- PUBLICIDADE:
- Minas Telecom
- Hábyto
- Consultoria em Marketing
- OX
- VIDAM
CONTE A SUA HISTÓRIA, MAGNA LIMA
26 de janeiro de 2021 - 14:53, por Claudefranklin Monteiro
Quando menino, até o início da adolescência, eu costumava ir à Missa das Crianças, no Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Lagarto-SE, aos domingos pela manhã, às 9h. Lembro com saudosismo de tudo, das músicas, do coral infantil, de Dona Maria Teles e das celebrações do então Padre Mário Rino Sivieiri. Amava quando Frei Isaías Ribichini visitava a comunidade, com homilias esclarecedoras e com um carisma cativante. Numa das confissões que fiz com ele, ganhei um anel de prata no formato de terço, numa carteirinha de couro, com a imagem de São Francisco, que guardo com carinho até hoje.
Sempre fui uma pessoa tímida e reservada, passando a impressão para as pessoas que sou “besta”. Assim, ia à Missa, ficava no meu canto, que sento até hoje (nos fundos, quinta fileira de bancos do lado direito da igreja). Já sabia ler e bem, graças aos ensinamentos dos meus professores do Colégio Laudelino Freire e do estímulo de Padinho Cláudio. Com esse dom, tão cedo, era notado quase que sempre por Maria Marina Lima, que de ponta de pé, se achegava por trás e ao pé de meu ouvido, e dizia: “Você! Vá fazer a primeira leitura”. Minha alma ia no outro mundo e voltava. Mas, encabulado, cumpria a missão incumbida.
Anos depois, já adulto, revejo aquela senhorinha de braço dado com uma pessoa que a vida tornou, primeiro minha companheira de jornada de fé católica, e hoje, uma amiga fraterna. Dona Marina já não gozava daquela vitalidade de antes, cabelinho branco, amparada por sua filha, Magna Lima. Bem se viu de onde este fruto prosperou: de uma boa árvore, que deve estar no Céu a catar anjos para fazer a leitura no trono de Deus.
A exemplo da mãe, quem vai ao Santuário Nossa Senhora da Piedade hoje em dia, deve perceber que quem faz as vezes de Dona Marina é Magna Maria de Lima. Cumprindo diversas funções, inclusive a responsabilidade pela escala das leituras. Também no coral, no Vida Nova, como Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão, na Catequese, e com seu humor contagiante, nas apresentações do Programa Igreja Viva, na FM Aparecida, eventualmente, nas segundas e terças-feiras.
Magna Maria de Lima nasceu em Lagarto, no dia 10 de maio de 1972. Filha de Abílio Francisco de Lima e Maria Marina Lima, naturais da cidade de Itabaiana-SE. Entre 1965 e 1966, eles migraram para Lagarto com seus filhos mais velhos, Adenilson e Magaly. A irmã caçula de Magna, Mônica, também é lagartense. Seus pais eram comerciantes, trabalhavam com bar e restaurante. Sua mãe, fornecia marmita.
Sua infância, segundo Magna, foi muito semelhante à das crianças de sua época: “(…) recheada pelas brincadeiras nas ruas de casa, brincadeiras de roda, esconde-esconde, bombaqueiro, macacão (amarelinha), jogos de bola e tantas outras”.
Sua formação escolar foi movimentada. Por dez anos (1977-1987), estudou no Colégio Nossa Senhora da Piedade, até o primeiro ano do antigo Segundo Grau. Aprovada como bolsista do Banco do Nordeste, transferiu-se para o Colégio Cenecista Laudelino Freire, onde cursou Contabilidade entre 1988 e 1989. Com o objetivo de se preparar melhor para o Vestibular, entre 1990 e 1992, fez o Científico no Colégio Estadual Professor Abelardo Romero Dantas.
