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Lagarto comemora 140 anos de história, economia, cultura e religiosidade
20 de abril de 2020 - 08:32, por Alexandre Fontes
Portal Lagarto Notícias
Lagarto, conhecida em tempos remotos como a Cidade Ternura, de gente trabalhadora, com muita fé e capacidade criativa comemora seus 140 anos nesta segunda-feira, (20). Pensando nisso se torna impossível falar desta data tão significativa sem enaltecer a história, economia, religiosidade, curiosidades e cultura do povo lagartense. Em entrevista ao Portal Lagarto Notícias, o professor, historiador e escritor, Dr. Claudefranklin Monteiro, grande pesquisador da história de Lagarto, explicou de maneira pontual alguns acontecimentos da trajetória do município.
História
De acordo com relatos históricos, a colonização das terras de Lagarto aconteceu no século XVIII, após a chegada de um novo grupo de colonos, que deu origem às fazendas de gado e aos engenhos. Existe a tese de que Lagarto nasceu no povoado Santo Antônio, há seis quilômetros da atual sede do município, onde ainda existe o marco inicial erguido próximo à capela que leva o nome do povoado.
Segundo o historiador Claudefranklin, no início dos anos 1970, por iniciativa do historiador Adalberto Fonseca e contando com o apoio do Prefeito José Ribeiro de Souza, uma série de ações foram engendradas para dar a Lagarto suas características identitárias. Para tanto, foram criados hino e bandeira. Além disso, um decreto municipal número 41, de 1971, estabelecia o dia 20 de abril como sendo feriado em comemoração a sua emancipação política.
Como pesquisador, Claudefranklin nos seus estudos descobriu que, na verdade, a cidade de Lagarto nunca se emancipou já que não pertencia a nenhum território, e através das suas pesquisas ele fez parte de um momento marcante: a consolidação do Aniversário da Cidade. “Por anos, até mesmo eu que iniciei minhas pesquisas sobre História de Lagarto em 1996, acreditou-se que a informação estava correta. Mas não estava. Por volta de 2011, quando o pesquisador Fernando Soutelo chamou minha atenção, constatei, com fontes, que Lagarto nunca se emancipou, pois nunca pertenceu a território algum. Levei a informação para a Câmara de Vereadores e foi aprovado, por unanimidade, uma ressalva àquele decreto de 1971, e hoje, se comemora, oficialmente o Aniversário da Cidade” explicou.
Curiosidade
Como falar de Lagarto sem mencionar uma das maiores curiosidades sobre o nome da cidade? A origem do nome do município é atribuída a uma pedra em formato de réptil, mas através de pesquisas foi descoberto que o nome está relacionado às origens familiares. “Apesar de persistir o equívoco em torno da pedra em formato de réptil, sinto-me mais convencido e seguro, do ponto de vista científico, que a origem está relacionada ao sobrenome do pai de nosso fundador, Antônio Gonçalves de Santomé, que recebeu as primeiras terras em 1696 e fundou o povoado Santo Antônio em 1604, era filho de Cristovan Lagarto”, esclarece Claudefranklin.
Contribuição Cultural
Lagarto também é conhecida pela sua contribuição cultural, através de personalidades lagartenses que se tornaram intelectuais de renome nacional a exemplo de Sílvio Romero, Laudelino Freire e Aníbal Freire. “A contribuição cultural de Lagarto para Sergipe é muito significativa e vem de longa data, particularmente entre o final do século XIX e XX, quando despontam nomes fundamentais, inclusive no cenário da cultura brasileira, a exemplo de Sílvio Romero e Laudelino Freire. O que se manteve, com uma certa dificuldade nos anos posteriores, inclusive, para além da cultura letrada, mas também com a música, com a cultura popular e outras formas de saber e de saber fazer” afirmou Claudefranklin.
Ainda neste contexto, temos a Academia Lagartense de Letras, que fundada em 2013, é constituída por 25 membros e reúne importantes segmentos da cultura, incluindo as artes e a música. O historiador Claudefranklin é um dos fundadores da academia e almeja continuar contribuindo para avanços significativos na instituição. “Encontra alguma resistência, mas aos poucos irá se tornar numa referência para a juventude. Digo isso porque há quem nos enxergue como distantes e inacessíveis pelo capital simbólico que construímos. Somos formadores de opinião e atuamos nos nossos setores de trabalho e também nos círculos sociais e culturais. Com uma sede própria e com mais ações junto às escolas, venceremos as resistências e daremos uma contribuição mais significativa” destaca.
Economia
A agricultura, a pecuária e o comércio central formam o tripé de sustentação do município. A cidade conta também com centenas de pequenas propriedades, em que são cultivados: fumo, laranja, mandioca, maracujá, acerola, entre outros. Atualmente, sobressai-se um comércio diversificado e intenso, com um ainda incipiente fluxo industrial.
O historiador Claudefranklin define a economia lagartense como pujante, poderosa, mas reconhece também que precisa somar esforços, investir, do ponto de vista das políticas públicas, nas principais vocações econômicas do município, acreditar mais na chamada economia informal, na agricultura familiar e no turismo. “Não só de grandes negócios se faz uma grande cidade. É necessário também vê o potencial econômico da outra ponta do mercado, do feirante, do vendedor ambulante, e de uma série de outras atividades econômicas que driblam a crise financeira e o desemprego sem a ajuda efetiva e inteligente do poder público” pontuou.
Religião
O Lagartense tem uma fé fervorosa quanto ao catolicismo e a paróquia que foi criada em 11 de dezembro de 1679. A paróquia tem como padroeira Nossa Senhora da Piedade, com marcas identitárias muito profundas. Presente dos Carmelitas, após invocação para cura de uma moléstia.
A padroeira deu nome ao lugar até o dia 20 de abril de 1880, quando passou a ser apenas cidade de Lagarto. Com o passar dos anos, essa fé católica se cristalizou e mesmo com a chegada de outros seguimentos religiosos e até agnósticos, segue não somente sendo a maioria, em números, mas em capital símbolo e representativo.