Eliane Aquino: “Seguirei sempre buscando um mundo menos desigual e mais digno”

19 de fevereiro de 2022 - 08:53, por Marcos Peris

Portal Lagarto Notícias

A entrevista da semana no Lagarto Notícias é com a vice-governadora e pré-candidata a deputada federal, Eliane Aquino do Partido dos Trabalhadores.

Portal Lagarto Notícias – Qual a trajetória de vida da vice-governadora Eliane Aquino?

Eliane Aquino – Sou filha de nordestinos que deixaram o Ceará em busca de melhores oportunidades. Nasci em Brasília e cresci com o exemplo dos meus pais abrindo nossa pequena casa para receber outros tantos nordestinos em busca de trabalho, vendo de perto a importância da solidariedade e as dificuldades que o povo nordestino enfrenta historicamente.

Antes de passar a viver em Sergipe, atuei como repórter fotográfica e trabalhei em assessorias do Senado e da Câmara dos Deputados. Em 2000, já morando em Aracaju, trouxe para a capital sergipana o trabalho social da Missão Criança, ONG que se destacava em Brasília na promoção de ações em defesa e inclusão social de crianças, adolescentes e suas famílias. Em 2001, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), passei a presidir a ONG Missão Criança Aracaju, que posteriormente tornou-se a OSCIP Instituto Recriando. Um trabalho que foi bastante reconhecido em todo o estado e que chegou a atender mil meninos e meninas em situação de vulnerabilidade social, bem como suas famílias, a maior parte residente em áreas em situação de risco, com destaque para o bairro Santa Maria, então, Terra Dura. 

Em 2006, durante a primeira eleição de Marcelo Déda Chagas ao Governo do Estado, optei por deixar o Instituto e passei a assumir a coordenação de um Gabinete Integrado, que visava articular ações das Secretarias de Estado de modo interdisciplinar e desenvolver projetos focados na promoção da inclusão social. Em 2010, na segunda gestão do Governador Marcelo Déda, assumi a Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e do Desenvolvimento Social, na qual permaneci até janeiro de 2015.

Em abril de 2014, atuei na fundação do Instituto Marcelo Déda, que presidi até junho de 2016, quando me afastei devido à campanha eleitoral. Em outubro de 2016, fui eleita vice-prefeita de Aracaju. Em janeiro de 2017, assumiu o cargo de vice-prefeita e também o de secretária municipal da Assistência Social de Aracaju. Dos quais me afastei para participar das eleições majoritárias de 2018, sendo eleita vice-governadora do Estado de Sergipe (2019-2022). Em março de 2021 tomei posse no Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo, entidade reconhecida, especialmente, pela significativa produção de estudos, pesquisas e debates sobre o panorama político brasileiro e internacional. Além de tudo isso sou mãe, com imenso amor e orgulho, de João Marcelo, 18 anos, e Mateus, 12 anos, frutos do meu casamento com Marcelo Déda.

PLN – Qual bandeira a senhora pretende defender durante a campanha para deputada federal?

EA – Acredito na política como um dos mais importantes instrumentos de transformação social. Mais do que bandeiras durante uma campanha política, tenho bandeiras e causas que me acompanham na vida, independente de uma função pública. O que posso dizer é que seguirei sempre buscando um mundo menos desigual e mais digno, especialmente para as crianças e adolescentes, para mulheres, para a juventude, para os idosos, para a população negra, para as pessoas com deficiência e para as pessoas LGBTQIA+.

PLN – O que levou a senhora a decidir entrar na disputa por uma vaga na Câmara Federal?

EA – O desejo de participar ativamente da reconstrução do nosso país. Acredito muito no projeto do ex-presidente Lula e sei que ele precisará de todo o apoio necessário na Câmara dos Deputados para a retomada de projetos que retomem o crescimento humano e econômico do Brasil. Afinal, o que temos presenciado no Brasil desde o golpe sofrido pela presidenta Dilma é uma série de graves retrocessos em todas as áreas, mais fortemente na social, com a população brasileira voltando a conviver com a fome. Também me motiva a urgência de termos mais representantes mulheres no Congresso Nacional. Somos a maioria da população, mas seguimos sendo a minoria nos espaços de decisão e tendo nossas vidas norteadas pela decisão dos homens que, na maioria das vezes, não conseguem mensurar os desafios diários que o ‘ser mulher’ nos impõe.

PLN – Eliane Aquino acredita no poder de transferência de votos de Lula ao seu projeto eleitoral?

