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Raimundo Oliveira: “Até o presente momento, não tem nenhuma participação efetiva da prefeitura em ajuda ao Instituto Ana Carollina”
21 de junho de 2023 - 16:36, por Marcos Peris
Portal Lagarto Notícias
Ainda dentro do ciclo de entrevistas em alusão aos 133 anos de Simão Dias, o PLN entrevista o professor e presidente do Instituto Ana Carollina, Raimundo Oliveira.
Portal Lagarto Notícias – Qual a trajetória de vida do professor Raimundo Oliveira?
Raimundo Oliveira – Dois terços da minha vida são dedicados à Educação. São 37 anos lecionando na Rede Municipal de Simão Dias e 31 na Rede Estadual de ensino de Sergipe. Sou graduado em Letras-Português/Inglês, pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), pós-graduado em Planejamento Educacional; Educação Especial Inclusiva e Autismo; Psicologia e Autismo; cursos em Avaliação cognitiva no TEA; Transtorno do Espectro Autista; Técnicas de Aprendizado para Autismo.
PLN- Como surgiu o interesse pela carreira da educação?
RO – Entusiasmado pela dedicação de minha mãe, nos bancos da varanda de nossa casa, quando professora do ensino primário, (hoje ensino fundamental menor), com quem também fui alfabetizado. Depois, com os meus grandes mestres, mostrando-nos que só através da Educação somos capazes de transformar pessoas em bons cidadãos e cidadãs capazes de entender melhor o mundo em que pertencemos e assim, respeitar as diferenças entre elas.
PLN- O senhor se sente realizado em lecionar atualmente?
RO – Sim! Porém, um pouco decepcionado com a forma que o sistema educacional trata quem faz a Educação, sem a devida valorização, não só financeira, mas, principalmente a valorização para o campo de formação e pesquisa, e, não estou me reportando só a classe docente, refiro-me a toda comunidade escolar. Todos valorizados, certamente, teremos uma Educação de excelência.
PLN- Porque o senhor resolveu fundar o Instituto Ana Carollina em Simão Dias?
RO – O INSTITUTO ANA CAROLLINA, nasceu através do Movimento denominado Autismo Simão Dias, que há mais de 22 anos vem atuando na busca pela Inclusão dos Autistas na sociedade, após o diagnóstico de AUTISMO da minha segunda filha, Ana Carollina, e desde 2015, com Projeto “Pernas Amigas_SD”, vem realizando eventos esportivos, turísticos e culturais como a I, II, III e IV Corridas de rua da Cidade de Simão Dias em Prol da Conscientização do Autismo, reuniões, Palestra e Seminários, com o intuito de informar e refletir sobre a verdadeira Inclusão das pessoas dentro do espectro autista e demais pessoas com deficiência, através da corrida de rua.
PLN- Quanto tempo tem de fundação e quais serviços são prestados pelo órgão?
RO – O nosso trabalho já existe há mais de 22 anos, mas, formalmente, foi fundada no dia 24 de abril de 2019, é uma associação sem fins lucrativos e está localizado na Rodovia João de Matos Carvalho, 627, Centro – Simão Dias/Se, CEP: 49.480-000, CNPJ:34.657238/0001-06, que congrega essencialmente familiares e amigos unidos em prol da conscientização do AUTISMO, bem como as Pessoas com Deficiência – (PCD). E graças a benevolência dos nossos Profissionais Voluntários, hoje oferecemos à nossa comunidade local e de cidades vizinhas, sem nenhum custo para os atendidos, serviços semanais de psicologia, psicopedagogia, fisioterapia, nutricionismo, orientação familiar, ações extensivas de apoio emocional a família e assistencial, entre outros.
PLN- Atualmente, como se mantém o Instituto Ana Carollina?
RO – Como os nossos sócios são, majoritariamente, famílias de baixa renda, nós não cobramos nenhuma cota financeira. Apenas o compromisso de lutar juntos pela causa em busca de políticas públicas inerente ao nosso propósito.
Na verdade, eu e minha esposa, arcamos com todas as despesas de manutenção administrativas e recebemos, eventualmente, algumas doações de parentes e amigos mais próximos. Quando precisamos adquirir algum equipamento ou realizar eventos de cunho motivacional ou recreativo, promovemos ações entre os amigos e familiares dos acolhidos, como rifas, além da participação com donativos de uma pequena parte do comercio local.
PLN- Como presidente, quais parcerias destacaria para a manutenção da instituição?
RO – As parcerias com as gestões municipal, estadual e até federal são fundamentais para as Instituições não governamentais, sem fins lucrativos, como a nossa, sejam através de subvenção financeira ou com pessoal de apoio, desde a limpeza, segurança e recepção ao atendimento multidisciplinar dos nossos acolhidos.
As parcerias com as universidades e faculdades, também tem uma grande importância para o nosso seguimento, tendo em vista a contribuição dos estágios orientados na nossa Entidade de acolhimento multiprofissional.
PLN- Qual avaliação o professor Raimundo Oliveira faz da causa do Autismo no Brasil, Estado e município?
