Subvenções: Evaldo Campos diz que o TSE somente jogou o lixo para debaixo do tapete

29 de junho de 2018 - 05:00, por Marcos Peris

Portal Lagarto Notícias

Com a extinção do processo relativo ao caso dos desvios das verbas de subvenções da Alese pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alguns municípios sergipanos registraram queima de fogos para comemorar a decisão que garante a elegibilidade de 22 políticos que, em sua grande maioria, disputarão um mandato eletivo nas eleições deste ano.

Evaldo Campos tem mais de 50 anos de atuação na área jurídica (Foto: Correio do Povo de Alagoas)

Evaldo Campos tem mais de 50 anos de atuação na área jurídica (Foto: Correio do Povo de Alagoas)

Mas se por um lado a decisão foi motivo de comemoração para uns, também foi motivo de revolta para outros tantos, a exemplo do jurista que elaborou  uma proposta de Constituição que serviu como fonte e modelo para a formação da Constituição Estadual, Dr. Evaldo Campos. Para ele, os ministros do TSE apenas jogaram o lixo da corrupção para debaixo do tapete.

“Todos os réus deveriam ser julgados e o Poder Judiciário, que teve tanto tempo para isso, não fez. O julgamento dos envolvidos no caso das subvenções somente foi feito para dar elegibilidade para quem não tem, por causa da Lei da Ficha Limpa. […] O que se fez foi empurrar o lixo para debaixo do tapete, para mais uma vez enganar o eleitorado brasileiro”, criticou o jurista.

Ainda na breve entrevista que concedeu ao Lagarto Notícias, Evaldo Campos não escondeu a sua indignação perante o registro de queima de fogos em comemoração a extinção do processo e a, consequente elegibilidade dos políticos envolvidos, como fora registrado no centro do município de Lagarto.

“Não é possível que num país em que se rouba mais de R$ 300 bilhões por ano e milhões de pessoas passam fome, você ainda veja gente soltando fogos para comemorar a elegibilidade de acusados de corrupção. Essas ações me enchem de revolta, porque a corrupção virou uma prática e é preciso acabar com isso”, destacou Campos ao lembrar que os políticos, de modo geral, que estão envolvidos com a corrupção “são muitas vezes mais perigosos que o crime organizado”.

Radicalismo e voto nulo não resolve

Com a divulgação de tantos casos de corrupção Brasil afora, muitos brasileiros têm clamado por intervenção militar ou de apoio a candidatos da linha militar, a exemplo do deputado e pré-candidato a Presidência da República, Jair Bolsonaro. Mas para Evaldo Campos a saída que o país precisa não é por meio da força.

"O povo tem que fazer juiz na hora do voto" (Foto: Agência Alese)

“O povo tem de tomar a posição de juiz” (Foto: Agência Alese)

“Eu sei que os militares são sérios e não desejam intervir na vida pública, mas não devemos caminhar para 1964. O voto nulo não anula uma eleição, apenas barateia o custo dela para o político. Por isso, o povo tem de tomar a posição de juiz e não votar em envolvidos em processo de corrupção, ainda que a justiça autorize o seu registro de candidatura”, destacou.

“Quem vota em corrupto, amanhã não pode dizer: ‘eu sou vitima da corrupção’. Quem vota em corrupto é coautor e participe da corrupção que destrói o Brasil e que assassina anualmente centenas de milhares de pessoas por falta de médicos, hospitais e remédios. Por isso, não fuja da urna, porque se assim agir, você estará lavando suas mãos e permitindo que a corrupção se alastre mais e mais”, encerrou o jurista de 77 anos.

Evaldo Campos Fernandes é um advogado militante na área criminal há mais de 50 anos, atuando, especialmente, no Tribunal do Júri. Além disso, foi Procurador da República, tendo atuado na Bahia, Alagoas, Santa Catarina e São Paulo, e Procurador Regional Eleitoral. Também foi Secretário de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de Aracaju, vereador por Aracaju, Diretor Administrativo e Jurídico da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe.

Como professor universitário, lecionou as disciplinas Direito Penal, Direito Processual Penal, Prática Processual Penal, Instituições de Direito Público e Privado, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. É membro do Conselho Penitenciário, Secretário de Estado da Administração em Sergipe e Secretário de Estado para Assuntos Parlamentares, quando elaborou, por encomenda do Governo do Estado, uma proposta de Constituição que serviu como fonte e modelo para a Assembleia Constituinte Estadual em 1989.

 

 

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