1,5 milhão de pessoas sofrem com o uso excessivo do fone de ouvido, segundo OMS

29 de julho de 2017 - 05:00, por Marcos Peris

Seja para relaxar, estudar, por diversão ou para ter privacidade, o uso de fones de ouvido está cada vez mais frequente no cotidiano das pessoas. No entanto, é preciso considerar que essa comodidade pode prejudicar a saúde. Uma estimativa da Organização Mundial de Saúde mostra que cerca de 5% das perdas de audição no Brasil, aproximadamente 1,5 milhão de pessoas, estão relacionadas à utilização indevida do fone de ouvido.

A pesquisa mostrou ainda que a maioria dessas pessoas é jovem e que poderia ter evitado o problema com a redução do uso do equipamento. Cecília Maria Santos, de apenas 17 anos, utiliza o fone de ouvido diariamente. Antes, o volume era o mais alto possível. Após a reclamação da mãe, a jovem diminuiu o volume e a regularidade com que usava o equipamento. “Sempre usava o fone no volume mais alto. Até quem estava ao redor ouvia. O que me fez deixar o fone de lado foi que comecei a não ter mais atenção para as coisas e também comecei a sentir muita dor de cabeça. Quando diminuí, parou”, disse a jovem.

Outro dado da Organização Mundial de Saúde indica que usar fones de ouvidos por mais de 90 minutos por dia pode aumentar a chance de zumbido ou perda da audição em um período de até cinco anos, isso se for utilizado o volume de médio a alto. Caso o volume esteja no máximo, esta estimativa pode aumentar em 70%. A OMS estima também que em países de baixa renda aproximadamente 50% das pessoas entre 12 e 35 anos escutam música alta de forma prejudicial para a saúde.

Para o otorrinolaringologista Nelson D’Ávila, o excesso é o que prejudica a saúde. “O fone de ouvido é prejudicial por estar muito próximo ao canal auditivo. Mesmo assim, o que mais faz mal é o volume elevado por muito tempo. A prevenção deve ser constante. Atualmente, os fones dos aparelhos eletrônicos como os de MP3 e celulares chegam entre 100 ou 110 decibéis, quando o ideal é de no máximo 80 decibéis. Quanto menor o volume do fone, maior será a chance de ter uma audição cada vez mais saudável, principalmente em longo prazo”, disse o especialista.

Nelson D’Ávila dá dicas para o usuário, que não tem como medir os decibéis do fone de ouvido. “É simples controlar o volume, o interessante é deixar sempre em uma média de 60%. Apesar de alto, este é o nível menos prejudicial para a saúde dos ouvidos. O tempo de uso também é importante. Nesses casos, devem ser utilizados em no máximo quatro horas por dia, não mais que isso. Se o volume exceder os 110 decibéis, este período de uso deve ser de no máximo 30 minutos por dia. Acima desse tempo, o uso pode causar sérios danos”, afirmou o otorrinolaringologista.

Atualmente, no mercado estão disponíveis dois tipos de fone: os intra-auriculares e os extra-auriculares. Nelson D’Ávila afirma que, quanto menos invasivo menos prejudicial é o acessório. “Os fones que são colocados dentro do ouvido são mais propensos a causar danos à saúde. O ideal mesmo é utilizar aqueles que são colocados por fora e que não estão em contato direto com o canal auditivo. Tudo isso, somado ao uso consciente do fone de ouvido, pode-se diminuir consideravelmente o risco de danos ou perdas na audição”, disse o especialista.

O médico explica também que pessoas que apresentam algum sintoma de falta de audição devem se manter em alerta. “Quem já sente zumbidos ou diminuição da audição precisa tomar ainda mais cuidados. Quem já sente algum desses sintomas deve procurar um médico o quanto antes e deixar os fones de ouvido de lado. É preciso lembrar que este acessório, se utilizado de forma indevida, pode levar a graves consequências para a saúde. O problema não está no uso e sim no excesso”, disse Nelson D’Ávila.

Fonte: SES

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