Assédio sexual no ambiente acadêmico é tema de audiência pública no IFS de Lagarto

28 de maio de 2019 - 09:01, por Marcos Peris

“Quando se fala em assédio sexual, muitas pessoas pensam que o ambiente acadêmico é um espaço imune a ele. Mas não: o espaço acadêmico está inserido na sociedade e, por isso, também pode trazer – e traz – problemas de diversas naturezas, entre os quais está o assédio”. Foi com essa reflexão que, na tarde da última quarta-feira (22), no IFS – Campus Lagarto, a Procuradora da República Martha Figueiredo abriu a audiência pública que teve como tema “Assédio sexual no meio acadêmico: ações efetivas para a prevenção e o enfrentamento”.

A Procuradora da República Martha Figueiredo explicou inicialmente como se dá uma audiência pública (Foto: César de Oliveira)

A Procuradora da República Martha Figueiredo explicou inicialmente como se dá uma audiência pública (Foto: César de Oliveira)

O evento é uma iniciativa do Ministério Público Federal (MPF) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em parceria com algumas instituições de ensino do estado de Sergipe. Na ocasião, estiveram presentes, além da procuradora, a advogada Valdilene Martins, vice-presidente da Comissão dos Direitos da Mulher da OAB/SE, e a advogada Joana Gabriela, representante do Coletivo Mulheres Livres.

A audiência pública é um instrumento previsto em lei que visa à ampliação do debate público sobre determinado assunto, com vistas à aproximação entre sociedade e autoridades competentes. A procuradora Martha Figueiredo destacou a importância do tema com estatísticas recentes e falou que a promoção das audiências em universidades e institutos de educação tem fundamento também no fato de eles serem espaços da construção do conhecimento. “No ambiente acadêmico, há o risco potencial da ocorrência de assédio? Há. Mas é também aqui, onde há formadores de opinião, que isso pode começar a ser mudado”, frisou a procuradora.

O estudante Gilvan Ferreira, do curso de licenciatura em Física, nunca havia participado de uma audiência pública e disse ter ficado impressionado ao ver o auditório do campus lotado.  Gilvan considera fundamental que esse debate faça parte da vida acadêmica para que, através dos estudantes, a cultura do machismo passe a ser combatida na demais esferas sociais. “Somente com a reeducação social poderemos diminuir o número de crimes de assédios realizados”, concluiu o discente.

Gilvan Ferreira questionou à mesa sobre medidas socioeducativas para os assediadores (Foto: César de Oliveira)

Gilvan Ferreira questionou à mesa sobre medidas socioeducativas para os assediadores (Foto: César de Oliveira)

O diretor do campus, José Osman dos Santos, chamou a atenção para a formação do sujeito histórico-crítico, que é um dos pilares pedagógicos da gestão escolar. “Com debates como esse, queremos criar uma rede de apoio para que, por exemplo, a vítima não se torne vilã, o que, infelizmente, ainda é muito comum”, apontou.

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