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Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro: 25 anos de Chão da Escola
1 de agosto de 2019 - 18:11, por Alexandre Fontes
Por Alexandre Fontes (Historiador e profissional de Marketing)
O gosto pela história começou cedo, quando ele tinha apenas dez anos de idade. Era o ano de 1984, o filho de Maria Claudemira dos Santos Monteiro e de José Almeida Monteiro se encantava diante da televisão acompanhando a cobertura jornalística do movimento Diretas-já, que embora não tenha sido bem-sucedido marcou a abertura do regime militar no Brasil e apontou boas perspectivas para a redemocratização do país.
Claudefranklin Monteiro viveu intensamente os anos 80. No ano seguinte, em viagem de férias à cidade de Fortaleza, na casa dos tios Maria do Carmo e Sebastião, vibrou com a transmissão televisa do primeiro Rock in Rio. Ficava ansioso para a chegada do jornal impresso matinal, a fim de fazer recortes das notícias sobre o evento e colar num álbum improvisado que se perdeu no tempo, mas ficou marcado para sempre em sua memória.
Estes e outros fatos históricos influenciaram decisivamente na formação do menino e pré-adolescente Claudefranklin. Afora isso, a convivência diária e íntima com seu irmão mais velho, o professor José Cláudio Monteiro, falecido em julho de 2005. Padinho Cláudio, como nos diz em entrevista nosso homenageado, foi a maior referência que teve em toda a sua vida.
Aos quinze anos, Claudefranklin, em seu íntimo, já queria ser professor, como seu irmão e também sua irmã mais velha, Claudineide. Mas não queria revelar e nem partilhar isso com ninguém, pois as pessoas criavam outras expectativas para ele, como a de ser advogado. Ele mesmo, até quis ser padre, mas foi demovido da ideia por seu tio materno, Antônio Carlos, também conhecido como Tonho de Sinhô. À época, já paquerava e tinha um namorico com sua atual esposa, a professora Patrícia Monteiro.
Claudefranklin Monteiro nos contou que só resolveu ser professor e manifestar esse desejo aos 17 anos, quando foi aprovado no vestibular da Universidade Federal de Sergipe para o curso de Licenciatura em História, concluído em 1995. Dos 11 aos 17 anos, ele trabalhou para a prima, Ana Alice (Didi), filha de sua tia paterna, Tereza (Teca). Ele entregava os pães de queijo que a prima fazia para os bares e restaurantes da cidade de Lagarto, nos primeiros raios de sol do dia.
A primeira oportunidade de exercer a docência ocorreu antes mesmo de se formar, exatamente no dia 1 de agosto de 1994, assinatura de sua carteira de trabalho como professor do Colégio Cenecista Laudelino Freire. Sua mãe, Claudemira Monteiro, foi responsável por isso, em solicitação feita ao então diretor da instituição, o vereador e professor Izaías de Jesus Carmo. “Tenho por Izaías uma profunda gratidão”, afirma Monteiro. “Ele apostou em mim de olhos fechados e me incentivou bastante”.
A carreira de Claudefranklin Monteiro na docência foi meteórica e promissora e ele deve muito à projeção que o antigo Colégio Cenecista Laudelino Freire lhe proporcionou. Nos cinco anos que passou por lá, atuou para além da sala de aula, descobrindo sua vocação para o campo das letras, da pesquisa e do protagonismo cultural. Sobretudo, depois de conhecer o poeta Assuero Cardoso, de quem se tornou dos melhores amigos. Graças a Assuero e Emerson Carvalho que Claudefranklin Monteiro criou gosto pela pesquisa histórica, a partir de 1996, escrevendo, inicialmente, no jornal Folha de Lagarto, de Raimundinho.
Em 1999, veio o primeiro livro: Centrifugação (poesia). Também foi o ano da virada em sua vida como professor. Depois de alguns anos lecionando português, literatura e redação, teve a primeira oportunidade de lecionar história no Colégio Municipal Frei Cristóvão de Santo Hilário, onde atuou por dez anos. Pelo mesmo período e tempo, atuou também no Colégio Estadual Professor Abelardo Romero Dantas, com uma passagem de apenas nove meses pelo Colégio Estadual Luiz Alves de Oliveira, na Colônia Treze, entre 1998 e 1999.
Sua primeira experiência como professor universitário se deu em 2002, apenas um semestre, numa extensão da Universidade Vale do Acaraú (Ceará), em Lagarto. Ele lecionou a disciplina Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação. Para Claudefranklin, foi ali que resolveu dar passos maiores na carreira, com os pés do chão, mas sempre acreditando que poderia dar mais no campo da docência e aprimorar seus conhecimentos.
Em 2004, após conclusão do Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Sergipe, foi convidado pelos empresários José Augusto Vieira e Josete Reis Vieira para criar e coordenar o curso de Licenciatura em História pela Faculdade José Augusto Vieira, atualmente UNIDOM. Ali, atuou também como professor por cinco anos, tendo aprendido bastante e projetado ainda mais sua carreira, não somente na docência, mas também no campo cultural. Àquela altura, já era conhecido no Estado de Sergipe, como historiador e escritor lagartense, reconhecido no campo intelectual por nomes como Luiz Antônio Barreto. Já colecionava centenas de artigos e pelo menos três livros autorais.
Em 2009, alcançou uma meta que jamais havia imaginado na vida: tornar-se professor da Universidade Federal de Sergipe. Claudefranklin Monteiro resume isso na seguinte declaração: “Nunca tive grandes ambições na vida. Deus me deu mais do que precisava e muito mais do que merecia. Só queria ter um emprego fixo e uma casa. Na profissão de professor, já me contentava em ter dois empregos públicos. Mas as oportunidades de crescimento foram surgindo naturalmente e fui abraçando cada uma delas como bênção e graça”.
Entre 2009 e 2019, Claudefranklin Monteiro consolidou sua carreira de professor e se sente muito feliz e agradecido de chegar aos 45 anos de vida e comemorar 25 anos no chão da escola, palco por excelência de sua atuação. Ao longo dos anos, tornou-se referência na arte de ensinar, formando uma geração de lagartenses e sergipanos da qual me orgulho de fazer parte.
Claudefranklin Monteiro, atualmente é professor do Departamento de História e do Mestrado em História da Universidade Federal de Sergipe e trabalha, principalmente, na formação de professores de história. De personalidade inquieta, tornou-se doutor em história e pós-doutor em cultura e sociedade.
Nos campos da pesquisa e da cultura, extensão de sua prática docente, é autor de seis livros e de centenas de crônicas e artigos, concentrando seus estudos em temas como história de Lagarto, história da educação, história cultural, história da Igreja, história e música. É integrante de três academias literárias: Academia Lagartense de Letras, Academias de Letras Brasil-Suíça e Academia Sergipana de Letras.
O menino que sonhava com dias melhores entregando pão de queijo na infância, agora maduro, esboçando os primeiros cabelos brancos, pai de dois filhos, prepara-se para novos projetos. Entre 2019 e 2020, deverá lançar novos livros autorais e coletivos, entre eles: A vida é um trio elétrico (crônicas), previsto para o mês de novembro deste ano.
Perguntado sobre o que espera ainda mais da vida, na condição de professor, nosso homenageado, sereno e emocionado, afirma: “Quero ter a graça de criar meus filhos e encerrar minha carreira com saúde e com a consciência do dever cumprido”. Parafraseando o saudoso Cláudio Monteiro, ele acrescenta: “Se acreditasse em reencarnação, gostaria de voltar a ser professor em outra vida”.