DIÁRIO DE UMA QUARENTENA (Resiliência)

2 de abril de 2020 - 21:50, por Claudefranklin Monteiro

Em 1976, o mundo da arte cinematográfica foi sacudido pelo sucesso da canção Gonna Fly Now, de autoria de Bill Conti e letra de Carol Cornnors e Ayn Robbins. Trata-se da música-tema do filme Rocky, o Lutador, com Sylvester Stallone interpretando o papel do lutador de boxe ítalo-americano, Rocky Malboa. O filme, em sua primeira edição, foi ganhador de três Oscar, incluindo o de melhor filme

            Gonna Fly Now, que numa tradução aproximada quer dizer “Agora vai voar”, virou tema para momentos de superação e sua letra fala disso. Destaco uma passagem em particular: “Ficando mais forte, agora / Não vai levar muito tempo agora / Se fortalecendo, agora”. Nossos tempos dizem muito disso e das perspectivas mais positivas. Algo do tipo: vai passar, vamos superar o coronavírus, vamos sair mais fortes e vivos disso tudo, desse drama.

            Não lembro da primeira vez que vi Rocky, o Lutador. Só sei que me tornei muito fã de toda a série de filmes da franquia, incluindo as duas mais recentes: Creed, Nascido para Lutar I (2015) e Creed II (2018). Identifico-me muito com o personagem com a cena clássica em que ele está na lona, prestes a ser derrotado, e sua amada Adrian pede para ele reagir. E então, superando tudo, inclusive o cansaço, reage e volta a lutar.

            Minha vida sempre se pautou pela necessidade de sempre se levantar, nunca ceder diante da adversidade e olhe que já experimentei inúmeras delas. Sou como massa de pão que precisa apanhar para crescer e ganhar forma e sabor, ser levado ao fogo e morrer, como a semente, para germinar em fruto e flor. Sim, sou resiliente!

            Capacidade de resistir, superar e superar-se. Algumas das definições para a palavra resiliência, assunto da crônica de hoje, inspirada em Rocky, o Lutador, mas também no livro de Christina Berndt, intitulado Resiliência (O Segredo da Força Psíquica), de 2018. Nesse sentido, permita-me lhe fazer algumas perguntas: 1) você se sente forte o suficiente para superar essa fase que estamos vivendo? 2) O que tem feito nesse sentido? 3) Você se considera uma pessoa resiliente? 4) Se sim, onde esta o segredo da sua força psíquica, onde você encontra forças para continuar.

            Em toda jornada, seja ela qual for, às vezes falta-nos o fôlego e por vezes somos instados a desistir pela fadiga física. Mas é a fadiga mental que nos torna derrotados e superados. É contra ela que devemos lutar, como Rocky Balboa. Encarar o ringue da vida e saber que às vezes vamos à lona.

            Numa das vezes que estive na lona, prestes para jogar a toalha, três coisas foram importantes para que eu conhecesse o meu potencial resiliente: 1) o temor de Deus, na melhor acepção da expressão; 2) a interseção de Santa Teresinha; 3) o apoio e o amor de minha esposa, Daquele dia em dia, uma outra canção virou para mim tema de resiliência: Eu não esqueço, de Diego Fernandes. Principalmente a parte que diz: “Deus você me levantou do chão / Enquanto a multidão jogava pedras”.

            Em linhas gerais, Christina Berndt nos aponta preciosas informações sobre a resiliência. Vejamos algumas delas: o stress é um risco à saúde, mas se bem usado caleja a alma; doenças podem ensinar grandes lições, se não a encararmos como castigo, mas como oportunidade de superação; é necessário fazer uma faxina consciente das coisas negativas de sua vida; é preciso cuidar de si mesmo; organize seus pensamentos, conheça o novo e se permita conhecer o outro; o amor é um presente, cultive-o e pratique-o; fortaleça seus relacionamentos, eles nos fortalece. Enfim, destaco duas outras teses dela para se alcançar e viver a resiliência: 1) “Resiliência protege, ajuda a consertar e a se regenerar (p. 69)”; 2) “Apenas uma pessoa que arde pode incendiar outras pessoas (p. 41)”.

            O que você está fazendo, então? Levante da sua lona, a luta ainda não acabou. Acostume-se à lona, mas não permaneça nela. Saiba que para erguer o braço da vitória, é preciso ter estado por lá e se erguido, fortalecendo-se, calejando-se, mas jamais endurecendo-se. Resiliência é como um rosto cheio de cicatrizes com um belo sorrido. Sorriso que incendeia. Ajude a espalhar esse incêndio. Seja fogo de amor, arda!

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