Poço Verde aparece em ranking dos municípios mais vulneráveis do Brasil para Covid-19

21 de maio de 2020 - 10:09, por Marcos Peris

O Instituto Votorantim lançou o Índice de Vulnerabilidade dos Municípios (IVM) diante da pandemia de Covid-19. Ao todo, foram avaliados itens de 5.570 cidades do Brasil, no tocante às questões ligadas diretamente à saúde, renda per capita e situação fiscal.

O levantamento utiliza dados públicos obtidos por meio de fontes oficiais, sendo disponibilizado gratuitamente para apoiar a tomada de decisão de gestores públicos e privados envolvidos em ações de combate à pandemia.

No ranking, Sergipe desponta com dez municípios na lista dos 150 primeiros mais vulneráveis do país, com índices acima dos 70 pontos numa escala de vulnerabilidade que vai até cem. Na dianteira dessa lista está o Município de Poço Verde, com pontuação de 72,80, ocupando a 29ª colocação no total geral.

Também fazem parte do ranking Carira (40º); Simão Dias (44º); Aquidabã (64º); Santa Rosa de Lima (84º); Umbaúba (87º); Pedrinhas (101º); Nossa Senhora Aparecida (122º); Nossa Senhora de Lourdes (134º) e Feira Nova (141º).

O IVM considera fatores como a proporção da população idosa, o PIB per capita, o número de leitos hospitalares e de UTI, o número de respiradores por 100 mil habitantes, além da situação fiscal dos municípios. São utilizados apenas dados públicos, de órgãos como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sistema Único de Saúde (SUS), Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANSS).

De acordo com o gerente geral do Instituto Votorantim, Rafael Gioielli, de início o índice foi pensado para o consumo interno, porém a diretoria decidiu torná-lo público devido à consistência dos dados e robustez das informações.

“A gente desenvolveu esse índice, a princípio, para uso interno, já que a gente tem feito diversas ações de apoio ao combate à pandemia. Quando a gente percebeu que ele estava bastante consistente, bastante robusto, a gente tomou a decisão de torná-lo público, após conversar com alguns especialistas, colegas da área do investimento social privado”, conta o gestor.

Ele explica como foi feito o estudo até se chegar ao produto final: “Observamos que os impactos da pandemia são multidimensionais, então eles não estão apenas na ordem da saúde pública ou das questões sanitárias, mas também têm relação com outros fatores, como fatores urbanísticos, fatores relacionados ao perfil da população, à distribuição de renda e às condições fiscais dos municípios. Então, nós estruturamos os índices baseado em cinco dimensões”, afirma Rafael.

Segundo ele, a primeira questão analisada foi a vulnerabilidade social da população, a exemplo da pobreza, da quantidade de idosos e também um fator crucial, a densidade demográfica. “A primeira delas tem a ver com a população vulnerável e vai observar dentro daquele município qual o percentual da população que estaria mais exposta às consequências do coronavírus, a questão de pobreza e de idosos, além da densidade demográfica. A gente olhou também para o aspecto relacionado à economia do território, justamente para tentar entender o perfil de renda da população”, pontua.

E continua: “Olhamos duas dimensões relacionadas aos temas de saúde. De um lado a estrutura de saúde disponível, basicamente enxergando leitos convencionais e de UTI, além da disponibilidade de respiradores e ventiladores na microrregião. Olhamos também outros aspectos relacionados à saúde, por exemplo, como a incidência de doenças sensíveis à Covid-19 na microrregião. Então, a gente sabe das comorbidades que são fatores de risco na questão da contaminação e mapeamos a incidência na região. Olhamos também a cobertura pela atenção básica e a população que depende do sistema público de saúde”, explica o gerente geral do Instituto Votorantim.

Por último, dentro do objeto de análise, o levantamento levou em conta o aspecto fiscal, o quanto que os municípios têm condições no seu orçamento de manejar recursos para o combate ao coronavírus. “Por exemplo, na contratação de médicos ou de equipamentos, se o orçamento público está muito estrangulado, o gestor tem pouca margem para manobrar ações de combate”, avalia Gioielli.

Apesar do estudo, o Instituto Votorantim reconhece as dificuldades enfrentadas pelo Brasil e espera contribuir na tomada de decisão dos gestores. Além disso, ele acredita que o isolamento ainda possa ser o grande peso nessa balança que custa vidas.

“A gente sabe do desafio que é combater o coronavírus num país com as dimensões do Brasil e com as condições do Brasil, tanto em relação ao perfil da população, a situação de pobreza, falta de saneamento, lacunas na oferta de serviços de saúde. Então, a gente espera que o estudo ajude aos gestores a tomar melhores decisões. É fundamental que as recomendações de isolamento social determinadas pela Organização Mundial de Saúde sejam seguidas. Talvez essa decisão surta um grande efeito. Fazer boas escolhas é fundamental para que a gente vença e passe com o menor número possível de óbitos”, finaliza Rafael Gioielli. (Reportagem:Diego Rios)

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