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EMERSON CARVALHO – MEU AMIGO, TANQUE DE GUERRA
9 de junho de 2021 - 00:07, por Claudefranklin Monteiro
Há pouco menos de três semanas, a professora Luzia Pires encostou o celular em seu ouvido. Ele escutou minha mensagem de voz, ficou vermelho e sorriu. Sem dizer uma única palavra, se despediu de mim com um gesto puro como quem reagia a uma frase representativa de nossa amizade e do afeto de um para com o outro: “te amo, Tanque de Guerra”.
Era o apelido dele na juventude. Muito em função de sua compleição física, que soube manter ao longo dos mais de 80 anos, não fossem os problemas de saúde a abatê-lo. Acabou de falecer. Recebemos a notícia pelo confrade Rusel Barroso, no grupo da Academia Lagartense de Letras.
Eu tomei conhecimento dele e de seu tamanho enquanto personalidade do campo educacional e cultural de Lagarto, no final dos anos 70. Seus pais compraram a casa que foi de vovó Eutímia. Lembro da mudança do pomar São Vicente para a praça da Piedade, número 25. Eu e seu filho Anderson e o saudoso Júnior Gonçalves, viemos em cima de uma carroça carregada, rindo da vida.
Mais tarde, Emerson da Silva Carvalho foi meu professor de Língua Inglesa no Colégio Laudelino Freire, nos anos 80 e de Língua Francesa, também. Aprendi o básico, mas admirava demais aquele homem inteligente e distinto, camisa ensacada nas calças, esta acima do umbigo.
Dez anos depois, em 1994, nos reencontramos. Em agosto daquele ano, quando iniciei minha carreira professoral no Colégio Laudelino Freire. Que alegria e que honra poder chamá-lo de colega e pouco tempo depois, de amigo.
Passei a frequentar sua casa e a conhecer seu rico acervo de livros, filmes, jornais e fotos históricas. Por indicação dele, li o primeiro volume de Cavalo de Tróia, de J.J. Benítez, num único fôlego.
Atento ao meu potencial como escritor e pesquisador, me indicou para Raimundinho do jornal Folha de Lagarto. Com as bênçãos e estímulo do amigo fraterno Assuero Cardoso Barbosa. Foi sugestão de Emerson o título de minha coluna: História e Estórias de Lagarto, que eu assinei por vários anos.
Emerson Carvalho era um grande admirador de retretas e estudioso de clássicos, orquestras e dobrados. Curioso ele nos deixar logo no Centenário da Filarmônica Lira Popular de Lagarto. No rádio, primeiro na AM Progresso, depois na Juventude FM, apresentou com galhardia um programa de retretas, do qual fui auxiliar e convidado algumas vezes, criando gosto pelo radialismo.
Quando apresentei o Cultura na Progresso e depois o Relicário Cultural, estava ele lá, sempre, a me orientar, inspirar e aconselhar. Não perdia um só programe e sempre que podia, ia ao estúdio dá uma palhinha pra gente ou a nos atualizar de alguma notícia e mesmo tecer análises ricas sobre o que estávamos tratando no momento.
Os anos consolidaram a nossa amizade. Meu respeito e minha gratidão por ele não tem como mensurar. De certa forma, ele foi uma figura paterna pra mim e tenho certeza que nutria por mim um carinho de filho adotivo. Toda as vezes que me encontrava, me dava um cheiro ou um beijo e dizia: “e aí, bichão?!” Ou ainda: “como vai, amigo véio?”.
Em 2013, eu, ele, Assuero e Rusel criamos a Academia Lagartense de Letras, para a sua alegria e entusiasmo. Teacher, como todos o chamavam, fez escola e deixa um legado significativo em várias áreas, notadamente no jornalismo desportivo.
Já tive várias oportunidades de escrever a seu respeito. E hoje, minha pena se despede, com pesar, de um dos sujeitos mais importantes da minha vida. Dizer adeus talvez não se encaixe bem com seu perfil. Melhor dizer até breve. Pois duvido muito que o velho tanque de guerra queira realmente descansar.
Meu abraço, meu afeto e minha saudade.