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Francisco Garcia: “O que você faz com os seus problemas é o que te torna diferente”
27 de dezembro de 2018 - 11:17, por Marcos Peris
Portal Lagarto Notícias
Confira a Entrevista da Semana com o jornalista e apresentador de TV, Francisco Garcia. Natural de São João de Patos, no Maranhão, ele se tornou referência para muitas pessoas que contraíram o vírus HIV, uma vez que, como o próprio costuma dizer, “fez do limão uma limonada”. Em julho deste ano Francisco foi diagnosticado como portador do vírus HIV.
Com 27 anos, ele percorre o Brasil realizando palestras a fim de conscientizar as pessoas a se prevenirem, além de motivar os soropositivos a não desistir da vida somente por causa do vírus. Tanto é que seu objetivo é servir de referência para as outras pessoas.
Confira a Entrevista da Semana na íntegra:
PLN: O senhor é tido como um dos jornalistas mais influentes do Maranhão. De onde vem esse talento para a comunicação? Era sonho? Como o jornalismo entrou na sua vida?
FG: Eu digo que o jornalismo me escolheu, pois foi tudo por acaso. Surgiu uma oportunidade de entrar como estagiário na Rede Globo de Balsas, depois me apaixonei e as coisas foram acontecendo de forma natural. Por isso, acho que se você faz as coisas com amor, tudo vale a pena e se torna sucesso.
PLN: Em julho deste ano, o senhor anunciou que era soropositivo. Diante disso, como descreveria o momento em que descobriu que era portador do vírus HIV? Onde encontrou forças para seguir adiante?
FG: Eu digo que a força veio da necessidade de ser a mudança no mundo que eu quero que tanto mude, porque percebi, como portador do vírus, que a falta de informação era o que causava o medo, gerava o pânico da morte. Mas a partir do momento que comecei a estudar, eu vi ali que tudo isso passava, então a força veio dessa necessidade de compartilhar o que aprendi sobre o HIV com as pessoas. Foi assim que consegui superar.
PLN: O que lhe fez querer assumir publicamente que era soropositivo? Não temeu os preconceitos sociais existentes perante a doença?
FG: Não pensei no preconceito, pensei no quanto eu poderia ser útil na vida de outras pessoas que viessem a descobrir ser portadoras ou que já estavam convivendo com o vírus a levantarem uma bandeira e ver que não estavam sós, que podemos se ajudar. Por isso, decidi assumir publicamente, para ser uma referência na vida de outras pessoas.
PLN: Enquanto uma figura pública com mais de 200 mil seguidores no Instagram, até que a ponto a sua vida social foi impactada após o anúncio de que era soropositivo? O mercado de trabalho lhe fechou as portas?
FG: Pelo contrário, o mercado começou a abrir as portas e as pessoas passaram a entender que o erro que cometi, em ter feito sexo sem proteção, é algo que quase todo mundo pratica. Além disso, em nenhum momento, eu encontrei dificuldades para trabalhar, pelo contrário, as oportunidades vieram de uma forma muito grande, onde hoje lido com a dificuldade em organizar e tentar entender todo mundo. Mas não senti ter perdido a questão do trabalho em nada.
PLN: Como você mesmo costuma dizer em suas redes sociais, o que foi que lhe motivou a “fazer do limão uma limonada” e realizar palestras sobre sua experiência Brasil afora?
FG: O limão é azedo e se você fizer uma limonada, ele fica mais saboroso e isso se encaixa nos problemas da vida. Problema todo mundo tem, agora o que você faz com os seus problemas é o que te torna diferente. Por isso, o que me motivou a levar essa mensagem foi dizer para as pessoas: “Ei, olha, o vitimíssimo não leva ninguém a lugar algum! É preciso acordar, assumir suas responsabilidades, arcar com as consequências e ajudar o próximo”.
PLN: Essa limonada tem colhido muitos frutos positivos? O que mais lhe chamou atenção nesta cruzada de conscientização e combate ao preconceito relacionado a Aids?
FG: Eu tenho buscado colher frutos bons por onde tenho passado, tenho procurado tirar lição de tudo. O que não é benção é missão e eu tenho buscado forcar nisso.
PLN: Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, 40 mil novos casos de HIV surgem anualmente. Diante isso, enquanto ativista, quais as maiores dificuldades em combater e prevenir a Aids no Brasil? Campanhas como o Dezembro Vermelho são eficientes?
FG: Conviver com o HIV no Brasil, a gente é bem amparado pelo SUS. Não se encontra muitas dificuldades, pois a maior questão mesmo é o psicológico e a maioria das cidades não oferecem tratamentos com psicólogos. Mas, no geral, a medicação, o teste e os exames são oferecidos de forma gratuita, então dá para conviver de forma tranquila, sem medo, pois é uma oportunidade de um novo começo.
PLN: Que mensagem que pretende deixar para os internautas do Portal Lagarto Notícias?
FG: Percam o medo, façam o exame, se previnam, mais amor e menos preconceito. A gente precisa de compreensão e pessoas que tenham esse alerta. A Aids não tem cara, tem tratamento e é preciso desconfiar de todo mundo, cuidar da saúde e assumir a responsabilidade para que tenhamos uma sociedade cada vez melhor.