Exames preventivos realizados pelos homens podem contribuir para a redução da transmissão vertical da sífilis, do HIV e das hepatites virais. Segundo o médico Almir Santana, coordenador do Programa IST/Aids, da secretaria de Estado da Saúde (SES), estimular o homem a realizar procedimentos, a exemplo dos testes rápidos relacionados a essas doenças, é uma estratégia que gera benefícios para o casal e para a saúde do bebê. Esses exames podem ser realizados enquanto ele acompanha a parceira no decorrer do pré-natal.
“Realizando o “pré-natal masculino”, ou seja, um conjunto exames preventivos, o homem faz uma avaliação da sua saúde, principalmente no que diz respeito às infecções sexualmente transmissíveis, visto que a população masculina geralmente procura o médico quando o problema de saúde já foi detectado e está em estágio de evolução”, explicou Almir Santana.
De acordo com informações do Programa Estadual IST/Aids, nos últimos quatro anos, 1.430 gestantes foram diagnosticadas com sífilis. Só no ano passado, cerca de 300 casos de sífilis congênita foram registrados em Sergipe, sendo uma doença que afeta os bebês já nos primeiros dias de gestação ou de nascimento.
Sífilis
A sífilis é uma infecção adquirida em relação sexual quando não há uso de camisinha, portanto não escolhe idade, sexo, nem classe social. A contaminação nem sempre ocasiona a manifestação de sintomas, o que a caracteriza como infecção, às vezes, silenciosa por meses ou até anos. O primeiro sintoma surge a partir de uma feridinha nos órgãos genitais (pênis, vagina ou ânus) chamada cancro duro, que não dói, não gera pus e desaparece sozinha mesmo que não haja a cura. O segundo estágio da manifestação dessa infecção se dá com queda de cabelo, feridas no corpo, especialmente em mãos e pés, que não coçam.
A transmissão da doença para o bebê acontece através da mãe infectada durante a gestação, caso não faça o pré-natal corretamente. A doença é considerada grave para os bebês por representar sérios riscos à saúde, com conseqüências irreversíveis. A criança pode nascer com lesões na pele, no esqueleto, no sistema nervoso, lesões cardiovasculares, ocasionando até mesmo a morte durante a gestação e também provocando o aborto, daí a importância dos cuidados a serem mantidos pelos homens, a fim de que mãe e bebê não corram riscos de infecção”, acrescentou o médico.
HIV
Atualmente, já foram detectados mais de 5.800 casos de Aids em Sergipe desde 1987. A infecção pelo vírus HIV resulta na doença, que se caracteriza pelo enfraquecimento do sistema imunológico do corpo. Com o organismo mais vulnerável ao aparecimento de enfermidades oportunistas que vão de um simples resfriado às infecções mais graves, como tuberculose e câncer, o próprio tratamento dessas doenças fica prejudicado com a presença do vírus HIV no organismo.
Hepatites Virais
Estatísticas da SES revelam que de 2010 a 22 de junho deste ano foram registrados em Sergipe 821 casos de hepatite B e 492 casos de hepatite C. De acordo com o coordenador do Programa Estadual IST/Aids, os números apontam para a necessidade de cuidados intensivos com a saúde, visto que se trata de uma doença também silenciosa e que, possivelmente, acomete mais cidadãos do que os apresentados nos números, ou seja, os que não realizam testes rápidos para identificação da doença. Atualmente, a medicina reconhece cinco tipos: as hepatites A, B, C, D e E. Destas, a hepatite C é a mais perigosa e a responsável por, em média, 70% das mortes relacionadas à doença. Não existe vacina para esse tipo, apenas a prevenção. Por outro lado, existe vacina contra a hepatite B, que está disponível na Rede Básica de Saúde.
Em decorrência dos grandes riscos oferecidos pela doença, equipes do Programa Estadual IST/Aids estão disponibilizando com freqüência testes rápidos para hepatites B e C, preservativos, além de orientação através de palestras e informativos, a fim de evitar a disseminação da doença. O teste rápido, quando confirmado, torna-se importante para iniciar o tratamento, evitando graves conseqüências para o paciente.
Ainda segundo Almir Santana, é importante que as Secretarias Municipais de Saúde, através das equipes de saúde da família, também procurem divulgar e disponibilizar os testes rápidos de sífilis, HIV e hepatites virais na rotina das unidades de saúde. “Durante a gravidez, muitos casais acham que não há necessidade do uso do preservativo. O uso correto e consistente da camisinha masculina ou feminina nas relações sexuais durante os nove meses de gravidez é importante para a prevenção dessas doenças e de outras ISTs”, orientou o coordenador.