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Pe. Jivaldo: “O povo ainda não compreende que o padre é uma pessoa igual a todas as outras”
4 de fevereiro de 2018 - 21:00, por Marcos Peris
Portal Lagarto Notícias
A Entrevista desta Semana é com o padre Jivaldo Modesto, atual vigário da Paróquia Nossa Senhora Imperatriz dos Campos, em Tobias Barreto. Natural da cidade de Pedrinhas, Modesto comemora no próximo dia 20 de fevereiro seus 25 anos de sacerdócio.
Por isso que nesta edição da Entrevista da Semana, o sacerdote falou dos motivos, das dificuldades e desafios do ser padre. Modesto também falou da sua passagem pela Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, bem como da ascensão lagartenses aos mais altos cargos da Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil.
Vale destacar que o padre Jivaldo Modesto é natural da cidade de Pedrinhas, localizada a 89 km de Aracaju. Foi lá que o religioso deu início a sua formação educacional, no Colégio Dr. Jessé Fontes, em seguida, Modesto passou por diversas instituições de ensino de primeiro e segundo grau e superior.
Com 59 anos, Jivaldo Modesto, além de vigário paroquial, é licenciado em Filosofia pela Faculdade Entre Rios do Piauí e bacharel em Teologia pela mesma instituição. Entretanto, o seu vasto currículo mostra até nas férias ele busca ampliar o seu conhecimento sobre a Igreja e a Ciência. Tanto é que ele acumula 15 cursos de férias nas mais diversas áreas: Rádio, Psicologia, Grafologia, Parapsicologia e Fenômenos Paranormais.
Confira a Entrevista da Semana na íntegra:
PLN: O que o fez ingressar no sacerdócio?
Pe. Jivaldo: A necessidade do Sacerdote para a evangelização é a música do padre Zezinho: “Se ouvires a voz de Deus / Chamando sem cessar / Se ouvires a voz do mundo / Querendo te enganar / A decisão é tua…”.
PLN: Em 25 anos de sacerdócio, o que mais lhe marcou?
PJ: A glória de celebrar a missa e de pegar no próprio corpo de Cristo. Também a grande alegria de me sentir livre para Deus e para os meus irmãos mais necessitados. Sem falar da honra em poder me consagrar totalmente pelo o reino de Deus na evangelização.
PLN: Qual a marca do padre Jivaldo Modesto?
PJ: A minha marca é a eucaristia. É Jesus vivo no meio de nós e eu ter a satisfação de dizer que sou um dos seus discípulos no século atual. Por isso, a minha marca é, humanamente falando, a minha simplicidade e popularidade.
PLN: Como foi para o senhor atuar na Paróquia de Nossa Senhora da Piedade? O que dizer da fé do povo lagartense?
PJ: Eu cheguei à paróquia de Lagarto graças a um pedido do então padre Mário, que gostou do meu jeito simples, notado durante o meu retiro espiritual. Naquela época, ele pediu ao bispo Dom Hildebrando para que eu fizesse uma experiência sacerdotal com ele. O bispo permitiu e aquela experiência foi muito bem aproveitada, pois com o trabalho que desenvolvi na Matriz, no rádio e nos povoados, acabei ganhando a simpatia do povo lagartense.
Além disso, também fui agraciado com o título de Cidadão Lagartense pela Câmara Municipal de Vereadores. Mas este reconhecimento foi fruto do esforço de Manuel da Lagartense, que lutou muito por ele.
PLN: O padre Jivaldo pensa em ser elevado ao cargo de Bispo?
PJ: Não. Mesmo que a Igreja ou o Papa me escolhessem, eu não aceitaria. Porque eu deixaria de ser o padre Jivaldo que sou, com toda a minha popularidade, simplicidade e maneira natural de ser e de me divertir junto ao meu povo.
Eu sinto que se chegasse o momento, a obrigação de ser bispo me faria fugir da história do povo sofrido. Não por discriminá-los, mas o cargo de bispo, consequentemente, acaba afastando o povo mais pobre da minha pessoa, porque a responsabilidade do cargo discrimina a presença daquele que não tem tanta cultura.
Por isso, não quero conquistar mais nada além do Reino de Deus e a realização plena do meu sacerdócio em Cristo ao lado do meu povo. Esse povo que Deus confiou a mim.
PLN: Quais os maiores desafios enfrentados por um padre?
PJ: Os maiores desafios: 1º) O padre não é bem visto em suas amizades seja lá com quem for do sexo masculino ou do sexo feminino. 2º) O povo ainda não compreende que o Padre é uma pessoa igual a todas as pessoas. Por isso, o julga antecipadamente. 3º) O povo precisa está ao lado do padre para sentir a solidão, a angústia e o próprio vazio que muitas vezes o padre sente principalmente pela falta de compreensão desse mesmo povo que Jesus entregou ao padre para conduzir só reino do céu.
Meu povo, minhas ovelhas, amém os seus padres. Eles são pecadores iguais a vocês, mas têm algo de especial que vocês não têm: a missão de se doar pela salvação de todos, sem descriminação de raça ou de cor.
PLN: Atualmente o município de Lagarto possui quatro bispos: Dom Mário, Dom Dulcênio, Dom João e Dom Paulo Celso. Desta forma, a cidade passou a ser celeiro de bispos. A que se deve esta conquista?
PJ: Isso é resultado da espiritualidade do povo lagartense, que é conhecido por ser muito fervoroso. Sem falar que possui uma religiosidade popular muito ligada ao “eu” de cada um.
PLN: Que mensagem o senhor deixaria para o povo de Lagarto, seus conterrâneos?
PJ: A mensagem é de grande agradecimento pelo carinho, pelo amor e pela consideração que o povo de Lagarto tem para com a minha humilde pessoa. Por isso que se morresse agora, morreria feliz. Porque passei, durante minha vida sacerdotal, duas vezes na Paróquia de Nossa Senhora da Piedade e digo isso não porque ela é rica ou porque é um celeiro de bispos, mas porque é composta por um povo acolhedor, que amadureceu o meu sacerdócio com a sua fé.
Obrigado, Lagarto! Muito obrigado! Deus te pague com as graças do céu. Tive muitas amizades, mas nunca as decepcionei, pois sempre fui fiel e serei a vocês e a minha vocação sacerdotal. Deus abençoe a todos.