Ralbert Menezes: “Quando eu perceber que não dá, eu vou insistir, eu vou insistir”

27 de dezembro de 2015 - 10:44, por Alexandre Fontes

Entrevistado da Semana

A entrevista da semana é com o policial militar, economista, estatístico, microempresário, educador por amor, Ralbert Menezes de 28 anos de idade.

Durante a entrevista, Menezes nos fala das suas expectativas em relação à economia, bem como, o seu olhar sobre a saída da atual crise econômica vivida pelo Brasil. Além disso, nos fala um pouco da sua trajetória e deixa um recado para os pré-vestibulandos e concurseiros de plantão. Acompanhe:

Lagarto Notícias: Quem é Ralbert Menezes?

Ralbert Menezes: Ralbert Menezes é, acima de tudo, um batalhador e que acredita. Acho que são dois resumos.

LN: O jovem de apenas 28 anos hoje é estatístico e economista, porque escolheu tais cursos?

Ralbert Menezes: Na verdade estatística, ela caiu no colo porque a minha vontade era fazer: ou matemática, física ou economia e por trás vinha a contabilidade, mas eu, através de um amigo que começou a expor a estatística para mim. Ele fez “não rapaz a estatística você consegue ser matemático, ser físico, ser contador, então ela consegue abarcar matemática, economia, física e isso foi a porta de entrada. E a economia é a minha paixão hoje porque estatística é meu suporte hoje, mas a economia é o meu carro chefe. Trabalhar economia hoje é minha prioridade.

LN: Sendo economista, como você analisa a atual crise econômica vivida pelo país?

Ralbert Menezes: Primeiramente crise política. E política e economia andam juntas, você pode observar que ministros da fazenda e planejamento estão sempre entrando em acordo com o congresso, eles fazem as pautas, algumas pautas fortes são chamadas de pautas bombas e eles se voltam ao congresso para fazer um acordo e se o mesmo concordar, bem, essa pauta vai seguir um planejamento mais aguçado, caso contrário ela será vetada por ali mesmo. Então essa crise financeira, infelizmente o Brasil tem um índice que mede a corrupção entre esses indicadores econômicos, então essa crise econômica é uma serie de fatores, você tem a crise política, tem a corrupção calculada que gerou um impacto na mesma de 2,5 a 3% em relação ao déficit publico juntamente com o PIB, ela foi uma das principais causadoras: Lava Jato, Zelotes dentre outros. Então nessa crise você tem crise política você tem economia e corrupção atrelado e sem contar que, Cultura brasileira né?! O brasileiro ele não tem aquela cultura econômica, está tendo hoje por conta da escassez no seu bolso.

LN: Em sua opinião, a solução dessa crise será em curto, médio ou longo prazo?

Ralbert Menezes: Toda crise é um contexto passageiro, tudo na vida passa, mas eu acredito no seguinte: acho que a gente deve parar de fazer propagandas, de lançar marketing sobre esse nome: crise, que somos nós que estamos fazendo marketing com essa crise e porque não em cima dessa crise você criar oportunidades? Então, eu trabalho em cima de oportunidades, eu sou um caçador de oportunidades em meio à crise, não é que eu me aproveito, mas o comportamento empreendedor segue de acordo com o clima, essa crise econômica não tenha dúvida que iremos passar, mas toda crise tem as suas sequelas, isso é inevitável. Mas, sobretudo, acredito que no inicio de 2017 é que as coisas vão começar a si estabilizar. 2016 não, 2016 vai ser um ano de juntar os cacos.

LN: Acredita que a crise será pior do que em2015?

Ralbert Menezes: Acredito que não vai ser pior, ao contrário do que dizem grandes economistas, porque uma coisa é você ser pego de surpresa como em 2005 que era até uma pauta da Dilma que a economia se encontrava bem, então todos nós fomos pegos de surpresa. Então quem foi que não fez vários compromissos seja financiamentos, contratos, quem não fez? 2016 vai ser um ano difícil, mas é um ano difícil onde nós, chamamos em fases econômicas que são as famílias, a gente vai ter um pensamento voltado pra economia onde eu não vou dar aquele passo a frente porque eu sei que o mercado esta desestruturado e não tem uma base sólida, então vou dar uma segurada. O normal de todos nós é sermos insegurados.

