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Sergipe chega a três anos sem explosões a bancos
5 de março de 2024 - 08:48, por Marcos Peris
Antecipação das investigações e troca de informações entre as polícias Civil e Militar contribuíram para marco positivo que traz segurança à população sergipana
Exatamente 1.095 dias – ou três anos – sem registros de caos e medo na população sergipana. É esse o tempo que o cenário de explosões em agências bancárias, disparos contra equipes policiais e terror da população deixou de parte do cotidiano de Sergipe, conforme levantamento divulgado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). A última investida criminosa, do que atualmente é nomeado como ‘Novo Cangaço’ no Brasil, em território sergipano, aconteceu em 3 de março de 2021.
Era madrugada quando um grupo criminoso fortemente armado chegou em Pacatuba, na região do Baixo São Francisco. O objetivo dos criminosos era o de explodir uma agência bancária, causando medo e pavor na pequena população do município, de cerca de 12,5 mil habitantes. A agência do Banco do Brasil foi alvo de seis criminosos que levaram 14 minutos para explodir o estabelecimento bancário.
Na fuga, o grupo criminoso ainda chegou a disparar centenas tiros contra uma viatura da Polícia Militar, na tentativa de intimidar as forças de segurança pública de Sergipe. Mas, o objetivo de intimidar a polícia não foi bem-sucedido, e o cenário de guerra promovido pelo ‘Novo Cangaço’ foi duramente combatido. A prova de que o enfrentamento aos criminosos foi intensificado são os três anos sem ‘Novo Cangaço’ em Sergipe.
O combate aos grupos criminosos fortemente armados que atuam com explosões a banco já vinha sendo feito em Sergipe, mas o modelo de intervenção foi modificado nos últimos anos intensificando a troca de informações entre as polícias Civil e Militar. “Mudamos a política de apuração e de conduta com relação a esses crimes”, assegurou Dernival Eloi, diretor do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil.
É com o trabalho de inteligência e de troca de informações que Sergipe chegou ao marco de três anos sem ação do ‘Novo Cangaço’. “A cultura anterior era de que se esperava a explosão para desencadear o trabalho investigativo. Mas vimos que essa forma de trabalhar demorava na elucidação de fatos e passamos a adotar dois pilares com relação a esse tipo de investigação”, acrescentou Dernival Eloi.
“Estamos nos antevendo à ação desses criminosos que difundem o medo e o terror na população, principalmente de municípios menores, e fortalecendo a integração entre as polícias. Nossas equipes da Polícia Militar estão nas ruas e qualquer sinal de perigo, a gente já inicia o mapeamento de potenciais investidas criminosas. Tudo isso é compartilhado com a Polícia Civil”, ressaltou o comandante da Polícia Militar, coronel Alexsandro Ribeiro.
Para o secretário da segurança pública, João Eloy de Menezes, quem mais sofria com as investidas criminosas do ‘Novo Cangaço’ era a população. “São as pessoas mais humildes, trabalhadoras do nosso estado que acordavam na madrugada com o barulho da explosão e dos tiros. Os bancos eram as vítimas, mas as pessoas estavam ali próximas, em meio aos tiros. E nossa preocupação maior é com a preservação de vidas. Focamos na antecipação e na integração entre as polícias para afastarmos o ‘Novo Cangaço’ de perto do nosso povo”, assinalou o secretário.
Novo Cangaço
O ‘Novo Cangaço’ faz alusão a uma forma de banditismo que teve como símbolo Virgulino Ferreira da Silva (1898-1938), o ‘Lampião’. A modalidade de crime vai além da explosão de agências e caixas eletrônicos em pequenas cidades, quase sem forças policiais no interior do país, chegando a causar uma grande ameaça à segurança nacional.
A prática do ‘Novo Cangaço’ está atrelada à dominação de cidades com criminosos que subjugam forças policiais, utilizando carros blindados, explosivos e drones. Nessa prática criminosa os grupos não buscam um cofre qualquer, mas aqueles que, no dia e hora planejados, acumulam grande quantidade de dinheiro. Os grupos criminosos utilizam fuzis e metralhadoras para render as forças policiais e fazer reféns.