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Daniela Dias: “Não gosto me definir, porque a gente pode tudo e mais um pouco”
19 de março de 2017 - 10:19, por Marcos Peris
Portal Lagarto Notícias
A Entrevista da Semana é com a mãe, filha e gerente administrativa da empresa Transporte Lagartense, Daniela Dias, de 31 anos. Durante o breve encontro que teve o Lagarto Notícias, ela mostrou-se uma mulher de muita garra e que não teme os desafios impostos pela vida e nem os machismos diários.
Ainda durante a entrevista, Daniela falou um pouco da sua história, da experiência em gerir uma empresa genuinamente lagartense com cerca de 40 anos de história e da importância da mulher para a sociedade. Além disso, ela relatou o descaso com que o poder público municipal vem tratando a empresa responsável por operar o Sistema de Transporte Coletivo Urbano em Lagarto.
Confira mais uma edição especial dedicada a elas da Entrevista da Semana na íntegra:
PLN: Quem é Daniela Dias?
Daniela: Eu não gosto me definir, porque acredito que dentro da personalidade que adquirir nesses 32 anos, percebi que a gente pode tudo e mais um pouco. Então se hoje eu consigo trabalhar, amanhã eu quero fazer melhor do que fiz hoje. Por isso, não dou uma definição exata de quem seja Daniela Dias.
PLN: Você é formada em Direito, mas gerencia a empresa Transporte Lagartense. Como foi que você foi alçada a esse cargo?
Daniela: Eu sou formada em direito e não descarto a possiblidade de pleitear um concurso público na área, mas descarto advogar, pois nunca foi minha pretensão. Mas fui alçada a esse cargo na empresa porque meu pai precisava de alguém com mais conhecimento e compromisso para ajudá-lo. Tinha meus irmãos, mas eles não conseguiam conciliar seus afazeres com os da empresa. Então, o meu pai viu que poderia contar comigo. Acredito que ele viu o meu interesse de fazer a Translagartense crescer.
PLN: Como é a gerente Daniela Dias?
Daniela: Eu sou aquele tipo de pessoa que gosta de fazer acontecer e não de ficar esperando. Se eu quero algo para nestante, eu corro para resolvê-lo de imediato.
PLN: Mas a sua chegada foi um tanto quanto conturbada.
Daniela: Sim, pois nesse período de vinda para a Translagartense eu havia engravidado, casado e estava concluindo o curso de Direito. Mas não foi ruim não, pois estava finalizando o curso tranquilamente – porque já tinha apresentado a monografia -, trabalhava na Secretaria de Estado do Esporte e lá eu conseguia trabalhar meio período. Então eu consegui conciliar com a empresa. Eu gosto de ter trabalho e não me acomodo em uma função. Por isso que não me limito, porque eu penso grande e quero ver essa empresa cada vez maior.
PLN: Como é dirigir uma empresa que nasceu em 1981?
Daniela: Não é nada difícil, porque desde que me entendo por gente que nós temos uma noção do que é trabalhar com pessoas, devido ao convívio diário que temos com elas. Então não é difícil, porque quando você consegue entender e ser entendido, você consegue trabalhar. Sei que é muita responsabilidade, mas não é um bicho de sete cabeças, porque a minha base vem do meu pai que tem muita prática.
PLN: A Translagartense venceu a primeira concessão do transporte escolar e recentemente venceu a licitação do Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Lagarto. Qual a avaliação que você faz do sistema até o momento? Valeu a pena?
Daniela: É prematuro dizer se valeu a pena, pois estamos operando o sistema há seis meses. Então, ainda estamos no período de adaptação. Entretanto, acredito que para valer mais a pena deveria haver mais incentivo por parte da Prefeitura Municipal de Lagarto, que foi quem ofereceu, porque essa foi uma concessão onerosa, foi um investimento apresentado para a gente como algo bonito, mas isso ficou apenas no papel, porque os lagartenses ainda não têm o hábito de andar de ônibus, diferentemente de Aracaju. Hoje em Lagarto, todo mundo sai com o carro, o centro fica congestionado e tudo fica ruim, até para o pedestre.
PLN: Além da falta de incentivo, existe algum problema ligado ao sistema de transporte urbano?
Daniela: Despois da implantação do sistema, passaram a existir linhas clandestinas, porque esse foi um serviço comprado pela Translagartense e se você coloca um carro ou uma moto, você está irregular. Enquanto isso, o município vai negligenciando a fiscalização, pois o papel da Semop é fiscalizar, o que não está acontecendo. E isso está nos prejudicando porque outras pessoas vão entrando nas linhas clandestinamente.
PLN: Como assim outras pessoas?
Daniela: Veículos particulares. Por exemplo: na segunda-feira tem linhas clandestinas para o bairro Jardim Campo Novo, até com passagem mais barata do que a nossa. No conjunto João Martins tem veículo particular fazendo essas viagens, um dia um cobrador nosso contou cinco viagens dele. Cinco viagens são 20 passageiros. O nosso investimento foi alto, mas estamos sendo lesados.
PLN: Como a situação da Translagartense poderia ser melhorada?
Daniela: Acho que o gestor municipal poderia incentivar o transporte criando meios para levar o idoso a usufruir dos coletivos, oferecer a meia passagem escolar, isso nos ajudaria muito. Além disso, os comerciantes poderiam oferecer o vale transporte para os seus funcionários, coisa que já estamos disponibilizando.
PLN: Há algum tempo a senhora se queixava da falta de pontos de parada físicos.
Daniela: Sim, porque quando a gente participou da licitação houve a proposta de que seriam criando pontos físicos, para que o passageiro não esperasse o ônibus debaixo do sol. Mas hoje as pessoas vêm a plaquinha, mas não esperam porque não é confortável, sem falar do tempo que o ônibus leva para fazer o trajeto, então você não vai esperar por ele. Essa falta também está nos prejudicando muito.
PLN: Vocês já procuraram o poder público? Qual resposta obtiveram?
Daniela: Eles só colocaram as plaquinhas, mas quanto a este quesito não obtivemos resposta. Em novembro e dezembro de 2016, procuramos muitas vezes e neste ano já procuramos o poder público sobre todos esses problemas, não somente a falta do ponto físico. Enquanto não resolvem esses problemas, a gente vai gastando mais do que lucrando.
PLN: Para encerrar esse assunto, como são os veículos clandestinos?
Daniela: Às vezes é um carro particular, um ônibus… eles não possuem identificação. Além disso, eles viajam em todos os dias da semana, não somente na segunda-feira.
PLN: Mudando de assunto. Março é o mês das mulheres e para você, qual a importância da mulher para a sociedade?
Daniela: Acho que a participação da mulher na sociedade não é somente importante, ela é fundamental porque nós mulheres temos a mesma ou mais capacidade que os homens. Muitas vezes somos subestimadas por sermos o sexo frágil, mas nós somos exigentes, aguentamos mais, pensamos mais e temos mais tempo para criar e analisar. Somos mais analíticas.
PLN: Como mulher, você se sente representada politicamente?
Daniela: Não, porque a sociedade limita a sua visão olhando para a mulher como se ela fosse incapaz e eu me sinto capaz. Acredito que a mulher na política deveria ter mais pulso e participar bem mais. Mas apesar de termos grandes mulheres nos representando, ainda acho que a política precisa de mais mulheres. Eu mesma não descartaria pleitear um cargo público, mas tem de ser algo consensual na família.
PLN: Qual mensagem você deixaria para as mulheres?
Daniela: Diria para que elas não desistam, mas que lutem para conquistar os seus objetivos e que elas não se deixem intimidar pelos machismos cotidianos.