EA – Eu acredito na força do trabalho, da verdade, da ética, das ideias, das boas propostas e do compromisso com a população. Lógico que tenho um profundo orgulho, respeito e admiração pelo ex-presidente Lula e sei que historicamente o povo sergipano o acolhe e o escolhe na hora do voto. Mas não entrarei nessa eleição pensando nisso e sim em fazer o melhor que esteja ao meu alcance.

PLN – O seu trabalho como vice-governadora e na área social serão cruciais na busca de uma expressiva votação para à Câmara Federal?

EA – Não considero que sejam cruciais, mas sim que são uma fonte de muito conhecimento, experiência e aprendizado. Principalmente no que se refere a pensar no desenvolvimento de um estado e de um país. Não dá mais para seguirmos pautas que focam só no desenvolvimento econômico sem levar em consideração o desenvolvimento social. Um país não cresce sem que o seu povo tenha uma vida digna. Precisamos de projetos e de parlamentares que cada vez mais levem isso em consideração e percebam o quanto é essencial termos propostas técnicas e recursos que assegurem a realização de políticas públicas realmente efetivas. Como diz o presidente Lula, é preciso colocar o pobre no orçamento. E compreendo que os deputados e deputadas podem, e devem, contribuir muito para que isso aconteça.

PLN – Como a senhora pretende fazer para chegar aos municípios sergipanos, já que seu trabalho é mais concentrado na capital do estado?

EA – Primeiro é importante esclarecer que meu trabalho não está concentrado na capital. Embora tenha sido vice-prefeita de Aracaju por dois anos, tenho um longo histórico no desenvolvimento de ações no interior do nosso estado tanto enquanto acompanhava de perto diversos programas e ações na primeira gestão de Marcelo como governador como, especialmente, a partir do momento em que me tornei Secretaria estadual da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social. Conheci muitos municípios e suas demandas por meio do Sergipe de Todos. E como gestora tive a oportunidade de desenvolver diversos projetos e programas, a exemplo da implantação de 16 feiras da agricultura familiar em diversos pontos do estado; de projetos de inclusão produtiva nas áreas de psicultura e apicultura em 14 municípios; da execução do programa Mão Amiga, para mitigar os efeitos do desemprego causado pela entressafra dos cultivos da cana de açúcar e da laranja em 34 municípios; parceria com o BNDES para a realização de financiamento e apoio a Arranjos Produtivos Locais de Baixa  Renda; o projeto Cultivando o Sertão do São Francisco, que implantou unidades produtivas agroecológicas na região;  além de ações estruturantes fundamentais como a implantação do Cofinanciamento do Estado para as políticas de Assistência Social desenvolvidas pelos municípios. Até mesmo na época da Missão Criança Aracaju, que depois tornou-se Instituto Recriando, busquei interiorizar as ações, levando, por exemplo, o programa Mídia Jovem para os municípios de Laranjeiras, São Cristóvão e Brejo Grande. Atualmente, o programa estadual pelo qual tenho trabalhado muito é o Sergipe pela Infância. Um programa que tem sido abraçado por diversos municípios sergipanos e que tem como foco a promoção de um desenvolvimento pleno para crianças de zero a seis anos. Já obtivemos, inclusive, o apoio de parlamentares por meio de emendas para que possamos construir brinquedotecas e clubes de leitura no interior do estado. Tudo baseado em estudos científicos que comprovam o quanto todo o investimento realizado na primeira infância retorna de modo multiplicado para a sociedade e afeta de modo muito importante toda a vida humana.

PLN – Qual avaliação a senhora faz do governo de Jair Bolsonaro?

EA – A pior possível. As perdas e os retrocessos são visíveis em todas as áreas. Com a pandemia, seu descaso com a vida dos brasileiros ficou ainda mais escancarado. Ele buscou sabotar de todas as formas o isolamento social. Deixou estados e municípios à própria sorte. Segue sendo o maior representante do negacionismo em nosso país e não contente em atrasar significativamente a chegada das vacinas para os brasileiros segue, até hoje, sendo um dos principais disseminador e estimulador de fake news quanto à sua eficácia. Impossível não pensar quantas das mais de 640 mil mortes por COVID poderiam ter sido evitadas se tivéssemos na Presidência um verdadeiro estadista. O caos continua com o país voltando ao mapa da Fome, a inflação acelerada, a alta dos juros, o crescimento do desemprego, o corte em investimentos e recursos para a área social e, em contrapartida, tantos outros gastos absurdos e desnecessários sendo feitos pelo governo. O meio ambiente, desde a chegada de Bolsonaro ao poder, tem sido outra área duramente atacada. A boiada segue passando e trazendo consequências climáticas cada vez mais desastrosas. Não bastasse tudo isso, o país está batendo recorde na liberação de agrotóxicos extremamente prejudiciais à nossa saúde. Por fim, ele acabou com o maior programa de transferência de renda do Brasil, o Bolsa Família, para criar um auxílio que o governo não sabe sequer como irá pagar a partir de 2023. 

