Docente da UFS de Lagarto participa de pesquisa internacional que investiga zumbido e tontura no pós-covid

28 de junho de 2021 - 10:02, por Marcos Peris

Depois da covid-19, algumas pessoas continuam sofrendo com sequelas da doença. Redução no olfato, paladar e dificuldade na respiração são os mais comuns, mas pesquisadores do Brasil e Itália estão buscando monitorar dois sintomas ainda pouco pesquisados: tontura e zumbido no ouvido e as consequências desses sintomas na vida das pessoas. A parceria é realizada entre a professora do Departamento de Fonoaudiologia do campus Lagarto da UFS Scheila Paiva, a Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal de Juiz de Fora. Quem estiver apresentando os sintomas, pode responder este formulário.

Em Bari, na Itália, a pesquisadora Roberta Anzivino percebeu um aumento do número de pacientes com sintomas de zumbido e tontura. “As características moleculadores do vírus fazem com que ele tenha a capacidade de entrar em contato e se ligar a diversos tipos de células, o que pode induzir modificações em sistemas dos nossos corpos (não apenas o respiratório), o que provoca diversos sintomas, como os otoneurológicos. Estabelecer essa relação poderia nos ajudar a desenvolver estratégias terapêuticas e de reabilitação inovadoras e muito benéficas para os pacientes”, observa (tradução livre). Além de Roberta, a pesquisa é também liderada na Itália pelo professor Nicola Quaranta. Além de pesquisadores, Roberta e Nicola são otorrinolaringologistas.

Ainda pouco investigados, o zumbido e a tontura podem reduzir significativamente a qualidade de vida das pessoas no pós-covid. A advogada Monique Melo sabe bem como é difícil receber o diagnóstico de covid-19 e lidar com as sequelas. A jovem de 29 anos foi infectada três vezes, entre junho de 2020 e maio de 2021, em circunstâncias familiares. “A terceira foi a pior de todas. Eu ainda sinto até hoje meu ouvindo ‘fechando’, um pouco de zumbido e tontura. Sinto que às vezes atrapalha minha vida, é realmente muito ruim. No início da pandemia, eu tinha muito medo de ser infectada por causa das minhas condições de saúde. Acabei pegando covid-19 três vezes e ainda tenho que lidar com sequelas”, pontua. Além de alergias respiratórias, Monique é portadora de asma crônica e chegou a ter crises durante a infecção. “Eu sinto que tudo fica pior com a covid”, observa. Na primeira vez, foi localizada uma fístula no pulmão, em consequências do comprometimento no órgão ocasionada pela covid-19.

A docente do campus de Lagarto explica que a articulação com a universidade italiana se deu em duas frentes: como docente do campus de Lagarto e como discente de doutorado na Universidade Federal de Juiz de Fora. “É o primeiro estudo sistemático sobre esses sintomas e suas consequências depois da covid-19 que envolve todo o país (e ainda uma comparação com outro). Algumas outras iniciativas estão voltadas ao atendimento dos sintomas, mas o nosso tem foco na pesquisa e na investigação, por isso contamos com as respostas de pacientes do Brasil e da Itália. Estamos observando as consequências da tontura e do zumbido, que podem ser bastante incômodos”, observa Scheila Paiva.

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