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Henri Clay: “Estou sendo abordado para a disputa do pleito eleitoral deste ano”
29 de abril de 2018 - 19:09, por Alexandre Fontes
Portal Lagarto Notícias
Encerrando a série especial aniversário da cidade de Lagarto, o Portal Lagarto Notícias entrevista neste domingo (29), o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Sergipe, Dr. Henri Santos Andrade, natural de Lagarto e que nesta segunda-feira (30) completa 49 anos de vida.
Dentre os temas abordados, estão: o fortalecimento da advocacia sergipana, história familiar e pretensões políticas.
Essa entrevista destaca as inaugurações ocorridas na última segunda-feira (23), do gabinete odontológico e do auditório da sede da Regional OAB Lagarto.
PLN: Quais são as raízes do senhor em Lagarto? Muito se fala do seu pai, conhecido por General, o que o senhor herdou dele?
HC: Minha mãe, Marilene Andrade, tem uma bela história em Lagarto como professora de matemática de várias gerações. Ensinou nos colégios Laudelino Freire, Salete e Polivalente. Também trabalhou como servidora do INSS e depois como bancária, no Banco do Brasil. Meu pai, Divaldo Andrade – carinhosamente chamado de General – começou sua vida trabalhando nos Correios. Tempos depois, com muita determinação e sacrifícios, formou-se em Direito pela UFS, sendo advogado e procurador do Estado de Sergipe. Ainda quando estudante de Direito, chegou a se eleger Vereador em Lagarto. Acho que herdei do meu pai a alegria expansiva, a capacidade de fazer amigos e ser leal às amizades, o gosto pela leitura e pelo direito e a sensibilidade social.
PLN: Como descreveria os seus primeiros passos no ambiente educacional em Lagarto? Quais foram os seus primeiros mentores? Foi em Lagarto que percebeu a vocação pelo Direito?
HC: Eu estudei em Lagarto todo o primeiro grau, no colégio Salete, onde fiz grandes amigos e vivi belos e inesquecíveis momentos. No Salete, estudei desde o maternal até à 8ª série. O científico, que hoje é chamado de ensino médio, estudei em Aracaju, no colégio Salesiano. Portanto, a minha formação básica, o meu esteio, devo ao ensino em Lagarto. A minha primeira professora do ensino fundamental foi Rosângela, filha de Seu Faustino da padaria e esposa de Nenhem da lotérica, hoje proprietários do conceituado colégio Pequeno Príncipe. Em Lagarto eu já gostava muito de ler jornais, revistas e escrever. Cheguei a fundar juntamente com os meus colegas Aurélio, Anselmo, Paulo Henrique, Toinho, Tuca, um jornal de circulação estudantil. Chamava-se Jornal O Estudante. Então, à época tinha uma tendência para ser jornalista.
PLN: O senhor esteve à frente da OAB Sergipe por três mandatos. Diante disso, quais os principais desafios da advocacia sergipana atualmente?
HC: A inclusão da Jovem Advocacia no mercado de trabalho – hoje bastante competitivo e em crise – e o resgate do absoluto respeito às prerrogativas profissionais. Essas devem ser as prioridades institucionais permanentes de qualquer gestão.
PLN: Quais avanços o senhor elencaria como sendo os mais importantes nestes pouco mais de dois anos à frente da OAB Sergipe? A missão de fortalecer a advocacia foi alcançada?
HC: A OAB/SE tem atuado com coragem e firmeza em prol da valorização da advocacia e no enaltecimento das lutas essenciais da nossa instituição. A nossa OAB é protagonista das causas sociais e proativa nas ações corporativas. Avançamos muito na interiorização, na capilaridade de atuação em defesa da advocacia e da cidadania, em virtude do forte engajamento da advocacia em um modelo inovador, coletivo, participativo e democrático. Todos têm a oportunidade e a autonomia para contribuir, imbuídos no sentimento de pertencimento. Temos a consciência de que a advocacia é fortalecida no dia a dia nos fóruns, tribunais, ou seja, na atuação qualificada, ética e independe de todos os advogados e advogadas. À OAB cabe respaldar e defender, com firmeza, a dignidade profissional.
PLN: Enquanto presidente da OAB Sergipe, o senhor tem dado muito espaço a juventude. Que avaliação o senhor faz da atuação desses jovens na advocacia sergipana? Eles vieram para reoxigená-la? Que mensagem o senhor busca passar através deles?
HC: Para mim administrar é envolver pessoas capazes e afins de realizar, de executar o projeto coletivo de gestão. Liderar é a capacidade de confiar, delegar e formar novos líderes. Na minha concepção, a juventude não é apenas o futuro, é sobretudo o presente que amadurece na ação combativa e proativa em convívio com os mais experientes. Abrimos espaços importantes à jovem advocacia para a sua necessária formação e maturação política-institucional através da luta, confiando-lhes responsabilidades.
PLN: A gestão de Eduardo Maia à frente da Regional Lagarto tem sido bastante elogiada. Como o senhor em visto a atuação do jovem advogado? Como avalia o futuro dele na Ordem?
HC: Confiamos nos jovens a importante tarefa de representarem às cinco regionais. Foi uma aposta que deu muito certo. Em Lagarto, Eduardo Maia, desempenha um trabalho primoroso. Ele é articulado, atuante e competente. E faz o seu papel com empolgação contagiante. Com isso conseguiu agregar valorosos colegas de todos os municípios da regional centro-sul. Eduardo Maia e esses colegas têm futuro promissor, porque as suas ações são reconhecidamente meritórias.