LN: Você acredita que o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff será melhor ou pior para a economia?

Ralbert Menezes: Acho que seria ruim para a economia, porque o impeachment é como se ele fragilizasse todo o país e um país fragilizados, você nota que o país perdeu o selo de bom pagador por duas agências, isso pra investidores de capital liquido, que estão no exterior, é ruim. Então com o impeachment o país torna-se fraco, como se ele ficasse aberto, exposto. Então hoje o impeachment não seria uma boa opção não. Acredito que temos que arregaçar as mangas e juntar os cacos e se você observar o próprio ministro da fazenda, o Nelson Barbosa, ele não tem uma boa aceitação entre os investidores mundiais, eu acho que foi uma mal pedida dela [Presidenta Dilma Rousseff] existem vários: tem Henrique Meirelles, Delfin Neto recusou porque não tem condições mais, mas tem várias pessoas de Know-holl. O Joaquim Levy estava com uma política de arrocho muito forte e saiu porque estava entrando em choque com o governo e Dilma quer isso. Barbosa será um porta-voz, no qual ela vai ditar o ritmo e ele vai seguir.

LN: Ele não tem condições de tirar o país da crise?

Ralbert Menezes: Não, não tem não porque ele não é bem visto pelos investidores. Ele tem um bom currículo, mas não tem Know-holl internacional. Tinha que ser um nome forte, o mais indicado era Henrique Meirelles, ex-diretor do Banco Central, e que era um nome indicado por Lula.

LN: Com a crise econômica muitos empregos foram destruídos, existe alguma saída que seja menos dolorosa para a classe trabalhadora?

Ralbert Menezes: Sem dúvida, toda crise geram-se oportunidades, você vai saindo pela tangente, então grandes mercados como São Paulo, Rio de Janeiro de Minas Gerais, acompanho muito pequenas empresas e grandes negócios, então você observa que em alguns pontos a crise não chegou porque nós, como empresários, temos que reduzir a nossa margem de lucro para que as a coisas possam caminhar, mas relacionado a falta de emprego, isso é algo normal. Quando há inflação, crise econômica, sem duvida reduz-se as vagas de emprego.

LN: Há algum tempo, você foi aprovado no concurso da PM. Ser Policial Militar sempre foi o seu sonho ou foi a consequência de uma busca pela estabilidade financeira ?

Ralbert Menezes: Na verdade eu acho que a estabilidade financeira é o sonho de qualquer pessoa e nunca tive sonho de ser PM, mas o sangue e o sentimento de policial teve que entrar por osmose, mas mesmo assim nunca tive sonho e se você perguntar se eu tenho vontade de sair, eu tenho, mas não posso sair e ficar à ver navios e foi um fato por acaso. A minha mãe mora na rua onde hoje eu tenho 28 anos e os meninos 35, na época eu tinha 17 e os meninos 22, então eu era o mais novo da casa, tinha acabado de passar na Universidade Carlos Chagas e o concurso foi Carlos Chagas, foi tanto que quando abri a prova eu disse: “não acredito”, eu tinha estudado direito e informática, terminei a prova e liguei: “Mãe, sinceramente, eu acho que eu passei viu?!”, ai ela começou a chorar e eu perguntei: “o que foi mulher?” e ela: “você vai morrer cedo” e eu disse não acredito. Então eu nunca tive sonho e encaro como emprego e profissionalismo.

LN: O senhor poderia ter dedicado a sua vida apenas a carreira militar, mas acabou fundando o Exclusivo Ensino, por quê?

