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HRL alerta para maior risco de acidentes no trânsito durante o Carnaval
23 de fevereiro de 2017 - 04:47, por Marcos Peris
Por Tito Lívio de Santana
Apesar das frequentes campanhas educativas e de conscientização de usuários, alertando que álcool e direção não combinam, muita gente ainda insiste em promover essa associação perigosa, o que geralmente resulta em acidentes de trânsito. Além disso, o excesso de velocidade e a falta ou o uso inadequado de equipamentos de proteção individual, principalmente capacetes e cintos de segurança, contribuem ainda mais para aumentar a gravidade das vítimas envolvidas em casos de violência no trânsito.
E em relação aos acidentes motociclísticos, o resultado é ainda mais devastador, pois geralmente deixam vítimas fatais ou causam sequelas para sempre. E no Carnaval, a ingestão de bebidas alcóolicas costuma ser ainda mais explosiva. Dirigir alcoolizado está entre os cinco principais fatores de risco para a mortalidade no trânsito.
Segundo o cirurgião Fernando Carbonera, Diretor Técnico do Hospital Regional Monsenhor João Batista de Carvalho Daltro (HRL), em Lagarto, na região Centro-Sul de Sergipe, além de ser totalmente contraindicado para quem vai dirigir, o consumo de álcool em excesso compromete a assistência aos pacientes nas urgências e emergências hospitalares. “O álcool dificulta, por exemplo, o diagnóstico terapêutico da lesão craniana, tendo em vista que essa substância provoca uma excitação que pode ser confundida com quadro de desorientação. Além disso, causa desidratação, retarda o tratamento da lesão e compromete a função medicamentosa”, adverte.
Uso de capacete
De acordo com o superintendente do HRL, Oldegar Alves Júnior, além da associação álcool e direção, outro fator contribui para agravar ainda mais os acidentes motociclísticos: é que grande parte dos usuários de motos e motonetas não costuma usar os equipamentos de proteção individual, principalmente o capacete. “Por isso, tanto no Carnaval quanto em outros períodos do ano tem sido cada vez mais crescente o número de vítimas de acidentes envolvendo esse tipo de veículo”, ressalta.
Foi o que aconteceu com o paciente J.F.S, de 20 anos, que trabalha no ramo de confecções em Tobias Barreto e, no espaço de um ano e três meses, já sofreu dois acidentes motociclísticos. “Nas duas vezes fraturei o fêmur. O último acidente aconteceu quinta-feira passada (16), quando saía do trabalho e retornava para casa e fui atingido por outra moto”, contou o rapaz.
“Tanto no primeiro acidente como neste último não estava usando capacete”, admitiu J.F.S., que nesta terça-feira (21) se submeteu a uma nova cirurgia ortopédica no HRL. Embora não estivesse usando capacete no momento da colisão, o paciente não teve nenhum tipo de traumatismo craniano, sofrendo, além da fratura no fêmur esquerdo, apenas escoriações pelo corpo. “Quando se envolveu no primeiro acidente, meu filho passou 14 dias internados entre o Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), em Aracaju, e o Hospital Regional de Estância (HRE)”, acrescentou a mãe do rapaz, a dona de casa Mariângela Santos de Jesus.
Somente no Carnaval de 2016, que ocorreu entre a sexta-feira (5) e a terça-feira (9), o Hospital Regional de Lagarto atendeu 60 vítimas de violência no trânsito. Deste total, em torno de 89%, ou seja, 53 pacientes, foram vitimados por acidentes envolvendo motocicletas e motonetas. No período carnavalesco do ano passado, o HRL ainda assistiu três vítimas de acidentes automobilísticos e mais quatro por atropelamentos.
Epidemia
De acordo com o Mapa da Violência 2013, estudos divulgados em 2010 e 2013 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sinalizam para uma séria epidemia letal no trânsito das vias públicas do planeta. Só no ano de 2010, aconteceram 1,24 milhão de mortes por acidente de trânsito em 182 países do mundo. Os acidentes de trânsito representam a 1ª causa de mortes na faixa de 15-29 anos de idade.
De acordo ainda com o Mapa da Violência, no Brasil, em 2011, 66,6% – dois terços – das vítimas no trânsito foram pedestres, ciclistas e/ou motociclistas, mas as tendências nacionais da última década estão apontando uma evolução marcadamente diferencial à do resto do mundo, com quedas significativas na mortalidade de pedestres, mas pesados aumentos na letalidade de motociclistas.
O número de mortos e feridos em acidentes com motos mais que triplicou no país entre 2002 e 2013, de acordo com dados do estudo “Retrato da Segurança Viária no Brasil’, do Observatório Nacional de Segurança Viária.
Das 43.075 mortes no trânsito ocorridas no Brasil em 2013, 12.040 foram motociclistas ou passageiros de motos –mais de três vezes os mortos em 2002, quando 3.773 perderam a vida. Já o número de feridos em acidentes com moto quadruplicou no período: de 21.692 para 88.682. Para feridos, considerou-se aqueles que necessitaram de mais de 24 horas de internação.
Muitos acidentes provocam lesões que deixam um número cada vez crescente de pessoas com sequelas graves e incapacitadas. E quanto maior a gravidade do acidente e das lesões, o tratamento exigirá mais recursos financeiros, humanos e tecnológicos do Estado.
E no caso dos politraumatizados, esses pacientes geralmente precisam de atendimento multidisciplinar, ou seja, de uma equipe formada por neurocirurgião, ortopedista, cirurgião e bucomaxilofacial, dentre outros profissionais. Além disso, o crescente aumento no número de acidentes, em especial os motociclísticos, também tem reflexos direto no tempo de internação e de espera por cirurgias ortopédicas eletivas, bem como no de pacientes com sequelas, como deformidades e consolidação viciosa.