Entre a vida acadêmica e a vida profissional, optou pela segunda. Começou a trabalhar muito cedo, ajudando seus pais no bar e restaurante, O Bacurau:
“(…) cada um ficava com uma função: meu pai era responsável pelas bebidas, minha mãe pelas comidas, eu e Mônica, minha irmã, éramos responsáveis por marcar as partidas do sinuca, e aí íamos juntando o dinheirinho para o material escolar e nossas necessidades”.
Magna Lima, na verdade, desde cedo, já tinha tino para os negócios. Foi caixa numa loja de Material de Construção, a Casa São João:
“(…) era apaixonante, me identifiquei de cara; depois de sete meses, passei no concurso para bolsista no Banco do Nordeste, lá ficando por dois anos, mas paralelamente permaneci na Casa São João, abrindo a oportunidade também para Mônica. Eu ficava até às 13h no Banco do Nordeste e a partir das 15h na Casa São João. Com a entrada de novos nomes no ramo, meus antigos patrões perderam o “gosto” pelo comércio de Lagarto e foram embora para Aracaju, fazendo a proposta para mim e meus irmãos do arrendamento da loja para nós, com isso minha mãe veio trabalhar conosco, nascia a Construlima, foram sete anos de muita luta. Neste período, Mônica se mudou para o Rio de Janeiro”.
Apesar da rica aprendizagem, o empreendimento não foi adiante. Precisou mudar de endereço e toda estrutura foi refeita, surgindo o Cantinho da Construção, que durou cinco anos. Sem poder mais contar com sua irmã mais nova e com o agravamento do Alzhaimer de Dona Marina, precisou fechar o negócio.
“Deus queria falar algo que até então eu não entendia. Nesta época, precisei mudar de ramo, de clientes, de endereço, deixar a participação presencial de todas as atividades da Paróquia, a Coordenação do Grupo de Oração, os amigos, me dedicar exclusivamente aos cuidados com minha mãe e começar uma nova atividade. Nascia, assim, a Adhonai Livraria, no dia 07 de novembro de 2004”.
Atuar no comércio de artigos religiosos foi uma consequência natural. Desde muito cedo foi inserida na Igreja para a Catequese. Teve como primeira catequista uma moça, cujo nome não lembra, mas guarda ainda a fisionomia. Em seguida, ficou aos cuidados da professora Darticleia, e também de Nelson Rocha. Participava das Missas da Criança, contribuía com as encenações do Evangelho e do Coral das Crianças organizado por Dona Josefina Augusta e Dona Lourdes (que tocava o órgão).
“Certa feita, em meio a uma atividade catequética e a uma brincadeira inocente de criança, fui advertida de forma grosseira por uma catequista, causando-me um certo trauma. Resolvi que a partir daquele dia só iria participar das Missas dominicais às 7h juntamente com minha mãe. Durante toda adolescência, assim o fiz, auxiliando minha mãe nos trabalhos de bastidores da Legião de Maria, movimento que ela participava e que eu tinha muita admiração”.
Em 1997, Magna Lima recebeu o convite de um jovem que trabalhava próximo do seu emprego, Alex, para participar da Palavra de Vida aos primeiros sábados. Segundo ela, teria sido a “isca” que nosso Senhor encontrou para lhe fisgar novamente para a vida pastoral. Na época, ela trabalhava aos sábados à tarde e sua resposta foi negativa, expressando o desejo de participar do Grupo de Jovens.
“Então, eu fui, primeiro à Missa no sábado à noite. Naquela noite, o pessoal à frente do Grupo fez um convite para a assembleia participar, era a “deixa” que eu precisava. Fui com minha mãe, já que o convite era para toda a comunidade. Era o Grupo Vida Nova, Lembro de lá ter encontrado, naquela primeira noite, os jovens Jodeclan e Gildeon Júnior (irmãos, hoje padres), Raqueline Moura, Cristiane Ribeiro, Mércia Fernandes, Fernanda Correa, dentre outros. Fiquei “encantada”, amor à primeira vista. Ao final da reunião, Alex perguntou se eu tinha gostado, e eu corajosamente disse que “sim”. Acho que minha mãe percebeu ali que a partir de então eu não seria “só dela”, acho que ela deve ter pensado: “Perdi minha filha”, porque ela respondeu: “Se eu fosse você não iria mais”. Não tenho dúvidas que era superproteção da mãe que me amava muito. Daí por diante me envolvi de cabeça em cada uma das atividades propostas, reuniões semanais aos sábados, gincanas, Quermesse, evangelização nas comunidades e nas atividades da Paróquia, dentre elas a Equipe de liturgia, a apresentação dos Programas de rádio da Paróquia”.
