DIÁRIO DE UMA QUARENTENA (MÃES)

10 de maio de 2020 - 10:15, por Claudefranklin Monteiro

Como já perceberam, duas grandes mulheres marcaram a minha vida: Dona Claudemira e Vovó Eutímia. A presença feminina sempre foi muito marcante em minha jornada. Algumas das mulheres às quais rendo homenagens na presente crônica, em algum momento cumpriram e cumprem uma função materna para mim. A todas elas, a minha gratidão.

Passei a primeira parte de minha infância num bairro chamado Libório (perto de minha residência atual), à época muito carente. Minha babá, Lúcia, me levava para a casa de seus pais, onde ficava parte do dia. Minha mãe dizia que as senhorinhas me enchiam de dengos e cuidados. Como não deixar de mencionar Dona Maria da Conceição (Neguinha, pois sempre a chamamos assim, sem nenhum demérito, carinhosamente). Zelou por nossa casa e da gente por muito anos e até hoje, quando nos encontramos, beijos e abraços não são suficientes para dizer o quanto a amamos.

Minha mãe era muito ligada as suas cunhadas, eram quase como irmãs. Entre elas, Tia Teca, que morava no povoado Telha (hoje, anexo do Bairro Cidade Nova). Eu era muito mimado por Tia Teca. Não saia de seus braços, adorava o cheiro dela e seus cabelos encaracolados. Ela arrancava meus dentes de leite com uma linha, numa delicadeza sem igual. Oportunamente, falarei mais um pouco dela e do seu sítio.

Meu primeiro emprego, aos 11 anos de idade, foi a de entregador de pãozinho de queijo, que Analice fazia para vender em bares e restaurantes. Acordava cedo e tomava café com Didi. Era como a chamamos até hoje. Na impossibilidade de minha mãe me conduzir ao altar, foi ela quem entrou comigo no meu casamento. Analice era filha de Tia Teca.

A outra mulher me pedia para fazer uma fezinha na loteria e me prometia dez por cento da bolada se acertasse os números milionários. Ela era prima de minha mãe e a visitava todos os dias. Quando eu resolvi casar, Inês Flora deu-me um dos depoimentos e conselhos mais lindos que já ouvi, que me fez debulhar em lágrimas.

No ginasial, três professoras foram muito marcantes para mim. Importantes para a minha formação intelectual e moral. Tia Lourdes, a primeira delas, no que seria o primário (primeiras letras). Quanta doçura e paciência comigo. Minha professora de português, Goretti, deixou marcas importantes, pela dedicação ao ensino e por ter uma letra que era um primor. De igual modo, Luzia Vasconcelos, a quem chamávamos de “minha flor de maracujá roxo”. Ela ensinava artes e me acompanhou até à oitava série, no Colégio Laudelino Freire. Anos depois, fomos colegas, quando retornei à instituição para iniciar minha carreira na docência.

No Ensino Médio, nossa mãezona era a professora de biologia, Eliane Marques. Foram três anos no Colégio Abelardo Romero de grandes aprendizagens. Ela, seu marido, Dr. Djalma, e Fernando Bezerra (nosso professor de História), nos proporcionaram inesquecíveis momentos de reflexão, crescimento pessoal e viagens; marcantes passeios ecológicos, como o que fizemos à Serra da Miaba.

No Ensino Superior, no Curso de Licenciatura em História da UFS, além das professoras Verônica e Maria Nely, uma, em especial, foi e segue sendo muito significativa pra mim. Refiro-me à Terezinha Oliva, responsável direta pelo meu desenvolvimento intelectual. Sua dedicação, seu profissionalismo e, sobretudo, seu carinho foram fundamentais não somente na graduação e depois no Mestrado em Educação, mas também nas lides culturais de Sergipe.

Nesse período, que passei em Aracaju estudando, notadamente na graduação, não posso deixar de mencionar duas outras mulheres. Jovina, que foi casada com meu tio materno (Tonho de Sinhô), que me acolheram em sua casa na rua Pedro Calazans. De igual modo, Tia Rita, casada com meu tio materno, Raimundo, que na mesma rua, descendo um pouco, acolheu Raylane do Nascimento, minha prima, e, vez ou outra a mim também, a nos presentear com sua deliciosa e prendada culinária.

Quando eu casei, em 1998, minha mãe ainda era viva. E passei, doravante a ter outra mãe muito amada. Minha sogra, Lindete, esteve e segue estando conosco em todos os momentos. É uma guerreira, uma mulher de fibra, de bem com a vida e dedicada aos seus, sempre pronta a servir a quem dela necessite. Eu a amo incondicionalmente como se tivesse saído de seu ventre.

Na Academia Sergipana de Letras, fui recebido por várias mães, tias e até uma irmã de alma, cuja história materna é linda demais: Márcia. São tantas, que para não cometer injustiça, quero saldar uma em especial e por ela todas as confreiras daquele Sodalício com jeito e feições de casa. Refiro-me à Jane Nascimento, a quem chamo de mãe e peço a bênção nos moldes tradicionais. Uma mãe espiritual que me acolheu na ASL com afeto e por quem nutro uma afeição sem igual.

Porém, essa crônica não estaria completa se não saldasse a mãe de meus filhos. A mulher que Deus me presenteou e com quem divido alegrias e tristezas. Deus seja louvado por seu colo, amor e amizade, Patrícia Monteiro. Companheira de todas as horas, conselheira de mão cheia, porto seguro e alma gêmea.

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