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LAGARTO, UM CELEIRO DE VOCAÇÕES*
27 de dezembro de 2017 - 08:49, por Claudefranklin Monteiro
Na acepção da palavra, mesce é um “terreno dedicado ao cultivo e que se encontra em boas condições para a colheita”. Considerando os últimos acontecimentos envolvendo sacerdotes, cuja formação se fez em e a partir do Município de Lagarto ou cujas vidas se efetivaram no lugar, o clamor de Jesus Cristo para que o Senhor envie mais operários encontrou ressonância na Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, fundada no dia 11 de dezembro de 1679.
Em meu último livro, Contradições da Romanização da Igreja no Brasil (A Festa de São Benedito em Lagarto, 1771-1928) é possível compreender a força da assertiva acima a partir da seguinte constatação: “A História de Lagarto está impregnada de valores cristãos, marcadamente católicos, em que a figura do padre se apresentou não só como agente religioso, mas também como agente sociopolítico, tendo sido decisivo em ações que fomentaram seus principais acontecimentos. Esse aspecto não só definiu a sua identidade, como foi fator decisivo em sua formação e desenvolvimento”.
Por isso mesmo, não receio em dizer, frente às inúmeras fontes disponíveis e à análise criteriosa dos fatos, que a chegada e presença de Monsenhor João Batista de Carvalho Daltro na antiga Vila do Lagarto foi significativa para imprimir novos rumos. Daltro nasceu e se criou na divisa entre Simão Dias e Paripiranga, mas naturalizou-se lagartense, tendo sido pároco de 1874 a 1910. Seus restos mortais se encontram sepultados no piso da subida do Altar-Mor do Santuário de Nossa Senhora da Piedade.
No dia 15 de maio de 1968, acompanhado pelo saudoso Padre Danilo, chegou a Lagarto o Padre Mário Rino Siveri. Sacudida por uma política pequena e rasteira, a Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, a partir do Padre Mário, do Padre italiano, de voz forte e alma determinada, escreveu uma bela página de seu cristianismo, marcada por inúmeras obras, entre elas, a Fazenda da Esperança.
São muitos os sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos e leigas consagradas (até mesmo casais e solteiros por opção) que tiveram em Dom Mário Rino Siveri (bispo desde maio de 1997): a inspiração, o amparo e a acolhida. Entre eles, só para ilustrar: Dom Dulcênio, Dom João e Dom Paulo Celso. Homens de Deus, cujas autoridades e importâncias alcançadas no clero, enchem de orgulho a gente lagartense.
A partir da chegada do Padre Daltro a Lagarto, em 1874, a História da Igreja em Sergipe registra dados suficientemente expressivos para compreender a fertilidade vocacional da mesce lagartense e para a sua presença, atuante, na chamada elite clerical.
Incluindo o 1) Padre Daltro, também tiveram a honraria de ser Monsenhor os seguintes padres: 2) Vicente Francisco de Jesus (falecido em Lins, São Paulo, fundador da Diocese de Lins); 3) João de Sousa Marinho (de origem portuguesa, Pároco entre os anos 30 e 50); Jazon Barbosa Coelho (Pároco entre os 60 e 70); 4) José de Araújo Machado (foi Chanceler da Arquidiocese de Aracaju à época de Dom José Tomaz); 5) Juarez Santos Prata (foi Secretário Dom Augusto Álvaro da Silva e depois do Cardeal Dom Eugênio Sales); 6) José Carvalho de Souza (destaque, por muitos anos, no Arquidiocesano); 7) Mário Rino Sivieri e 8) Paulo Celso Dias do Nascimento.
Com Paulo Celso Dias do Nascimento, agora são 4 (quatro) os Bispos de origem ou identidade lagartense: Mário Rino Sivieri, Dulcênio Fontes de Matos e João José Costa. Este último, à propósito, atual Arcebispo de Aracaju. Assim, Lagarto, celeiro de inúmeras vocações sacerdotais e religiosas, outrora terra de Monsenhores, doravante também será conhecida como terreno fértil para o cultivo e colheita de Bispos, insignes operários da mesce do Senhor.
* Artigo publicado originalmente na Revista Tribuna Municipal, em Dezembro de 2017. Com a colaboração de Dr. Paulo Andrade Prata, Presidente da Academia Lagartense de Letras.