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UM FESTIVAL DE PERTENCIMENTO: RIACHÃO DO DANTAS, PALMARES E TEREZINHA OLIVA
12 de agosto de 2024 - 16:24, por Claudefranklin Monteiro
Há pelo menos 10 anos, ensaio para conhecer o distrito de Palmares, interior do município de Riachão do Dantas (SE), também batizada com a alcunha de “A Suíça Sergipana”, em razão das baixas temperaturas do local. Convites não faltaram, sobretudo da professora e ex-aluna, Mariana Emanuelle (IFES-Lagarto) e da professora Joana Santos de Carvalho, ambas da Academia Riachãoense de Letras, Artes e Cultura (ARLAC).
O meu entusiasmo pelo local surgiu quando de minha escrita da tese de doutorado em História, em Recife. No primeiro capítulo, fui instado por meu orientador, Prof. Dr. Severino Vicente da Silva, a mergulhar na História de Lagarto para situar melhor meu objeto de pesquisa: a relação entre o Catolicismo Popular e a Romanização Clerical, a partir da Devoção e Festa de São Benedito, entre os séculos XVIII e princípios do XX.
Entre as gratas surpresas e alegrias que aquela pesquisa me rendeu, a necessidade de revisar as origens do Cristianismo na antiga Lagarto. Antes, a evangelização católica original era, erroneamente, atribuída à presença da Companhia de Jesus como a outros lugares de Sergipe.
Foi aí que Riachão do Dantas entrou meu ofício de historiador para entendermos melhor o nascedouro da Freguesia e depois Paróquia Nossa Senhora da Piedade. E as fontes me levaram ao distrito de Palmares, antes possessão de Lagarto. Ali, havia um convento Carmelita, cujos religiosos foram em socorro do povoado Santos Antônio, fundando em 1604. No início da segunda metade deste século, aquela comunidade foi abalada por uma bexiga.
Os Carmelitas de Palmares, além de levarem aos primeiros lagartenses a assistência sanitária, também introduziram no local a devoção à Nossa Senhora da Piedade. A promessa feita à santa fez aquele povo se livrar da moléstia. Em gratidão, os religiosos a adotaram como padroeira das terras de Antônio Gonçalves de Santana, cuja alcunha de Lagarto, vinha do pai Cristóvão Lagarto.
Logo, como costumo dizer, Palmares foi o embrião das, doravante, também, Terras de Nossa Senhora da Piedade. Mesmo com a separação territorial, política e paroquial de Riachão do Dantas da Vila do Lagarto, as duas cidades nutrem uma pela outra uma profunda fraternidade. Terra de grandes intelectuais, Riachão não legou apenas a fé para o povo lagartense, mas também seu talento nas artes, nas manifestações culturais, o amor pelo campo e pela criação do gado e pelas letras.
Palmares realizou neste final de semana a terceira edição de seu festival de inverno, uma grande sacada da prefeita Simone Andrade Farias Silva, recuperando a autoestima do seu povo, como nos lembra o professor e historiador riachãoense, Manoel Andrade, com quem tive a alegria de reencontrar quando de minha, enfim, primeira visita a Palmares. Tendo a adiado por tanto tempo, ainda que curta (algumas horas de sexta-feira, 9 de agosto), um grande motivo me levou ao local. Seu festival de inverno, em sua terceira edição, em 2024, fez uma justa homenagem à professora e historiadora, a Profa. Dra. Terezinha Alves de Oliva, natural da cidade, filha do saudoso jornalista, João Oliva.
Infelizmente, não fiquei para acompanhar com mais vagar as atividades que foram organizadas para festejar a homenageada, em razão de outro compromisso, mas, além de conferir uma rica exposição que fizeram de sua trajetória de vida e acadêmica, tive ainda tempo de tietar aquela que segue sendo até a presente data uma das maiores responsáveis por minha formação intelectual e gosto pela pesquisa histórica.
A professora Terezinha Oliva é fundadora e ocupante da cadeira número 1 da Academia Riachãoense de Letras, Artes e Cultura. Presente ao evento, acompanhado de amigos e familiares, estava, como sempre, bela e vestida de forma elegante, aos cuidados sempre atenciosos do Prof. Dr. Jeferson Augusto da Cruz (filho da terra e atual presidente da ANPUH-SE). Terezinha Oliva, como como não deixaram dúvidas as justas homenagens de sua gente, está, com o perdão da profunda admiração que lhe tenho, entre um dos maiores nomes da bucólica e agradável cidade de Riachão do Dantas, a Cidade dos Intelectuais, e também, da historiografia sergipana.