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Caso Americanas: Qual é a real extensão dos danos contábeis?
8 de fevereiro de 2023 - 10:20, por Marcos Peris
O ano de 2023 começou com um dos maiores escândalos contábeis recentes da iniciativa privada brasileira. No dia 11 de janeiro, de maneira inesperada, veio a público a notícia de que a Companhia Americanas havia detectado “inconsistências em lançamentos contábeis” e um rombo inicial de R$ 20 bilhões. O acontecimento veio acompanhado da renúncia do presidente da empresa, Sérgio Rial, e do diretor de relação com investidores, André Covre, ambos recém-empossados.
Cerca de uma semana depois, em 19 de janeiro, com um montante de R$ 43 bilhões em dívidas, a companhia entrou com um pedido de recuperação judicial, que foi aceito pela justiça brasileira na mesma data. Desde então, há diversas investigações para apurar o acontecimento e várias especulações sobre o futuro da empresa.
O contexto do mercado varejista no Brasil é um dos elementos essenciais para explicar a crise pela qual a companhia está passando. “O varejo, a exemplo das Americanas, sofreu fortemente em relação à subida de preços, como reflexo da pressão inflacionária e da taxa de juros elevada, e as famílias brasileiras, endividadas e com poder de compra reduzido, deixaram de comprar itens mais caros. O varejo é fortemente impactado pela inflação, câmbio, taxa Selic, dentre outros, o qual tende a apresentar maior volatilidade e incerteza”, justifica Dionísio Neto, contador e professor do Centro Universitário Estácio de Sergipe.
Um fator essencial para entender o contexto em que se encontra a empresa é o risco sacado, que foi também citado pelo ex-CEO Sérgio Rial. “O executivo, em uma apresentação restrita a poucos investidores e analistas, disse que o problema era devido à contabilização incorreta de uma prática comum no varejo, o chamado risco sacado”, aponta Fábio Santana, também contador e docente da Estácio. “Trata-se de uma modalidade de antecipação de recebíveis, ou seja, a companhia vendedora, por um lado, emite uma fatura que contempla o prazo a ser financiado pelo banco, porém não reconhece em sua contabilidade a venda pelo valor presente”, complementa.
Já em relação ao futuro das Americanas, José Cleverton Oliveira, contador e professor da mesma instituição, explica quais são os cenários prováveis. “Na pior das hipóteses, o encerramento dos negócios é o cenário mais drástico e menos provável, e só deverá ocorrer na hipótese remota de a empresa não conseguir chegar a um acordo com os bancos e for riscada da lista de clientes por seus fornecedores atuais. Porém, isso é pouco provável”, desenvolve o especialista.