PLN: A Regional Lagarto tem passado por algumas melhorias estruturais, incluindo a construção de um auditório. A que ou quem se deve essas melhorias?
HC: Na última segunda-feira, dia 23, inauguramos o auditório com amplo e confortável espaço para 120 lugares
e um moderno consultório odontológico. Estou muito feliz com a ampliação dos serviços em benefício da advocacia e em implementar as melhorias necessárias na nossa sede, que construímos e inauguramos em 2009, durante o meu segundo mandato como Presidente. Foi a primeira sede própria da OAB/SE no interior do Estado.
PLN: Como o senhor tem avaliado a postura do judiciário brasileiro no tocante ao julgamento dos envolvidos na Lava-Jato? Os petistas falam de uma justiça seletiva, uma vez que Lula foi preso sem o esgotamento dos recursos em 2° Instância, o senhor comunga dessa tese?
HC: A OAB tem convicção jurídica de que a execução provisória da pena, isto é, a prisão imediata após decisão condenatória em segunda instância é inconstitucional, porque afronta o princípio da não culpabilidade. Ninguém pode ser considerado culpado enquanto não houver decisão condenatória transitada em julgado. É o que expressamente está escrito na Constituição Federal. A OAB Nacional, inclusive, ingressou há mais de dois com uma ação judicial invocando a constitucionalidade desse preceito jurídico, para o fim do STF rever a sua atual decisão de autorizar a prisão imediata após a decisão condenatória em segunda instância. Estamos aguardando a Presidente do STF pautar o processo para julgamento no Pleno da Suprema Corte.
PLN: Em sua opinião, qual o papel da justiça brasileira nesse ano eleitoral em que muitos políticos citados e envolvidos em esquemas de corrupção disputarão a reeleição com vistas ao consequente Foro Privilegiado?
HC: É preciso acabar de uma vez com o foro privilegiado. A sociedade não aceita mais impunidade e privilégios para os políticos e aos que ostentam poder. Está na hora de passar o Brasil a limpo. Temos que aprofundar o controle social de combate à corrupção e a participação cidadã na discussão e execução de políticas públicas essenciais para fazer prevalecer os direitos fundamentais e sociais do povo brasileiro.
PLN: A sociedade busca por nomes novos e o senhor já teve o seu nome ventilado por setores da imprensa para ocupar um cargo público. Por isso, se houvesse um chamamento da sociedade, Henri Clay estaria disposto deixar a presidência da OAB Sergipe para disputar um mandado eletivo? Se sim, para qual cargo? Pelo qual partido e por quê?
HC: Êita! Perguntas instigantes (risos). É verdade que estou sendo abordado para a disputa do pleito eleitoral deste ano. Sou homem de desafios, mas só me engajo em projeto do qual eu acredite e me entusiasme. A atual conjuntura política é preocupante. O conceito e a credibilidade da classe política estão devastadas. E isso é muito ruim para o País. A democracia está em xeque. Então, essa intensa abordagem sobre mim é a consequência lógica e natural do forte anseio da sociedade por inovação e sérias mudanças na política. Fico honrado pelas manifestações de apreço e de confiança. Estou ouvindo, interagindo e refletindo com muita atenção e tranquilidade sobre tudo isso.
PLN: Sergipe enfrenta uma grave situação no tocante a segurança pública e o senhor já afirmou que “o Estado é o maior propulsor da violência”. Por isso, em sua opinião, o que deverá fazer o Estado para devolver a sensação de segurança para a população no curto, médio e longo prazo?
HC: A violência é um problema social gravíssimo e complexo. Por isso, só há resolução com ações complexas e concatenadas em um planejamento estratégico baseado na inclusão social, que integre educação integral, cultura, esporte, lazer, saúde e assistência social. Ah, e polícia também. Mas em outra lógica, com uma moderna concepção na qual se priorize investimentos em inteligência preventiva e investigativa. Acredito na eficiência da polícia integrada na comunidade, presente nas ruas para evitar o crime. As atuais estatísticas comprovam que truculência gera ainda mais violência. E que os alarmantes índices de criminalidade estão associados à evasão escolar, à ausência ou ineficiência do Estado para suprir as necessidades básicas do povo, fatos que propiciam a disseminação das drogas. Por tudo isso, tenho dito com absoluta convicção de que a inclusão social é a única alternativa de prevenir a violência e a criminalidade.
PLN: Que mensagem o senhor deixa para os seus conterrâneos que neste mês celebram o 138° aniversário de Lagarto?
HC: Lagarto é a minha raiz, pois é a Terrinha em que nasci, vivi as minhas infância e adolescência. Em Lagarto formei os meus valores e meus princípios que baseiam o meu caráter e norteiam a minha conduta. Tenho muita gratidão. Anseio que minha cidade possa prosperar a sua economia e as condições humanas e sociais, para que os meus conterrâneos possam ter oportunidades de usufruir de escolas públicas de qualidade, universidades, hospitais que preservem e cuidem da saúde de todos, segurança nas ruas e nas praças e pleno emprego. Acredito que venceremos as dificuldades da vida com fé em Deus, disposição para o trabalho e forte investimento nos estudos. Estudar traz novas perspectivas, novos horizontes, melhores oportunidades. Estudar sempre! Só o estudo liberta.