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Ex-aluna de escola pública de Boquim tem poesia publicada em livro lançado nos Estados Unidos
7 de janeiro de 2020 - 09:39, por Marcos Peris
Um livro que reúne 60 poesias de autoria de jovens de 12 países ao redor do mundo foi lançado, há cerca de quatro meses nos Estados Unidos, e contém cinco poemas de alunos da rede pública de Sergipe. A obra intitulada “The world is waking up: poetry of resistance from youth around the world”, cuja tradução livre é “O mundo está despertando: poesia de resistência dos jovens de todo o mundo”, lançado pela Spartan Press, na cidade do Kansas, estado de Missouri, nos EUA, contém três poemas de alunos da rede estadual de ensino e dois da rede municipal.
Na manhã desta segunda-feira, 6, os estudantes participaram da entrega de exemplares, no Centro Educacional Baha´i, em Aracaju, com a presença da idealizadora do livro, a jovem americana Clara Rabbani. O evento contou com a participação de familiares, professores, diretores de Regionais de Educação, servidores da Seduc e outros convidados. A diretora do Departamento de Educação (DED) da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), Ana Lúcia Lima Rocha, destacou que o concurso literário que resultou nesse livro ajuda a promover a sensibilidade no aluno para desenvolver um texto poético sobre suas emoções.
“A poesia de resistência tem um caráter diferenciado, pois esses alunos precisam ter uma visão de mundo em relação às injustiças sociais e eternizar esse pensamento através da poesia. Por meio disso ele terá a possibilidade de enxergar o mundo por diferentes temas relativos a exclusão social, violência contra a mulher, preservação do meio ambiente, entre outros, sem perder a esperança de ser um agente transformador”, afirmou.
De acordo com Vahideh Rabbani, uma das coordenadoras do Centro Educacional Baha´i e avó da idealizadora do projeto, cerca de 300 poesias foram inscritas, de 12 países do mundo. Os textos passaram por uma seleção e os 60 melhores publicados no livro. Um dos destaques foi a sergipana Priscila Oliveira Nascimento, do Colégio Estadual Cleonice Soares Fonseca, em Boquim, que foi a terceira colocada em nível mundial.
A escritora e professora Taylane Cruz foi uma das que participaram da seleção dos textos, e disse que é importante os jovens escreverem sobre temas como a “Resistência”. “É necessário fomentar o empoderamento da palavra no jovem e perceber como ele pode transformar a realidade. Existe um preconceito com adolescentes, mas ele está, sim, muito preocupado com as questões que o mundo está vivenciando, então é de grande relevância a gente permitir que eles se expressem e atuem de forma efetiva, através da poesia e da arte. A poesia desperta a sensibilidade para um mundo novo”, declarou.
Início do projeto
A idealizadora do projeto é a americana Clara Rabbani, de 17 anos. Filha de sergipana, ela mora na cidade do Kansas, estado de Missouri, nos Estados Unidos, e se expressa fluentemente também em português. Durante o evento, ela explicou que o projeto teve início durante aulas da disciplina “Poesia”, que ela tem no colégio. Através disso, ela e mais alguns jovens fundaram o Clube de Justiça Social, hoje adotado em diversas outras escolas americanas.
Foi o Clube de Justiça Social que organizou e divulgou o concurso de poesias que resultou na seleção dos 60 textos para compor o livro “The world is waking up: poetry of resistance from youth around the world”. “Eu acho bem interessante os jovens participarem disso porque, nessa idade, eles estão começando a entrar na vida adulta e a verem que têm o poder de transformação. Estou entrando na idade adulta e vi que eu também podia fazer isso, transformar o mundo onde eu vivo”, explicou.
Ela conta que teve como inspiração, para o projeto, poesias de grandes autores como Pablo Neruda, Maya Angelou e Simin Behbahani, que também escreveram poesias de resistência.
Poesias selecionadas
Ao todo, o livro é comporto por 60 poesias de jovens de 12 países. Cinco sergipanos foram classificados. A terceira colocada em nível mundial foi a jovem Priscila Oliveira Nascimento, de 17 anos, que finalizou o ensino médio e fez o Enem para o curso de Direito. Ela estudava no Colégio Estadual Cleonice Soares Fonseca, em Boquim, e escreveu o texto com o título “Armas das Minorias”. “Minha poesia fala sobre algumas coisas que andam acontecendo no Brasil, que na minha opinião andam um pouco precárias. Eu fiz minha inscrição no último dia do prazo, não esperava ser classificada, então mal acreditei quando saiu o resultado. É muito importante os jovens estarem engajados nessa temática, porque nós somos o futuro do país e é necessário a gente se mobilizar, levantar nossa voz para provocar as mudanças que queremos”, disse.
Outro selecionado foi Matheus Alves, estudante do Colégio Estadual Nelson Rezende de Albuquerque, localizado no povoado São Mateus, em Gararu. Sua poesia teve como tema “Um Cordel pro Valentão”. “Desde 2016 venho escrevendo poemas e, ao ler o regulamento, me interessei bastante. Mesmo se eu não fosse classificado, só a experiência de estar participante já seria gratificante. Hoje fico muito feliz, pois agora sei que um dos meus textos está publicado em nível internacional, junto com textos de outros jovens que escrevem maravilhosamente. Meu cordel é sobre o feminicídio, para conscientizar as mulheres a terem voz e mostrar que elas merecem respeito”, afirmou.
O jovem Pablo Montalvão, de 18 anos, concluiu o ensino médio no Centro de Excelência Rollemberg Leite, em Aracaju. Sua poesia teve como título “Ritual Poético”. Ele conta que o hábito de escrever lhe foi passado pelo pai. “Desde pequeno sempre escrevi muito. Eu ia elaborar algo mais específico relativo ao tema Resistência, mas acabei mandando um poema que já tinha pronto e tive a alegria de ser selecionado. Para mim é gratificante, pois nunca fui de ler muito, mas tive a facilidade de escrever. Acredito que é essa nova geração que fará esse mundo se mover e estar engajado nisso é algo que para mim é muito especial”, declarou.
Os outros sergipanos classificados foram Thayse Souza dos Santos e Giselly Kamily de Jesus Santos, ambas da Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Vargas, em Aracaju. Elas estiveram presentes ao evento, bem como a coordenadora de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal da Educação (Semed), Ana Débora França.
Presenças
Estiveram presentes também a diretora da Diretoria de Educação de Aracaju (DEA), Gilvânia Guimarães; a diretora da Diretoria Regional de Educação (DRE-2), Daniela Santos Silva; a assessora da DRE-7, Márcia Beatriz; a coordenadora do Serviço de Ensino Fundamental da Seduc, Jonielly Cruz; a coordenadora do Núcleo Gestor de Educação em Tempo Integral (NGETI), Emanoela Ramos, entre outros convidados.