PLN – Como a senhora avalia a formação da federação em PT, PSB, PV e PCdoB?

EA – Esse é um cenário que tem sido amplamente debatido pelo Partido dos Trabalhadores, mas até o momento ainda há opiniões divergentes. Há duas vertentes que precisam ser avaliadas com calma: a importância de uma frente ampla para que possamos construir condições mais favoráveis à eleição presidencial e as implicações dessa decisão quanto à autonomia das decisões nos âmbitos estaduais e municipais. Mas eu, particularmente, sou favorável e acho que é o primeiro passo na direção de uma reforma política necessária no Brasil.

PLN – Quais projetos e causas Eliane Aquino pretende desenvolver em caso de ser eleita deputada federal?

EA – O mais importante aqui é ficar claro que levarei as pautas pelas quais sempre trabalhei para essa atuação. Isso significa que mulheres, criança e adolescente,  juventude, pessoas com deficiência, população negra, idosa, lgbtqia+ estarão no meu raio de ação. Combater a vulnerabilidade social, os preconceitos e toda sorte de desigualdade social serão centrais em meu mandato. Exemplos práticos? Projetos de lei que garantam a paridade feminina, que tratem da ampliação da licença maternidade, de proteção à infância, como elaboramos o Sergipe pela Infância aqui. Essas ações estarão interligadas com os municípios sergipanos, através de emendas para equipamentos e programas dos executivos municipais que atendam esses públicos pelos quais desejo continuar trabalhando como detentora de mandato parlamentar.

PLN – A senhora acredita que o PT, através do senador Rogério Carvalho, está preparado para vencer as eleições de outubro contra a base governista?

EA – Rogério Carvalho é um homem preparado tecnicamente, com experiência política e de gestão pública, inclusive sendo secretário em gestões de Marcelo Déda. Ele conhece os problemas do estado e tem o conhecimento de quem atuou em um governo democrático e exitoso. Além disso, conhece de perto as experiências bem sucedidas de diversos governantes do Partido dos Trabalhadores. Creio que, sim, ele está apto para assumir esse desafio.

PLN – Como estão os trabalhos do Instituto Marcelo Déda em Sergipe?

EA – O Instituto Marcelo Déda foi criado a partir de um desejo expresso em vida por Marcelo. Seu desejo era de que tivéssemos um espaço em Sergipe para promover formação política para os jovens, estimulando o senso crítico e participação social. Embora não nos falte desejo, ainda nos faltam recursos para atingirmos essa meta. Desse modo, temos trabalhado no sentido de mantermos acessível à população em geral a história de Marcelo, que em muitos momentos se confunde com a história de Sergipe. Reunimos um rico acervo digital no site www.institutomarcelodeda.com.br e um amplo acervo material na Sala Governador Marcelo Déda, sediada na biblioteca pública Epifânio Dória, que é aberta à visitação pública. Para além disso, temos alimentado as redes sociais do Instituto, e aproveito a oportunidade para convidá-los a conhecer e seguir @institutomarcelodeda, com diversos trechos de discursos que expressão uma pequena parte do grande estadista que ele foi e da fonte de inspiração que ele continuará eternamente sendo para as futuras gerações.

PLN – Qual mensagem de esperança Eliane Aquino deixa para os sergipanos?

EA – Precisamos acreditar em dias melhores e que eles chegarão em breve!

E podemos contribuir para que isso ocorra. Acredito que a maioria das pessoas já perceberam o que temos enfrentado por conta de um voto errado. Então, é o momento de termos muita consciência na hora de votar. Compreender que eleição não é gincana e que a política não está distante da vida de nenhum cidadão, pois é ela que pode melhorar ou piorar a vida do povo.

Este ano é crucial para que possamos mudar os rumos do nosso país. Precisamos estar atentos ao que queremos e quem queremos na Presidência, na Câmara dos Deputados e no Senado. Esperança é fundamental, mas só tem sentido quando a alinhamos com ações que nos permitam chegar a pontos diferentes e melhores. Podemos e vamos reconstruir este país!

Xingó Parque Hotel & Resort

O Xingó Parque Hotel & Resort está situado perto da usina hidrelétrica Xingó e dos famosos cânions do Velho Chico, a 77 km do Aeroporto Paulo Afonso. Tudo isso, às margens do Rio São Francisco no município sergipano de Canindé. 

 

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