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DIÁRIO DE UMA QUARENTENA (Minha casa é meu reino)
27 de março de 2020 - 11:23, por Claudefranklin Monteiro
Você sabe o que é confinamento? Semanticamente diz-se do ato de se isolar, ficar em clausura. Se alguém ainda não entendeu, vale insistir: fique em casa! Inspirado na canção da banda Biquini Cavadão, Meu Reino, o assunto de hoje é minha casa. Não somente a minha, mas a sua, seu apartamento, seu sítio, o lugar onde você mora e por orientação dos infectologistas precisamos ficar confinados, até que o vírus seja derrotado. Andar por aí, dando vacilo para o COVID-19 pode ser uma aposta fatal.
Antes disso tudo que estamos vivendo acontecer, no próximo dia 30 de abril eu ficaria de férias. Não necessariamente em casa, pois tinha viagem marcada e até um forrozinho para ir e desanuviar a vida. Habitualmente, em minhas férias fico em casa. Sou caseiro desde a adolescência, sempre amei ficar em família, no quarto, assistindo TV, brincando muito (quando era criança).
Entre as coisas que costumo fazer quando estou em casa, de férias, é arrumar a biblioteca, um dos meus lugares prediletos. São dois conjuntos de estantes, com dezenas de prateleiras, armários, gavetas, birô, dois baús. Nossa, como a gente acumula coisa nessa vida! No meu caso, conhecimento e informação. Se minha mãe tivesse viva, diria: vai levar no caixão? Ah, minha mãe. Sua casa era o meu lugar de renovar as energias.
Ainda em relação à canção Meu Reino, composta por Álvaro, Bruno, Coelho, Miguel e Sheik, grande sucesso da banda Biquini Cavadão, dos anos 90, há passagens com as quais eu me identifico e talvez muitos de nós. Por exemplo: “Eu sou a soma de tudo que vejo / E minha casa é um espelho”. Em grande medida, nossa casa reflete a nossa personalidade e no meu caso, a minha, da minha esposa e de nossos dois filhos.
Ora, ficar em casa esses dias, então, é ter a oportunidade de se vê diante de um espelho. Parar e se reconhecer em cada objeto de sua casa, que reflete você e o que você pensa e cultiva, partindo de uma premissa que eu gosto muito: quem cuida, ama; quem guarda, preserva. Nada mais oportuno do que ter a certeza de que a casa é o meu reino, é o seu reino. Nele, para além de me sentir protegido, como numa fortaleza medieval, eu me encontro comigo, e também me reencontro, e me encontro com meus filhos e esposa. Os meus próximos mais próximos.
Se tenho saudades da rua? Claro, somos seres eminentemente socias. Precisamos uns dos outros, estarmos juntos em um templo, em eventos, e diversas oportunidades de reunir pessoas. Mas isso, por ora, é um risco à saúde. Por incrível que pareça, o coronavírus nos distanciou ainda mais, muito mais do que as redes socias, que em grande medida, não dizem nada como a presença humana, as reações humanas.
Também estou com saudades dos abraços e beijos de meus irmãos, familiares e amigos. Dos Caranguejos, de nossas festinhas e orações. Das viagens, dos compromissos sociais, da vida em seu pleno momento de realização: com pessoas vivas e saudáveis, convivendo, bem ou mal, convivendo e procurando formas de conviverem da melhor forma possível, apesar da ganância, da competitividade, do egoísmo, da burrice de algumas políticas públicas e de toda uma sorte de bobagens que o ser humano coleciona desnecessariamente ao longo da história da humanidade.
Encerro a reflexão de hoje com uma imagem que uma outra canção me traz, muito profundamente, quando o assunto é casa: Utopia, de Padre Zezinho. Sobretudo, quando ele diz: No fim da tarde quando tudo se aquietava / A família se ajuntava lá no alpendre a conversar. Por isso e por tantas razões aqui expressas, vamos ficar em casa, em nosso reino.