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JOSÉ FERNANDES – UM SINGULAR ARTISTA PLÁSTICO LAGARTENSE
12 de julho de 2020 - 21:34, por Claudefranklin Monteiro
Até os anos 80 do século passado, a cidade de Lagarto se notabilizava no campo cultural, sobretudo, por seus poetas e escritores, alguns deles conhecidamente de renome nacional. Naquela época, surgiu um grupo de talentosos artistas plásticos, dignos de nota: Evilázio Vieira, Adigenal Bezerra, Lourival Santos, José Carlos Carvalho, José Fernandes e Leustênisson.
A propósito do surgimento de novos nomes no cenário cultural lagartense, o jornalista Luduvice José, em setembro de 1984, assim se expressou: “(…) vai desencadear uma reviravolta nos conceitos da cidade, pela perspectiva do despertar de novas mentalidades direcionando o povo para a arte, sinônimo de cultura, imprimindo um hábito salutar entre as pessoas”. A assertiva acertou em cheio. De 1 a 9 de setembro de 1984, com o apoio do Banco do Nordeste, ocorreu a 1ª Semana de Arte Contemporânea de Lagarto, reunindo os trabalhos de José Fernandes, Evilázio Vieira, Adigenal e Lourival Santos.
O evento, além do sucesso de público e de crítica, projetou aquela geração que hoje pranteia a perda de mais um deles: José Fernandes, falecido neste domingo, 12 de julho de 2020, vítima de parada cardíaca, em Aracaju, onde residia há vários anos. Daquela turma, já faleceram também Lourival Santos e José Carlos Carvalho. Evilázio Vieira mora em Guaratinguetá-SP, na Fazenda da Esperança; Adigenal Bezerra vive entre Aracaju e Itaporanga; e Leustênisson, professor aposentado, mora em Lagarto.
José Fernandes Alves dos Santos nasceu na zona rural de Lagarto no dia 19 de outubro de 1959. Migrou para Aracaju logo cedo e por lá se radicou. Fascinado pela arte desde a infância, estreou em 1975, retratando personagens da vida urbana. No ano seguinte, participou de sua primeira exposição coletiva, na galeria Álvaro Santos. Em 1977, esteve presente na programação do VI Festival de Arte de São Cristóvão (FASC).
Em 1978, se firmou em definitivo na condição de artista plástico. No FASC, foi reconhecido com medalha de prata no II Salão Atalaia de Arte. No mesmo ano, recebeu o prêmio Norcon como melhor artista sergipano e passou a integrar a Equipe de Restauração do Museu de Arte Sacra de São Cristóvão.
Nos anos que se seguiram, sua arte passou a ganhar cada vez mais espaço na sociedade sergipana e pelo país afora, com passagens, exposições e premiações em Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, São Paulo. No exterior, esteve expondo nos Estados Unidos, em Rhode Island. Artistas e autoridades nacionais têm em seu acervo particular obras de José Fernandes, a exemplo da ex-presidente Dilma Rousseff e Caetano Veloso.
O jornalista Luduvice José assim define a arte de José Fernandes: “(…) essencialmente expressionista, voltado para o social, sempre fiel à sua característica e as cores fortes”.
Em 1991, fundou a Associação dos Artistas de Sergipe. Nos últimos anos vinha lutando contra problemas de saúde, mas seguia fazendo arte, desenvolvendo projetos e vez ou outra na mídia, sendo centro das atenções do mundo cultural sergipano.
Em 2018, o escritor Marcelo Ribeiro lhe prestou uma grande homenagem, com a publicação do livro José Fernandes, pela EDISE. Um marco biográfico e um registro imortalizado de quem fez tanto pela em Sergipe.
Em 2019, a Academia Lagartense de Letras solicitou ao artista que pudesse ilustrar com sua arte a capa da edição comemorativa de cem anos do lançamento do livro O Triunfo (1918), de Ranulfo Prata. Segundo nossos interlocutores, o poeta Assuero Cardoso e o Marcelo Araújo (Lello), que também é artista plástico e representa a nova geração de grandes talentos da cidade, José Fernandes manifestou alegria e disse se sentir muito honrado com a homenagem.