RO – O Autismo no mundo pede socorro! Principalmente no Brasil, por não haver incentivo financeiro no campo das pesquisas relacionadas aos estudos Técnicos e Científicos em busca de conhecimentos para melhor diagnosticar e tratar, adequadamente, de acordo com cada indivíduo dentro do Espectro Autista. Todos os dados que sabemos no Brasil, vem da principal referência mundial a respeito da prevalência de autismo, o CDC (Centro de Controle de Prevenção e Doenças), que servem de referência para todo o mundo. Para ter uma ideia, a prevalência do autismo nos Estados Unidos, em 2004 era 1 autista a cada 160 criança nascida, em 2023 já são 1 para 36. No Brasil, não temos números de prevalência de autismo. Se fizermos a mesma proporção desse estudo do CDC com a população brasileira, poderíamos ter cerca de 5,95 milhões de autistas no Brasil. Em Sergipe teríamos cerca de 60.200, em Simão Dias, por volta de 1.300 autistas. E sabemos que temos muito mais que esses números.
PLN- Atualmente, existe muita mídia propagando o Autismo, mas na sua concepção o que existe de fato e de verdade por traz dessa divulgação midiática?
RO – Estamos vendo muito blá, blá, blá, com informações, muitas vezes, inverídicas ou desatualizadas, em busca de “pegar carona” com um assunto tão sério! E poucas providencias de verdade, diante da deficiência de ofertas ao diagnóstico precoce do autismo, para uma intervenção de imediato, na expectativa de dá as pessoas com TEA autonomia na fase adulta e toda sua vida. Seja por falta de profissional especializado ou por falta de vontade política prioritária a causa. Isso acontece em todo o Brasil. E não é diferente no nosso município, estamos vendo muitas falácias, inclusive informações enganosas. Muita gente querendo ser o “o pai da criança”. – Por mim, pode adotar, mas dê a alimentação adequada -. Nunca neguei, não nego, e jamais negarei, que em Simão Dias já avançou muito na questão dos atendimentos e movimentos para conscientização em busca de respeito aos nossos autistas. Até porque temos amigos na atual gestão que também defendem a causa. Mas está longe e muito longe do ideal para o básico necessário. E, ficaria muito triste e decepcionado se não tivesse tido os avanços, pois nós estamos lutando em prol da conscientização e inclusão, bem como por políticas públicas, principalmente municipal, há mais de 22 anos, quando a minha filha recebeu o diagnóstico do autismo. Aliás, é a primeira diagnosticada com autismo na cidade de Simão Dias!
PLN- Qual tem sido a participação do poder público municipal junto ao Instituto Ana Carollina?
RO – As Secretarias de Saúde, Inclusão Social e de Educação têm feito o que determina a Lei Municipal 831/2019, em relação ao dia municipal da conscientização sobre o autismo, no mês de abril. Mas, relacionados aos serviços que realizamos na sede do nosso Instituto, até o presente momento, não tem nenhuma participação efetiva, até há promessas, mas nada oficial. Temos esperança de sermos contemplados, haja visto que a gestão municipal já vem fazendo ajuda financeira, bastante generosa, à outras associações e como a nossa Instituição é reconhecida de Utilidade Pública Municipal e Estadual, por prestar relevantes serviços aos simãodienses e sergipanos, estamos aguardando a nossa vez.
PLN- Existe alguma lei que foi aprovada na Câmara Municipal, mas que não está sendo seguida em Simão Dias?
RO – Sim! A Lei nº 994/2022 de 01 de novembro de 2022, dispõe sobre a proibição de quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso acima de 120 decibéis no município de Simão Dias. Aliás, essa Lei foi totalmente abandonada pelo gestor municipal. Após a aprovação por unanimidade dos parlamentares nas duas votações o prefeito a vetou, e depois da Câmara de Vereadores derrubar o veto, também não a sancionou. Sendo sancionada pela Presidente da Casa Legislativa, no dia 1° de novembro de 2022. Porém, ainda não fora regulamenta.
É importante lembrar que apenas os fogos com barulhos acima do permitido pela Organização Mundial de Saúde é o que a presente Lei quer regulamentar.
Muitos autistas têm uma sensibilidade auditiva elevada e podem ser afetados negativamente pelo barulho dos fogos de artifício. Para eles, o som alto e imprevisível pode ser assustador e causar ansiedade e estresse.
As festas juninas e religiosas devem ser inclusivas e acessíveis para todos, incluindo os autistas. Ao discutir o impacto dos fogos de artifício barulhentos nos autistas e buscar alternativas inclusivas para comemorar as festas estamos promovendo uma cultura mais inclusiva e respeitosa.
PLN- Qual mensagem o senhor deixa para mães e pais com filhos autistas, além da sociedade como um todo?
RO – Para os pais e mães, que já tem os diagnósticos do TEA dos seus filhos ou filhas, continuem com todos os acompanhamentos terapêuticos que os benefícios serão visíveis, no tempo de cada indivíduo e não fiquem sozinhos, procurem um grupo de apoio familiar, é importantíssimo para saúde mental de pais atípicos. Para as famílias que ainda estão suspeitando que seus filhos ou filhas podem ter autismo, não se desesperem, procurem seu profissional da medicina e o informe a suspeita. Quanta mais cedo diagnosticar e iniciar a intervenção, os resultas serão garantidos, sem nenhuma dúvida. O Instituto Ana Carollina-AUTISMO SIMÃO DIAS INCLUSÃO, está de portas abertas para os acolher!