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CONTE SUA HISTÓRIA, JHÔ
28 de julho de 2021 - 21:35, por Claudefranklin Monteiro
Eu já a conheci e a acompanhava semanalmente pelos jornais impressos. Também sabia notícias delas e de quem se tratava pelo meu saudoso irmão e padrinho, José Cláudio Monteiro Santos. Gostava da forma como vazia o colunismo social, com aguçado senso de observação da vida real e, sobretudo, senso crítico. Suas notas não se pautavam por enfeites e bajulações, eram o retrato das pessoas e de suas sociabilidades.
Tive a honra de merecer sua atenção no dia 28 de fevereiro de 2002, quando na página 4 do Jornal Folha de Lagarto, na coluna “Jhô em Sociedade”, me incluí numa relação de 10 pessoas “Nota 10”, ao lado de figuras como o poeta Assuero Cardoso, entre outros. Lembro de ter estado em seu apartamento, aqui em Lagarto, entre as avenidas Zacarias Júnior e presidente Vargas, uma única vez. Mas, foi um dia marcante, onde jogamos conversa fora e trocamos ideias, regada uma boa cerveja gelada. Depois disso, não a vi mais.
Recentemente, organizando e digitalizando o acervo jornalístico do professor Emerson da Silva Carvalho, me deparei com diversas de suas colaborações em vários momentos de jornais lagartense. Em 1985, por exemplo, chegou a circular um impresso todo seu, chamado “Folha da Jhô”. Foi então que procurei saber um pouco mais de sua história e prestar-lhe essa singela homenagem.
Josete Miranda nasceu no dia 31 de outubro de 1950, no bairro da Liberdade, na Estrada da Rainha, em Salvador-BA. É de uma família de quatro rebentos de seu Joao da Cruz Leite e Giselia de Miranda Leite: Jose Adolfo, Joselia Leite Joselito Rodrigues e ela. Seu pai era marceneiro e sua mãe foi professora. Por conta da profissão materna, precisou morar em lugares diferentes: Amado Bahia, Elísio Medrado (Paraíso). É época, o professor ía para onde era solicitado. Desses deslocamentos constantes, guarda com saudosismo os momentos que viveu na infância na Fazenda Santa Clara, quando teve seu primeiro e marcante contato com a natureza.
De volta à Salvador, foi morar em Periperi. Perdeu sua mãe muito cedo, em razão de um AVC. Tinha por volta dos 10 anos. Foi quando fez exame de admissão. Sua vida seguiu firme na formação escolar graças a uma tia, com quem foi morar: “ (…) também era professora e proprietária de uma grande escola em Salvador. Graças a minha tia e sua filha, a quem devo imensamente o meu alicerce cujos nomes eram Laurinda e Gisete Miranda, ambas falecidas” (Salvador-BA, 24 de julho de 2021).
O amor materno de sua mãe era refletido em sua prima Gisete. Morou com ela dos 10 aos 17 anos de idade, quando esta precisou se casar. Assim, ficou morando sozinha com a tia. Foi nessa época que se envolveu com política. O Regime Militar vivia seu momento mais duro no Brasil e ela se tornou militante contra a opressão política da época, participando de protestos como pichação, panfletagem e comícios e encontros secretos
“Aos dezessete anos, quase fui presa, porque fiz um mural abordando a situação do pais, mas me safei diante de 3 detetives e 2 diretores do Colégio M.A Teixeira de Freitas, dizendo a eles que só tinha 17 anos, porém fiquei sendo observada e perseguida” (Salvador-BA, 16 de julho de 2021).
Foi quando voltou a morar com Zete. O destino traço então sua coordenada para Lagarto, quando foi traída por um companheiro que a dedurou e a seus amigos. Por muito pouco não foi presa, pois sua tia teve a ideia de mandá-la para as terras de Sílvio Romero, para viver na casa de sua irmã, Josélia Leite: “cidade maravilhosa que me acolheu com tanto amor” (Salvador-BA, 16 de julho de 2021).
Sua formação escolar foi toda feita na Bahia. O primário, hoje Ensino Fundamental I, no Educandário Nossa Senhora de Brotas, que pertencia a sua tia. Fez o ginásio, atualmente Ensino Fundamental II, no Ginásio Estadual Gois Calmon. Depois, o Normal, hoje Pedagógico, no Colégio Nossa Senhora da Conceição e depois o técnico em ADM, no M.A Teixeira de Freitas. Estudou Esperanto, uma língua Universal, hoje, extinta. E Letras com Inglês na FTC. Já em Lagarto, pela Universidade Federal de Sergipe, iniciou Estudos Sociais, mas não concluiu, pois foi chamada para trabalhar em Tobias Barreto, como Caixa Executivo, na Empresa BANESE.
Na escola de sua tia, Educandário Nossa Senhora de Brotas, teve sua primeira experiência profissional, aos 14 anos, como ajudante de sala de aula. Anos depois, voltou a viver docência, aos 21 anos, como professora de Francês no Colégio Nossa Senhora da Piedade, em Lagarto. Ainda na profissão de professora, a convite do amigo Paulo Andrade Prata, foi apresentada ao monsenhor Mário Rino Sivieri, que a convidou para lecionar no Colégio Laudelino Freire e também no extinto Colégio Cenecista Santa Luzia, na Colônia Treze, à época dirigida por Ângela de Josecílio. Foi ainda professora de português no Colégio Nossa Senhora Salete, também em Lagarto.
