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Alexandre Júnior: “No Brasil, a educação não é prioridade e está longe de ser”
10 de junho de 2018 - 17:00, por Alexandre Fontes
Portal Lagarto Notícias
Neste domingo (10), o Portal Lagarto Notícias inicia uma série de entrevistas com personalidades da cidade de Simão Dias, que no próximo dia 12 de junho completa 128 anos de emancipação política.
Portal Lagarto Notícias -Quem é o professor Alexandre Barreto Júnior? Descreva sua trajetória de vida?
Alexandre Júnior – Sou Alexandre do Nascimento Barreto Júnior, um legitimo simãodiense, filho do senhor Alexandre do Nascimento Barreto e dona Maria Conceição do Nascimento Barreto. Nasci onde hoje está situada a praça de eventos no dia 15 de julho de 1971, estudei a primeira etapa do Ensino Fundamental, antigo primário, no Grupo Escolar João de Matos Carvalho, a segunda etapa no Colégio Cenecista Carvalho Neto onde também conclui o Ensino Médio.
Ingressei no curso de Geografia da UFS, me especializei em Planejamento Educacional pela Universidade Salgado Oliveira de São Gonçalo/RJ e em Gestão Escolar pela UFBA. Assumi o Departamento de Cultura, Departamento de Meio Ambiente e o de Planejamento e várias gestões municipais e atualmente integro o quadro de funcionários efetivos da SEC/BA e do município de Simão Dias. Sou casado com Julyana Menezes, pai de Inácio e Ana Clara. Tenho um perfil profissional comprometido e focado numa atuação que possa nortear os meus educandos para enfrentarem os desafios da vida.
PLN – Como professor quais os principais desafios enfrentados ao longo de sua carreira de docente?
AJ- Acredito que os meus desafios não sejam diferentes dos demais educadores. Vivemos num país onde os serviços públicos agonizam e na maioria das vezes são prestados com grandes deficiências e a educação não está fora desse contexto.
Infelizmente estamos distantes de uma realidade educacional que possa oferecer aos cidadãos uma condição emancipatória, haja vista, que no Brasil educação não é prioridade e está longe de ser.
Confesso que não é tarefa fácil ser professor, mas, quando percebo no brilho dos olhos de alguns alunos a vontade de querer ir mais adiante, sinto o peso da responsabilidade, faço as adaptações necessárias dentro da estrutura que é oferecida para atuar e oriento os que sonham com um futuro mais digno. Acredito que essa seja a grande motivação para todos nós.
PLN – O senhor possui graduação em geografia, como se identificou com o curso ou tinha (ou tem) pretensão de cursar graduação em outra área?
AJ- A vida é uma caminhada interessante, fui aprovado no curso de Geografia da UFS no ano de 1991, mas, não tinha interesse na docência, queria apenas adquirir mais conhecimentos sobre uma ciência que sempre admirei. No entanto, após o meu estágio no Colégio de Aplicação da UFS e estimulado por alguns professores (as), me encontrei na área e não nego a minha satisfação de integrar uma profissão que é à base de todas as outras. Tenho muito orgulho disso.
Pretendo sim fazer outra graduação, estou tentando organizar as minhas atividades profissionais e pessoais para também trilhar o caminho do Direito.
PLN – Exercer a profissão na atualidade é mais complexo do que quando frequentava a sala de aula como estudante?
AJ- Sem duvida alguma existem grandes disparidades entre o ontem e o hoje. Atualmente, nós professores temos que lidar com alunos com habilidades, realidades e interesses totalmente distantes dos nossos. Às vezes fico a pensar na postura adotada pelos meus professores na época que cursei o Ensino Médio e percebo que se eu as reproduzisse hoje seriam ineficazes. As mudanças sociais são dinâmicas e todo profissional deve imprimir uma postura antenada ao seu tempo, pois o que deu certo ontem não é eficaz hoje e talvez não sirva amanhã.
Além disso, grande parte dos alunos tem acesso a ferramentas tecnológicas que lhes permitem acesso a informações que podem auxiliar nos trabalhos de pesquisas e na aprendizagem, porém, nem sempre usam tais instrumentos como deveriam, perdem muito tempo acessando as redes sociais em detrimento da busca de saberes acadêmico e o que deveria ser auxílio, passa a ser um problema em sala e na escola.
E para piorar o quadro, vejo que as famílias não conseguem solucionar seus conflitos internos, desistem precocemente dos seus filhos, tentam transferir responsabilidades para os professores que não são suas, empregando um otimismo ingênuo para camuflar o mau gerenciamento na célula mater. Tal realidade conspira para construir a ideia errônea de que as escolas são “depósitos de gente”.
PLN – O senhor já recebeu diversos convites para assumir a Secretaria de Educação de Simão Dias, por qual motivo nunca aceitou o convite?
AJ- É verdade, por várias vezes recebi o convite para assumir essa pasta e em cada um deles fiquei lisonjeado, afinal um convite dessa envergadura não é direcionado para qualquer um.
Sou muito focado no cumprimento de metas e como já tinha estabelecido algumas metas profissionais e outras de ordem pessoal, assumir a Secretaria de Educação iria retardar planos que eu não deveria abrir mão.
Não tenho vaidade por cargos, ressalto que em outras gestões os convites também vieram e nunca os aceitei. Quem assume uma pasta desse porte deve ter dedicação exclusiva e no momento não disponho desse requisito indispensável.
PLN – O senhor lançou uma ideia quando da implantação da estátua do vaqueiro na entrada da cidade, da construção de uma cápsula do tempo, com registro de acontecimentos históricos, e posterior abertura da mesma após um século. Por que a sua ideia não se concretizou?
