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DIÁRIO DE UMA QUARENTENA (A Esperança)
25 de março de 2020 - 18:14, por Claudefranklin Monteiro
Ontem, em entrevista a um jornalista espanhol, o papa Francisco disse que não aprecia a palavra otimismo para caracterizar seu sentimento diante do que possa acontecer com os desdobramentos do avanço do coronavírus no mundo, de modo particular na Itália, berço mundial da cristandade.
Para o pontífice, otimismo é uma palavra maquiada. Nesse sentido, sua mensagem foi em outra direção. Vejamos o que ele afirmou: “Eu tenho esperança. Tenho esperança na humanidade, tenho esperança nos homens e nas mulheres (…) que tirarão lições dessas crises para rever suas vidas. Vamos sair melhores. Menos, é claro, muitos ficam no caminho e é difícil. Mas, tenho fé, vamos sair melhores”.
Faz uma semana que estive em Aracaju e depois disso, se muito, saí de casa para ir à feira e ao supermercado. Naquele mesmo dia, à noite, nos reunimos com casais amigos, engajados em um projeto de Igreja a partir da evangelização de famílias. A reunião foi tensa e falamos de preocupações que tivemos durante do dia, diante da iminência de termos uma série de projetos adiados ou mesmo cancelados e de como tudo isso seria prejudicial e desgastante.
Ao final daquela reunião, quando fazíamos uma oração final, de cabeça baixa, observei sobre a mesa a minha agenda que destacava a palavra ESPERANÇA. Naquele momento, parte de minhas aflições e preocupações se transformaram em paz de espírito e pude perceber que para além do medo existe algo que pode nos motivar.
Logo, pensei numa canção que sempre que ouço me traz coisas positivas e renova as minhas energias. De modo particular, um trecho que diz: “É preciso firmar-se na esperança, dar um novo sentido, recomeçar; para isso é preciso acreditar e no amor sempre permanecer”.
A canção, de autoria de Camila Veloso, Dayana Cardoso, Marcelo Duarte e Rafael Cannizza, é parte do cancioneiro da Fazenda da Esperança. Um lindo projeto que resgata vidas dos vícios da droga e do álcool e que desde 1983 tem levado esperança a jovens do mundo inteiro e cujas raízes tem lagartenses como protagonistas, a exemplo do artista plástico Evilázio Vieira (Chiaro) e sua esposa, a professora Joselma, a quem chamamos carinhosamente de Mada.
A orientação espiritual da Fazenda Esperança é o Movimento dos Focolares, católico, também conhecido originalmente como Obra de Maria, criado por Chiara Lubich em 1943, em Trento (Itália), em plena Segunda Guerra Mundial em meio a um cenário de desolação, incertezas e medo. Ela, suas companheiras e todos aqueles que as seguiram, ao longo dos anos vêm cooperando na construção de um mundo mais unido, impulsionados pela oração de Jesus ao Pai “para que todos sejam um” (Jo 17,21).
Mais do que uma espera, esperança é esperar com confiança. Acreditar, agir e perseverar. A esperança não é a última que morre, pois ela sempre estará viva, capaz de nos dá consolo e nos impulsionar. O mundo atual precisava muito cultivar esse sentimento, mas andava ocupado com coisas que não agregam e hoje se vê desprovido delas.
O comodismo nos letargia e nos tornar soberbos. A esperança, muitas vezes cultivada na dor, no sofrimento, na adversidade e na perda, nos põe prá frente, nos redimensiona. Ao legar para o nosso tempo um projeto de mundo unido, o Movimento Folcolare e o papa Francisco vêm trazer uma mensagem que preenche nossos corações. Como nos diz a canção: é preciso firmar-se na esperança, dar um novo sentido, recomeçar. E esse verbo, recomeçar será o nosso norte quando, enfim, superarmos essa pandemia.