Mulheres de Simão Dias elevam renda familiar a partir do Projeto Dom Távora

5 de agosto de 2019 - 09:29, por Marcos Peris

A presença de mulheres do campo nos planos de negócio financiados pelo Projeto de Negócios Rurais para Pequenos Produtores [Dom Távora] é uma exigência do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA. O critério para a liberação dos recursos, investidos em parceria com o governo de Sergipe, é que no mínimo 30% dos beneficiários inscritos sejam mulheres. Em Simão Dias, no Centro-Sul Sergipano, foram investidos R$ 4,5 milhões no financiamento de 12 planos de negócios, beneficiando 782 famílias em comunidades rurais.

A ampliação da participação de mão de obra feminina é visível nos empreendimentos da região. Entre projetos de criação de pequenos animais, hortas irrigadas e corte e costura, quase a metade é dirigido por presidentas. Além de serem as titulares dos empreendimentos familiares, elas fiscalizam a execução dos projetos. “É muito importante a gente estar por dentro de tudo, fiscalizando direitinho. Além disso, é muito bom ter horta em casa, porque as hortaliças todas são sem veneno, ou seja, vamos vender e consumir produtos livres de agrotóxicos”, disse a produtora Aline Santos.

Aline é uma das três mulheres que compõem o conselho de orçamento da Associação das Mulheres Artesãs e dos Agricultores do Povoado Apertado de Pedra, do qual participam 94 famílias. Nesse povoado, o Dom Távora investiu R$ 511.795,30 na implantação de empreendimentos rurais de corte e costura, criação de ovinos, aves e a horticultura, segundo conta Cesar Valadares, supervisor do escritório em Simão Dias da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), subsidiária da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) – órgãos que executam o projeto no Estado.

“Em cada comunidade, tem um técnico que presta assessoria na parte de ovinocultura e de avicultura, responsável pelo atendimento de até 100 famílias. Também temos o apoio de técnicas em Economia doméstica, complementando com a parte de corte e costura e da alimentação. O Dom Távora visa justamente ao fortalecimento e inclusão da mulher e dos jovens, com o intuito de promover geração de emprego e renda para a agricultura familiar nos municípios”, explica Cesar Valadares. Ainda segundo ele, o Dom Távora investiu em sistemas de abastecimento de água para viabilizar três dos projetos simãodienses.

Vivendo no povoado Rua do Fogo desde os cinco anos, Dona Elza Nascimento (55) e seus familiares participam do projeto com a atividade de ovinocultura. “Nós sempre criamos. O meu filho sabe aplicar injeção e cuidar dos cascos dos carneiros. Temos um pastinho, mas tem sempre que dar a ração também. Como a gente já tinha o aprisco, eu pedi ao projeto a ração e os animais [matrizes]. Para quem não criava, vai ser bom ter esse lucro; mas para quem já criava, o lucro vai ser ainda maior”, conta a criadora, animada.

Na Associação de Desenvolvimento Comunitário dos Moradores do Povoado Rua Do Fogo, 56 famílias são contempladas com empreendimentos rurais de ovinocultura e avicultura, além de uma confecção comunitária de roupas. Para a costureira Irene Araújo, o projeto serve também para incentivar as novas gerações. “Já costuro há muitos anos e vou costurar junto com elas, para que aprendam a fazer shorts, vestidos, saias e algumas peças de lingerie, como calcinha e sutiã. É importante ensinar e aproveitar a vontade que elas têm em aprender, ainda mais com o maquinário que recebemos, que dá para fazer de tudo. Vamos poder vender as peças na feira, para as lojas ou pessoas conhecidas”, revelou Dona Irene.

SOBRE O DOM TÁVORA

Executado pela Seagri/Emdagro, o Projeto Dom Távora dispõe de uma unidade técnica específica para análise das propostas originadas das comunidades. Podem participar as famílias vulneráveis residentes nas áreas rurais de atuação do Dom Távora, e que estejam organizadas em associações, comunidades quilombolas ou assentamentos rurais. O Projeto atende a 15 municípios do estado, localizados nos territórios Centro-Sul (Tobias Barreto, Poço Verde e Simão Dias); Agreste Central e Médio Sertão (Pinhão, Nossa Senhora Aparecida, Carira, Graccho Cardoso e Aquidabã); Baixo São Francisco (Japoatã, Santana do São Francisco, Ilha das Flores, Pacatuba, Brejo Grande, Neópolis e Canhoba).