AJ- Não só a ideia da cápsula do tempo, sugeri também uma placa contando a história sobre o pioneirismo do vaqueiro Simão Dias e que nela constasse os agradecimentos a então Indústria de cal e tintas/Votorantim por ter doado a estátua.
Acredito que a não efetivação disso permeia pela falta de interesse dos que tiveram a oportunidade de fazer. O importante é que o meu objetivo foi alcançado, antes da fixação da estátua, poucos sabiam sobre a história do nosso município depois dela qualquer um, independente da idade, sabe o que ela representa. A escultura do vaqueiro é um cartão postal e uma das grandes representações de imagem pública de Simão Dias.
Apresentei ao Prefeito Marival Santana um prospecto de revitalização do trevo onde a estátua está fixada. Nele está presente a cápsula do tempo, a placa, um novo paisagismo, iluminação mais adequada e outros elementos que irão dar mais destaque ao monumento. Fiquei otimista com o entusiasmo do gestor que me garantiu executar antes do término do seu mandato. Estou ansioso por isso e confiante na promessa.
PLN – Como membro do Rotary Club de Simão Dias, qual papel a entidade vem desempenhado no município em prol da população?
AJ- O Rotary é um club centenário, internacional e desempenha ações que perpassam pelas questões ambientais e causas humanitárias em várias partes do mundo. Fundado em Simão Dias há pouco mais de uma década possui uma dinâmica proativa e instituiu um calendário de ações a ser executado durante o ano. Entre elas posso citar: a feijoada solidária que busca arrecadar fundos para a aquisição de cadeiras de rodas, a pedalada solidária que tem como objetivo adquirir, com as inscrições, alimentos para serem doados a instituições de caridade; o plantio de árvores como o que foi realizado na rua Paulo Rodrigues e o Projeto Núcleo Rotário de Desenvolvimento Comunitário Valter Passos que proporciona tratamento odontológico gratuito aos assistidos pelo Projeto RECA.
Ser rotariano é isso, dar de si sem olhar pra si. No dia 04 de julho de 2018 será empossada a nova diretoria do Rotary Club de Simão Dias, terei o privilégio de assumir a presidência, juntamente com o meu vice Renaldo Prata, tesoureiros Carlos Kleber Costa e Murilo Santa Rosa, gestor de projetos e protocolo Edelson Freitas e as secretárias Luciana Virgens e Rosa Helena Andrade. Uma equipe formada por companheiros e companheiras extremamente comprometidos em dar continuidade ao sucesso que o nosso clube vem alcançando.
PLN – Como é de conhecimento, o seu pai, Alexandre Barreto, exerceu mandato de vereador em Simão Dias. O senhor também acalenta o desejo de um dia representar o município no parlamento municipal.
AJ- Gosto muito da política e é evidente que corre nas minhas veias. Como bom munícipe, devo ficar atento às decisões e intenções que margeiam os interesses da minha querida Simão Dias. Não descarto a possibilidade de um dia trilhar por esse caminho, mas, ainda não coloco como objetivo.
Todas as manchetes que lemos e noticiários que assistimos faz aumentar a decepção com a classe política, estamos sedentos de boas referências e os cidadãos honrados perderam totalmente o interesse de participarem da vida pública. A maior parte dos nossos representantes faz da política profissão de carreira dinástica, criou, em todas as esferas, uma organização criminosa sem precedentes e querem perpetuar essa conjuntura. Afinal a falta de interesse dos decentes geram melhores oportunidades para os indecentes.
PLN – Como o professor Alexandre Júnior analisa o atual quadro político brasileiro? As eleições podem ser marcadas por surpresas no tocante a renovação da classe política?
AJ- Do ponto de vista democrático o Brasil ainda é muito jovem, imaturo e não conseguiu aprender as lições da falta de liberdade, dureza e insensibilidade de um regime militar que há pouco expurgamos.
Analiso a atual conjuntura com muita cautela e preocupação. Como disse, estamos sedentos de boas referências e o cenário nacional é muito mais complexo do que imaginamos. A jovem democracia, que, diga-se de passagem, sou defensor, produziu monstrengos e anomalias políticas que vão no decorrer do tempo deixando lacunas e o que temo e que sejam preenchidas por outras aberrações. Que DEUS nos proteja.
PLN – Em Simão Dias, qual a sua opinião com relação a política educacional corrente no município?
AJ- Simão Dias não está distante da realidade da maioria dos municípios brasileiros e a política educacional é um dos seus grandes gargalos. A redução do número de matricula, dificuldades econômicas para honrar o piso do magistério, as falácias do Governo Federal e uma herança desastrosa de décadas deixam a politica educacional com um sabor amargo.
PLN – Nos 128 anos de emancipação política de Simão Dias, qual mensagem Alexandre Júnior deixa para os munícipes.
AJ- Participei das comemorações do centenário de emancipação política de Simão Dias e já se passaram 28 anos, o jovem Alexandre do Nascimento Barreto Júnior hoje está maduro e com uma visão de mundo mais racional.
O futuro dessa terra não está centrado apenas nas decisões políticas, as competências e habilidades que cada cidadão e cidadã possuem serão cruciais para deslumbrarmos um horizonte mais próspero. Torço que novos empreendedores apareçam, que grandes ideias aflorem, que novos inquietos gritem, que os simãodienses busquem novos saberes e tragam para os nossos jovens, oportunidades de um futuro mais humanizado e menos injusto.