Para melhorar suas condições financeiras, foi substituir uma funcionária pelo período de três meses, como Auxiliar Administrativa na EMATER-SE (EMDRAGO). Nesse interim, os engenheiros agrônomos Alberto e Adelino gostaram do seu trabalho e acabou se fixando durante 3 anos. Inquieta por natureza, inteligente e astuta, perseguia o cobiçado concurso do Banco do Brasil, tendo sido aprovada no Banco do Estado de Sergipe (BANESE).
Sobre o gosto e militância na imprensa, assim nos disse em entrevista:
“A palavra tem PODER. Quando eu tinha uns treze anos, discuti com o marido de minha prima-irmã, Nizete Miranda Boulhosa, a respeito de comida. Eu disse a ele que ele só pensava em comer e que comida não era tudo, no que me retrucou dizendo que em minha casa não ia ter comida. Na ingenuidade da idade, disse-lhe que só iria viver nas “manchetes dos jornais” e de” festa em festa” e no “glamour” (Salvador-BA, 24 de julho de 2021).
Em 1972, na porta da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, recebi um convite de meu amicíssimo Emerson Carvalho para ser colunista do jornal O LAGARTO, que inicialmente foi de Júlio Modesto e depois de Raimundinho. Depois seu amigo Cabo Zé, a chamou pra ser colunista na FOLHA DE LAGARTO e como a aceitação foi muito grande ele criou um programa na FM Eldorado intitulado” HI SO”. Com o sucesso, a convite de Arnóbio, também passou a para escrever para o Jornal de Itabaiana, uma curta experiência, mas gratificante.
Não milita mais na imprensa. Morou em Lagarto até 2008. Queria buscar novos desafios, estava cansada, pediu demissão voluntária do BANESE, queria ficar perto da família. Queria também uma nova vida para os filhos: Marco Antônio (que lhe deu cinco netos), Eliziário Júnior (que lhe deu mais netos e destes um bisneto) e Cássia Kebeca (de quem é avó de dois de seus filhos). Em dezembro daquele ano, voltou para Salvador. Em março, começou a trabalhar no Colégio Augusto Freitas, como professora de Português.
“O Universo estava a meu favor. Novamente a força das palavras veio à tona. Um cliente do Cantinho da Jhô perguntou se eu vinha pra Salvador para trabalhar e se já tinha emprego. Eu respondi pra ele que não, mas que Deus estava guardando um lugar pra mim. E não deu outra. Estava mesmo. E aí tudo (re)começou. Fiz uma revolução. Colocaram na grade curricular Jornalismo. Convidaram-me para dar aula e aproveitei a oportunidade e criei um Jornal e uma Rádio. Graças a ela, temos hoje um espetacular jornalista conhecido como Léo Bala, meu substituto na emissora. Após três anos, saí e fundei meu cursinho. Foram 14 anos de dedicação. E como o Corpo fala ele falou, eu não ouvi, então ele gritou com uma forte fadiga e me impulsionou a deixar o que amo fazer: rádio, jornal , ensinar e aprender” (Salvador-BA, 24 de julho de 2021).
Perguntei a Jhô de quê e de quem tinha saudade de Lagarto, no que ela assim me respondeu:
“Dos amigos, dos encontros, em especial dos artistas como Assuero Cardoso e Anderson que se reuniam no Cantinho da Jhô. Sinto saudades de minha irmã Josélia e dos meus sobrinhos Ana Paula Marco José, do meu sobrinho-neto Luquinhas, e do meu ex-cunhado, Marco Polo. Dos meus amigos que se foram, tais como: Emerson Carvalho, Claudio Monteiro, Aguimarom Menezes, Joaquim Prata, Júlio Modesto e tantos outros. E nesse momento tão especial aproveito para pedir Perdão aos lagartenses por ter causado tanta dor e sofrimento colocando nos Jornais notícias desagradáveis” (Salvador-BA, 24 de julho de 2021).
Em outubro deste ano, Josete Miranda, nossa querida Jhô, fará 71 anos. Madura, deu uma nova guinada a sua vida, inclusive no campo espiritual, se dedicando a leituras e reflexões em torno do despertar quântico e do coaching quântico, além do Reuki Shamballa, filosofias de vida que segue e pratica em busca do equilíbrio e da paz interior.
Nesse sentido, assim se define:
“Jhô é uma Caminhante que fez uma Troca de Identidade para alcançar as maravilhas que o Universo nos oferece.
Jhô é um ser que hoje, pede perdão e perdoa sem pestanejar.
Jhô é um deus em ação que estende a mão para aqueles que necessitam de sua ajuda.
Jhô é AMOR INCONDICIONAL, corrigindo os erros do passado para ficar bem com DEUS COM SANANDA, COM MÂE MARIA E OS SERES DE LUZ E CONSIGO MESMA” (Salvador-BA, 24 de julho de 2021).