexto geral qual a atuação polícia sergipana no enfrentamento a criminalidade no Estado?

ML – No contexto geral as polícias sergipanas contam com trabalhadores dispostos a enfrentar as adversidades de um país marcado por tantas desigualdades e, consequentemente, muita violência, apesar de todas as contingências. A grande questão é a militarização da segurança pública, responsável pela maior vulnerabilidade e adoecimento desses profissionais, bem como a política perversa de guerra às drogas, que desumaniza esses trabalhadores e contribui para o extermínio da juventude preta e pobre nas periferias do nosso país. Infelizmente nosso estado não está apartado dessa realidade e alto índice de mortes por intervenção policial não pode ser naturalizado. Basta de termos a polícia que mais mata e que mais morre.

PLN- A Alese aprovou um Título de Cidadão Sergipano para o senhor, qual o sentimento em ser lembrado e homenageado pelo poder legislativo?

ML – Fico muito honrado com a outorga da cidadania sergipana, aprovada por unanimidade entre os deputados estaduais, o que representa o reconhecimento do nosso trabalho e serviços prestados ao povo sergipano.
Sergipe me presenteou com um ofício que me dignifica. Aqui eu me consagrei um cidadão mais íntegro, inteiro, encorajado. Aqui construí minha família. Agora esse bagipano de coração é sergipano de papel passado (risos).

PLN – No tocante à política, o senhor almeja um dia ingressar na vida pública disputando algum cargo?

ML – Sou filiado ao PSOL, um partido que tem lado, comprometido com a classe trabalhadora e a luta contra as opressões. Em 2018 fui candidato a deputado federal, tive uma votação expressiva e sinto muito orgulho por ter contribuído para que o PSOL atingisse a cláusula de barreira. Este ano não estarei candidato por questões de saúde, mas aposto no PSOL como um partido necessário nessa atual conjuntura de ódio, negacionismo, de retirada de direitos da classe trabalhadora e descompromisso com a democracia. Seguimos firmes nessa luta, oferecendo para a sociedade sergipana uma alternativa à esquerda, popular, inclusiva, ecossocialista, antiproibicionista, antifascista, feminista e antilgbtfóbica.

PLN – Por falar em política, o senhor lidera a coordenação do programa de governo do Psol, como tem sido esse debate com a sociedade?

ML – O programa de governo do PSOL tem sido construído a diversas mãos e mentes, por diversos atores que militam nos movimentos sociais, nas diversas frentes de batalha na luta da classe trabalhadora e no enfrentamento do racismo, machismo e lgbtfobia. Nesse sentido, todas as lutas deságuam no PSOL.

PLN – Qual mensagem o delegado Mário Leony deixa para à população sergipana?

ML – Deixo uma mensagem otimista que juntes somos mais fortes e capazes de superarmos esse momento adverso pós pandemia e pós pandemônio causado por esse desgoverno. Somente a luta coletiva e organizada será capaz de recompor tudo que o bolsonarismo destruiu nos últimos anos.

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