Ralbert Menezes: Em relação a PM, eu acho muito bonito, mas entrei pra ser soldado se quiser me tornar cabo, sargento, deu porque quis, eu não pedi a ninguém, entrei pra ser soldado e eu sempre gostei e tive muito apreço pela economia e pela educação. E o meu sonho era fundar uma instituição, a qual eu pudesse transmitir educação e, sobretudo, que a mesma fosse algo de curto prazo, você estudaria por um tempo e passaria no seu concurso. Então o Exclusivo, ele nasceu numa garagem, há uns sete anos, eu trabalhei no povoado Jenipapo cerca de quatro anos e ensinei matemática aqui no município na época, faltava um mês e meio pro concurso aqui de Lagarto, ai juntou cerca de 28 pessoas, minha irmã com língua portuguesa e eu com matemática, a partir dai comecei a fazer alguns ajustes pra gente acrescer informática e conhecimento gerais, então ele surgiu numa garagem em 2011 e quando terminou essa turma algumas pessoas diziam: “Rapaz, tente! Tenha coragem e vá pra Lagarto”, na época tinha quatro cursinhos aqui, para mim a marca foi 28/02/2012 que foi a data em que nós começamos lá na galeria Opção e nesse ambiente que atualmente nos encontramos, a sede própria, tem cerca de dois anos já, sempre foi o sonho, sempre digo “ eu tenho o que eu gosto” e quando eu perceber que não dar, eu vou insistir, vou insistir porque você não vai dar murro em ponta de faca, mas você tem que acreditar e ao vim pra cá, eu senti a falta de um ensino de qualidade e simples.

LN: Em todos esses anos a frente de um dos maiores pré-vestibulares da região centro-sul, qual a maior dificuldade encontrada?

Ralbert Menezes: O início foi difícil, ainda hoje é um pouco complicado por causa da cultura, mas cultura a gente consegue reverter, pensamentos a gente reverte com trabalho e dedicação.

LN: Qual a maior realização da sua vida? E certamente a sua maior alegria?

Ralbert Menezes: A minha realização foi primeiramente a minha estabilidade, foi ter materializado esse sonho que foi a fundação do Exclusivo Ensino, a minha instituição de ensino, que eu comento lá que eu tenho porque eu gosto e são sonhos que, particularmente, são imensuráveis que é a minha estabilidade, minha instituição de ensino e algo que sempre vislumbrei foi me formar pela UFS.

LN: Um momento inesquecível?

Ralbert Menezes: Quando eu fui orador na minha formatura, que foi Centro de Ciências Exatas e da Terra e Tecnológica da Universidade Federal de Sergipe. Éramos 530 e eu fui orador. Cada centro tinha sua função e o meu centro tinha a função de designar orador, então como eu sempre tive essa facilidade de me comunicar, fui indicado e para mim foi o momento mais gracioso, mais audacioso da minha vida.

LN: O ano de 2015 não foi fácil para ninguém, mas esse 2016 já aparece com a abertura de alguns concursos, se pudesse deixar uma mensagem aos concurseiros, pré-vestibulandos e a população lagartense, qual seria?

Ralbert Menezes: A mensagem maior eu acredito que seja as duas minhas iniciais: Batalha e sempre acreditar. É muito fácil você chegar e dizer acredite e batalhe, motivação é algo intrínseco, eu não consigo lhe motivar porque essa motivação vai sair do seu interior. Então a mensagem que eu quero deixar é o seguinte: Apesar de ter existido matérias em que o governo fez alguns cortes no orçamento, que de fato eles fizeram, que de fato irá reduzir as ofertas de vagas nos concurso públicos, que você corra atrás dos seus objetivos, que você corra, que você vá, não deixe de estudar porque enquanto você deixa de estudar, outro ali atrás na sala ou ao seu lado está estudando. 2016 haverá INSS, EBSERH dentre outros porque eles foram autorizados em 2015, as vagas dos próximos concursos que serão autorizados não vai ser a mesma de 2015, mas não deixe de se dedicar, siga estudando, estudar é conhecimento, alguém pode chegar e te roubar alguma coisa, mas ninguém vai conseguir tirar de você o seu conhecimento.