Inquieta por natureza e totalmente dedicada, Magna Lima foi Coordenadora do Grupo Vida Nova por três anos e participa até hoje. Lugar que ela define como sendo “meu posto de gasolina”, onde ela reabastece suas forças semanalmente, depois da Santa Missa. Em 2005, tornou-se Catequista de Crisma: “(…) amo a experiência de catequisar, jovens, crianças, adultos, “me realizo”. Depois de alguns anos, tornou-se também Coordenadora da Crisma. Atua, ainda, no Grupo de Estudo Bíblico que se reúne semanalmente para partilhar a Palavra. Trata-se do Grupo de Estudo Bíblico Evangelho e Vida.
Ainda sobre a Livraria Adhonai, assim se expressa a nossa homenageada:
“Recebi do Senhor um presente maravilhoso: a graça de fazer do meu trabalho uma extensão da missão que Ele tem pra minha vida. Depois de duas tentativas profissionais sem êxito, Ele me fazia entender que eu fazia a coisa certa, mas no lugar errado. Permitiu que eu passasse por tantos desconfortos, me tirou “o chão”, deu-me coragem para enfrentar um novo começo, num novo endereço, num novo ramo de atividade, conquistar um novo público, e conciliar os desafios de uma inesperada doença na família. O nome faz “jus” a quem é toda inspiração, o “Sol” da minha vida, minha força, sem Ele eu não conseguiria, sem Sua luz, o que seria de mim? “ADHONAI, meu Senhor”. A confiança de cada fornecedor, de cada cliente, que em muitos casos se tornaram muito mais do que meros clientes, mas quantos laços de amizade foram feitos nas trocas de partilhas ao “pé do balcão”. Meus colaboradores, meus colegas de trabalho, cada um com sua peculiaridade, anjos que no Senhor colocou em minha vida. Costumo dizer com frequência, nosso trabalho não é um comércio apenas, que visa apenas comprar e vender, ganhar, obter lucro, a ADHONAI, É TRABALHO, É MISSÃO, É EVANGELIZAÇÃO”.
De Magna Lima, recebi uma das melhores orientações espirituais de minha vida. Num momento de louvor, que antecedia a saída de uma das edições do Cristo Vive, no Ginásio Ribeirão, após rezar sobre minha cabeça me transmitiu a seguinte mensagem: “Entregue-se a Deus sem reservas”.
Ao ser perguntada como poderia se definir, Magna Lima recorreu a uma canção do grupo Roupa Nova: “Tudo tão simples, tudo natural” (Roupa Nova). Disse ainda:
“Tento viver com intensidade aquilo que me é oferecido. Prezo pela verdade, pelo coerente, pelo bem do “todo”. O jeito “sério”, para quando a situação o pede, mas sou muito espontânea, gosto de brincar, a gargalhada faz parte do dia a dia (acho que puxei a minha mãe, rsrs). Sensível às necessidades do outro. Gosto de ouvir o “Bem ti vi” cantar e perceber que seu canto não é apenas um canto: “Bem ti vi, bem ti vi, bem ti vi, mas nosso Senhor dizendo pra mim: “Eu te amo, eu te amo, eu te amo”.
No alto de sua maturidade e realização profissional e espiritual, espera que as sementes lançadas através das catequeses, das partilhas, das pregações, dos programas, contribuam para um verdadeiro encontro com Deus, encontros como os que ela nos proporciona com sua fé, sua entrega e seu testemunho, diariamente.