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Estudo realizado na UFS de Lagarto reforça a importância da educação em saúde como estratégia auxiliar para o controle da esquistossomose
25 de janeiro de 2022 - 09:26, por Marcos Peris
Artigo de professores e alunos do Campus da Saúde de Lagarto publicaram um estudo reforçando a importância da educação em saúde como estratégia auxiliar para o controle da esquistossomose mansônica em áreas endêmicas do Brasil. O artigo foi publicado no Journal of Tropical Pathology/Revista de Patologia Tropical, um importante periódico científico na área de doenças tropicais.
A pesquisa é fruto de um projeto de iniciação científica (PIBIC/COPES/UFS) realizado pelos discentes: Jonathan Fraga, Lucas Martins e Filipe Ferreira (do curso de Farmácia), Bruno Amorim e Paulo Vitor (do curso de Medicina) e coordenado pelo Prof. Dr. Márcio Bezerra Santos (do Departamento de Morfologia/DMO). O estudo contou também com a colaboração das professoras Débora Tavares e Priscila Lima (do Departamento de Educação em Saúde/DESL) e dos professores Allan Dantas e Caique Ribeiro (do Departamento de Enfermagem de Lagarto/DENL).
Os pesquisadores destacam a importância da realização desse estudo em Sergipe. A esquistossomose mansonônica, popularmente conhecida como “barriga d’água” ou “doença do caramujo”, é uma doença parasitária negligenciada, causada por vermes da espécie Schistosoma mansoni. Ela ainda representa um grave problema de saúde pública no Brasil e em vários países localizados da Ásia, África e América Latina, principalmente em regiões periféricas e com infraestrutura precária de saneamento básico e abastecimento de água.
Apesar de ser uma doença prevenível e tratável, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que haja cerca de 240 milhões de infectados em todo o mundo e 708 milhões que vivem em áreas de risco da doença. No Brasil, a transmissão da esquistossomose ocorre principalmente em estados da região Nordeste e Sudeste. Sergipe ocupa o primeiro lugar em taxa de positividade para a doença e é o terceiro em taxa de óbitos. Além do mais, Sergipe possui 51 municípios considerados endêmicos para a doença. Contudo, no ano de 2014, apenas 56,86% deles realizaram alguma atividade do Programa de Controle da Esquistossomose (PCE) e Lagarto foi o único com coleta e avaliação de espécies de caramujo.
Neste estudo, os autores avaliaram o impacto de ações de intervenção educativa no conhecimento sobre a esquistossomose entre estudantes de uma escola pública municipal, localizada na comunidade Jenipapo, município de Lagarto/Sergipe. De acordo com dados do Centro de Controle de Zoonoses de Lagarto (CCZ), a comunidade Jenipapo é uma das mais afetadas pela doença no município. Dados do PCE/CCZ demonstraram que, em 2018, a taxa de positividade para a doença foi de 20,8%. O estudo foi realizado em 3 fases: 1) foi aplicado um questionário para avaliar o conhecimento dos alunos sobre os aspectos biológicos, clínicos e epidemiológicos da esquistossomose (pré-teste); 2) em seguida, foram realizadas ações educativas como, a confecção e distribuição de panfletos sobre a esquistossomose e a realização de uma palestra para a comunidade escolar; 3) por fim, foi realizado um pós-teste utilizando o questionário para avaliar os conhecimentos adquiridos.
Como resultado, no pré-teste, apenas 24,5% conheciam a causa da doença e 48,3% as formas de transmissão. No pós-teste, esses percentuais aumentaram significativamente para 74,3% e 77,1%, respectivamente. Houve também melhora significativa no conhecimento sobre sinais, sintomas e as medidas de prevenção da doença. A maioria dos alunos desconhecia o risco de reinfecção pelo Schistosoma mansoni após o tratamento.
Em conjunto, os resultados relacionados ao conhecimento prévio são preocupantes, visto que a maioria dos alunos (que moram em uma área endêmica da doença) não apresentou níveis minimamente satisfatórios de informação sobre a esquistossomose. Por outro lado, os dados coletados após a intervenção educativa mostraram um aumento significativo desse conhecimento, principalmente em relação às vias de transmissão e medidas de prevenção da esquistossomose. Destarte, os resultados do estudo reforçam a importância da educação em saúde como ferramenta auxiliar no controle de doenças.
Contudo, os autores destacam também que a educação em saúde per si não é suficiente para o controle da doença no país. Atualmente, o diagnóstico e o tratamento em massa da população com o fármaco praziquantel tem sido a principal ação realizada pelos municípios endêmicas. Investimentos e melhorias na condução do PCE são urgentemente necessários. Para tanto, é necessário o compromisso dos gestores em todas as esferas do governo, principalmente, na municipal. Mais que isso, políticas para melhorarias na rede de saneamento básico, abastecimento de água tratada e ações de educação em saúde em áreas endêmicas são igualmente necessários. Somente por meio da ação conjunta dessas medidas o Brasil poderá alcançar as metas de erradicação da esquistossomose, estabelecidas pela OMS.